Os presidentes François Hollande e Barack Obama, que conversaram por telefone durante 45 minutos nesta sexta-feira, “compartilham a mesma certeza sobre a natureza química do ataque (de 21 de agosto na periferia de Damasco) e da responsabilidade inegável do regime” sírio, declarou à AFP uma fonte ligada ao chefe de Estado francês.
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Os dois chefes de Estado concordaram que a comunidade internacional não pode tolerar o uso de armas químicas, que deve ter o regime sírio como responsável e enviar uma mensagem forte para denunciar essa prática”, declarou a Presidência francesa em um comunicado, algumas horas depois de uma conversa por telefone entre os dois governantes.
– Francois Hollande reiterou a determinação da França em reagir e não deixar que esses crimes fiquem impunes, e sentiu a mesma determinação por parte de Obama – acrescentou a mesma fonte.
Durante a conversa, inciada às 18h15 (13h15 de Brasília), os dois líderes “discutiram o ataque químico e as evidências” que possuem, acrescentou a fonte.
– Eles concordaram manter consultas estreitas – indicou.
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Os dois presidentes já haviam conversado ao telefone em 25 de agosto sobre possíveis “respostas” ao ataque químico nos arredores de Damasco, que teria provocado 1.429 mortes, incluindo as de 426 crianças, segundo a inteligência dos Estados Unidos.
A recusa britânica em participar de possíveis ataques aéreos contra o regime sírio deixou a iniciativa a cargo de Estados Unidos e França. Os franceses se opuseram à guerra no Iraque levada adiante pelo ex-presidente americano George Bush em 2003.
Nesta sexta-feira, Hollande reafirmou o apoio militar da França aos Estados Unidos para uma resposta “proporcional e forte” ao ataque químico atribuído ao regime sírio.
Obama critica “incapacidade” do Conselho de Segurança de agir
O presidente americano, Barack Obama, criticou nesta sexta-feira a “incapacidade” do Conselho de Segurança da ONU de agir na questão síria e advertiu que o mundo não deve ficar “paralisado” diante de um ataque com armas químicas.
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– O que nós vimos, até agora pelo menos, é uma incapacidade do Conselho de Segurança de avançar frente a uma clara violação das normas internacionais – declarou Obama, depois de se reunir com líderes bálticos na Casa Branca.
Um relatório da inteligência americana estima em 1.429 o número de mortos no ataque de 21 de agosto, no subúrbio de Damasco, e que teria sido cometido pelo regime sírio.
Principais pontos do relatório de inteligência dos EUA sobre ataque sírio
A Casa Branca divulgou nesta sexta-feira o relatório elaborado pela Inteligência americana, que conclui que há “um alto nível de certeza” de que o regime sírio de Bashar al-Assad usou armas químicas em um ataque cometido em 21 de agosto no subúrbio de Damasco.
Seguem abaixo os principais pontos do informe, de quatro páginas:
BALANÇO: O balanço preliminar americano estima em 1.429 o número de mortos no ataque, incluindo 426 crianças. Os dados devem aumentar, “sem dúvida”, à medida que o governo obtiver mais informações.
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TRÊS DIAS ANTES DO ATAQUE: Os serviços de inteligência dizem ter informações de que “as equipes sírias responsáveis por armas químicas, incluindo os membros que devem estar associados ao Centro de Pesquisa e Estudos Científicos Sírios, estão preparando munições químicas antes do ataque”.
De 18 a 21 de agosto, uma equipe síria encarregada de armas químicas esteve no subúrbio de Adra, “perto de uma zona utilizada pelo regime para misturar armas químicas, o que incluiria gás sarin”.
Os americanos acumulam provas dos três dias antes do ataque, fornecidas por pessoas, interceptações eletrônicas e imagens por satélite. Essas imagens mostrariam os preparativos, segundo o relatório dos Estados Unidos.
Em 21 de agosto, “um membro do regime sírio se preparava para um ataque com armas químicas na região de Damasco, principalmente, porque usava máscaras de gás”.
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NO DIA DO ATAQUE: Imagens de satélite mostram que o regime lançou foguetes e fez disparos de artilharia nas primeiras horas de 21 de agosto, em vários bairros da periferia de Damasco controlados pelos rebeldes. Os disparos procedem de zonas controladas pelo regime. Cerca de 90 minutos depois do ataque, às 2h30 (hora local), e nas quatro horas seguintes, as redes sociais são inundadas com mensagens que descrevem o massacre.
Os serviços de inteligência americanos identificam 100 vídeos, filmados em 12 lugares diferentes: “a maioria mostra um grande número de corpos com marcas físicas – embora não seja necessariamente a causa – da exposição a um agente neurotóxico”. O relatório destaca que a oposição síria não tem capacidade para falsificar esses vídeos.
COMUNICAÇÕES INTERCEPTADAS: Os serviços de inteligência garantem ter interceptado comunicações entre um alto funcionário, “totalmente informado sobre a ofensiva”, e que confirma o uso de armas químicas por parte do regime. Essa autoridades diz estar preocupada com a possibilidade de obtenção de provas pelos inspetores da ONU, que desembarcaram no país em 18 de agosto.
Na tarde do ataque, “temos informações de que o pessoal encarregado de armas químicas recebeu a ordem de cessar as operações”.
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RESPONSABILIDADE: Funcionários americanos avaliam, com “alto nível de certeza”, que o governo sírio cometeu o ataque com armas químicas contra membros da oposição nos subúrbios de Damasco.
Minimizam a possibilidade de a oposição ter efetuado o ataque, alegando que os rebeldes não têm a capacidade de lançar bombardeios tão amplos, ou fabricar os vídeos do ataque, ou dos sintomas físicos confirmados pelos médicos.
O informe indica que Assad é “a pessoa que, em última instância, toma as decisões” sobre o programa de armas químicas na Síria.