O Diário Catarinense entrevistou cinco candidatos à prefeitura de Florianópolis. Confira abaixo a entrevista com o candidato Gean Loureiro (PMDB):
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O senhor foi candidato há quatro anos também e vemos que os temas se repetem muito, a começar pela mobilidade urbana. O que o senhor pretende fazer nessa área?
Bom, se os temas se mantém há quatros anos é sinal que evoluíram pouco. O primeiro compromisso meu é fazer diferente do formato que vem sendo feito até agora. Temos hoje o estudo do Plamus, que dá uma previsão de quais investimentos podem ter resultados efetivos. O transporte coletivo tem que ser atraente para o usuário. O número de usuários nos últimos anos se manteve, levando em consideração que a população aumentou consideravelmente. Então há uma perda de usuários do sistema, que gera desequilíbrio econômico-financeiro e daí um aumento significativo do subsídio que é pago pela prefeitura às empresas. Tem que ter três características bem definidas para o transporte ter sucesso: preço justo, que a população consiga pagar e se justifique não ir de carro, em segundo lugar conforto e segurança e em terceiro obviamente o tempo de deslocamento mais atraente que o do veículo. Hoje o tempo é maior, o conforto menor e o preço do combustível muitas vezes é menor que a tarifa. Então tem um rol de situações que prejudica o transporte coletivo.
Há quase um consenso que a saída é investir em transporte coletivo. O senhor participou das gestões do ex-prefeito Dário Berger (PMDB). Faltou essa percepção naquela época também?
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Naquela época nós realizamos os ajustes de um transporte desintegrado que foi deixado como herança na prefeitura. Nós tínhamos seis tarifas, uma população do sul, norte e leste da Ilha pagando um valor que não suportava, tanto que deu a revolta na cidade. As pessoas já não empregavam quem morava distante e a primeira metodologia foi diminuir o número de terminais usados. Com isso começou a se ter alguns ajustes em um modelo implementado que tentou se implantar tudo da mesma forma e virou um desastre naquele momento. Se nós tivéssemos as tarifas de quando o Dário assumiu sem adotar a tarifa única, só pela correção do INPC, a população do sul, norte e leste da Ilha pagaria mais de R$ 5 a tarifa hoje. Então não é questão de não fazer, é questão que tivemos que arrumar a casa com ela funcionando. Você reformou a casa morando dentro dela. O erro foi na implementação do sistema integrado, que poderia ter sido feita gradativamente, corrigindo falhas, ajustando. Mas não, se achou que era o dono da razão, não se conversou e foi tudo de uma única vez. Agora continuamos com esse problema.
O senhor vai herdar um contrato de concessão no total de 20 anos, feito na atual gestão. O senhor pretende fazer alguma modificação nessa concessão que deu o sistema para o Consórcio Fênix?
O primeiro papel é exigir cumprimento pleno do contrato. Se houver qualquer cláusula não cumprida, vamos denunciar o contrato no primeiro momento. E obviamente que tendo responsabilidade da prestação do serviço, podemos reavaliar a qualquer momento esse contrato exigindo novas situações que beneficiem o usuário, que é nosso objetivo principal. Não tenho compromisso com concessionária, tenho compromisso com a cidade. Então acredito que a questão do transporte coletivo tem que ter migração gradativa num sistema mais rápido e que viabilize o próprio sistema do transporte, que hoje está inviável. Tanto que está inviabilizando o caixa da prefeitura com os altos valores pagos pra subsidiar o sistema. E obviamente deixamos muito claro na nossa proposta os corredores exclusivos, que têm que ser implementados.
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O senhor vai abraçar o Plamus?
Acho que não tem como fugir disso, quem fugir terá uma irresponsabilidade com a cidade. Ou então se faça uma nova pesquisa que se comprove que tecnicamente aquela está errada. Eu tenho que ser um prefeito que acredita em dados técnicos que são levantados, que venham a somar.
O Plamus fala em cerca de 100 quilômetros de via exclusiva pra ônibus e custo aproximado de R$ 3 bilhões. Dá pra fazer?
Acho que gradativamente é possível. Agora, como se viabilizar isso tem que se ter criatividade. Muitas vezes vai ter que ter investimento privado, que possa se concretizar, vamos ter que ter contrapartidas pra sociedade, que possam gerar recursos pra viabilizar esse sistema e acho que precisamos começar a ter os eixos concluídos. Se começar a ter eixo do Centro até na UFSC, começa a dar credibilidade. Porque o problema é que se fala “vou implantar o BRT”, mas nunca começou o BRT. Então não vou conseguir concluir todo o sistema do BRT no governo, em sendo eleito, mas eu vou implementar o maior percentual possível para que isso possa ser concretizado.
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O seu vice foi responsável por uma tentativa de implementação de vias de ônibus Aquela experiência pode ser aproveitada?
Ali na verdade foram faixas preferenciais. O sistema funciona quando tem faixas exclusivas. Na época a tentativa foi minimizar e priorizar o transporte coletivo, mas não tinha uma cultura suficiente de fazer apenas uma faixa em cima da ponte. Foram ferramentas que tinham à época. Agora temos que ter ferramentas com praticidade e eficácia maiores. E essa ferramenta as experiências mostram que tem que ser com o corredor exclusivo.
O senhor no segundo turno da eleição passada chegou a aderir à proposta de tarifa zero para estudantes. Mantém essa posição ou era naquele contexto?
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Ali já tínhamos essa proposta no primeiro turno. Quando você faz uma proposta, tem que saber quanto vai custar, da onde virá o recurso e como vai aplicar. Estamos fazendo um levantamento, porque na época o recurso era oriundo de valores cobrados do fundo de multas de trânsito num cálculo estimado. Hoje o transporte obviamente modificou sua realidade. E qualquer promessa com o caixa atual da prefeitura que possa ser feita sem responsabilidade, pode virar mais uma promessa de campanha. E eu quero ter compromissos que possam ser realizados. Nós temos um entendimento que se a gente facilitar o deslocamento do estudante, isso vem beneficiar uma série de situações, estimula a permanência na escola, ajuda no desenvolvimento do conhecimento. Mas só é possível se tiver viabilidade econômica plena. Vou ter que ter conhecimento real da máquina para ter esse compromisso.
Uma das questões também herdada da eleição passada é o Plano Diretor. Inclusive o prefeito atual se comprometeu a aprovar no primeiro ano, aprovou mas a Justiça mandou desaprovar e ainda está nesse encaminhamento. O senhor acredita que vai herdar um Plano Diretor aprovado ou vai ter que concluir esse processo?
Vou ter que concluir, né. O plano não foi nem encaminhado pra Câmara de Vereadores e os prazos regimentais da Câmara impedem a aprovação esse ano. Quando você encaminha pra lá tem publicações em Diário Oficial, depois tramitação, passa pela procuradoria da Casa, comissões, é obrigada a realização de audiência pública que tem prazo de publicação de edital. Se não tivesse nenhuma emenda ou pedido de vista, aí teria a primeira votação, sendo que a segunda ocorreria no mínimo 30 dias depois. Não é questão nem de desejo de aprovar, é que não tem como aprovar esse ano cumprindo a lei. Agora, nós vamos respeitar as discussões já realizadas, queremos a conclusão disso, mas tem que ter participação efetiva do prefeito. Porque o prefeito é isso, ele tem influência sobre a Câmara, tem uma base e se ela está desarticulada o que falta é mostrar que a cidade tem um projeto. Eu fui vereador por cinco mandatos, ou quatro e meio, com o período de secretário, então sei como conduzir um processo dando oportunidade de aperfeiçoamento do projeto, mas permitindo que num prazo razoável isso seja deliberado. Mas esse diálogo tem que ser realizado pelo comandante maior da cidade que é o prefeito.
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O senhor tem uma meta de aprovação do Plano Diretor, como o Cesar Souza Junior?
Eu acho que esse Plano Diretor tem um bom encaminhamento pra ser aprovado no primeiro semestre do ano que vem.
Pelo que o senhor conhece, concorda com o plano? É razoável para Florianópolis?
Acho que ele já teve a discussão necessária. A partir de agora é ter a deliberação e pra isso imagino que os vereadores tenham que participar do debate e ter uma decisão. O problema é que não podemos só discutir, discutir, discutir e não ter a deliberação. Uma hora a sociedade quer a deliberação. Acho que meu papel é fazer isso, e não só no Plano Diretor mas em todas as ações da prefeitura.
Indo mais para a seara política, o senhor tem 43 anos e foi eleito pela primeira vez com 19. Foi cinco vezes vereador e ficou pouco tempo sem mandato, assumiu Fatma, secretaria municipal. O senhor se considera um político profissional?
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Às vezes, em determinados momentos, eles dizem “ah o Gean é político, não é técnico”. Quando falaram isso felizmente eu tive a defesa do presidente da OAB, como advogado de formação, o presidente do Conselho Regional de Administração também me defendeu nesse processo, o departamento de engenharia de produção da UFSC, onde fiz meu mestrado, também me defendeu, então eu busquei na minha vida pública ter primeiro a condução do conhecimento técnico, que vem da academia, e aplicar isso na minha experiência da vida política e administrativa. Eu não sou político que só faz campanha, eu tenho experiência em várias secretarias e órgãos que passei, fiz gestão de uma casa legislativa, e acho que isso não impediu de eu também ter mandatos legislativos muito atuantes. Acho que fui um legislador com desempenho razoável, mas confesso que me realizo mesmo estando no Executivo.
Não teme que o desgaste da classe política atrapalhe o senhor por ser considerado político?
Não sei qual a diferença que tem de uma pessoa que nunca participou da política e tem conhecimento técnico de alguém que participou da política e também tem. Ou será que eu ter duas universidades, um mestrado, uma especialização não vale nada nesse processo? É a mesma coisa que dizer pra ti que tu não é técnico, é só jornalista, trabalhou no jornal. Eu fiquei lá na universidade como doutor a vida inteira, sei mais que tu? Na hora que vai pro dia a dia da praticidade, muitas vezes é o político que tem a sensibilidade da população. E aí se aliar político ao conhecimento técnico, são os grandes resultados positivos que deram de gestão.
Seu plano de governo fala de ajuste da máquina pública, inclusive redução de tamanho da prefeitura. Ao mesmo tempo sua coligação tem 15 partidos. Vai caber todo mundo?
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Vai caber aqueles que forem necessários pra gestão com eficácia. Não tenho compromisso de secretaria com nenhum partido político. Aquelas pessoas que vão atuar, em eu sendo eleito, serão pessoas com qualificação e condições de executar, que podem até estar filiadas a partidos, mas nosso compromisso é com resultados. Os compromissos com os partidos é de uma proposta construída, que muitos participaram desde o início da formação dessa proposta do que desejamos para a cidade. Muitos vieram comigo porque sabiam que o modelo é diferente da atual gestão. Temos esse compromisso de ser diferente. Agora falam dos 15 partidos. Quero deixar muito claro que meus concorrentes tentaram ter todos os outros 14 partidos, só que não conseguiram. O segundo ponto é que é bem claro que pra ser prefeito de Florianópolis não se vive só com uma ideologia. Se é prefeito da cidade inteira, que tem pensamentos diferentes. Se eu não sei administrar isso numa coligação, não estou pronto pra ser prefeito. Eu me relaciono com todas as linhas ideológicas e a gente constrói a cidade verdadeira e executa com as diferenças que temos. Acho que minha habilidade em conviver com essas diferenças vai me permitir ter uma gestão muito mais tranquila.
Como vai ser esse enxugamento da máquina pública que o senhor citou?
Temos que ter uma responsabilidade de como ampliar, sem aumentar alíquotas, a capacidade de arrecadação da prefeitura. É possível fazer isso de várias formas. A responsabilidade fiscal vai ser um tema marcante. Aí cabe, no meu ponto de vista, reduzir próximo a metade as cerca de 25 secretarias que a prefeitura tem hoje, entre fundações e primeiro escalão. Para que o prefeito tenha condição de relacionamento e deliberação maiores.
O senhor consegue mapear secretarias que seriam extintas?
Consigo de maneira muito clara. A Secretaria de Segurança Pública a própria legislação federal determina que as competências definidas pra ela teriam que ser da Guarda Municipal. A Fundação Franklin Cascaes sempre funcionou, foi criada uma Secretaria de Cultura que até hoje não mostrou a que veio, apenas criação de cargos e a ocupação deles, sem resultados. Mais do que isso, atividades que podem trabalhar em conjunto e que vão ter eficácia, porque separadas elas formam ilhas de funcionamento que não conversam entre si. Então hoje não tem um setor de recebimento de novos empreendimentos e negócios em Florianópolis que gerem empregos, porque o empreendedor não tem segurança, precisa lidar com cinco, seis secretários. Nesse sentido consegue sim reduzir secretarias, diminuir cargos comissionados. Vamos ter o compromisso de que cada pessoa que fizer parte do governo vai ter um contrato de gestão, vai ter responsabilidade. Cada secretário vai ter metas que vamos discutir e definir. Os objetivos serão quantificados em metas que vou cobrar semanalmente. Um choque de gestão na saúde, porque ela passa por sérias dificuldades, não há uma discussão junto ao Ministério da Saúde do funcionamento de estruturas que hoje recebem muito pouco recurso do ministério e funcionam como ele exige.
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O IPTU foi o grande momento de virada na popularidade do atual prefeito. Ao mesmo tempo essa receita extra, sem ela, a situação da prefeitura estaria ainda pior. O que o senhor teria feito de diferente? Não teria feito o reajuste da planta genérica?
No nosso governo não vamos realizar. Não vamos ter nenhum reajuste de alíquota em nenhum tributo, isso é um compromisso que temos de maneira muito clara. O problema foi primeiro a forma como foi feita, sem discutir com a sociedade, patrolando na Câmara. A chance de errar quando não se discute com a sociedade é muito maior do que quando se discute. Se tivesses a discussão plena com sociedade e se percebesse que ali era necessária a atualização do valor venal dos imóveis pra se tributar, poderia até eventualmente ter apoio da sociedade. Mas não podia ser feito da maneira que foi, sem ser gradativamente, sendo imposto goela abaixo. E aí houve reação de toda a sociedade, tanto que o desejo da prefeitura não se concretizou, porque a Justiça não permitiu. Se permitisse, seria o caos, Muitas famílias de Florianópolis têm propriedades, mas não têm recurso. São famílias tradicionais do interior da Ilha que têm seus terrenos e estão vendendo pra poder pagar o IPTU de outros em função do valor. Não teve diálogo e o diálogo vai ser característica fundamental no nosso governo.
Outro ponto forte da campanha é a Comcap. Há quem defenda sua privatização, a reestruturação dela é um ponto quase pacíficio. Qual seu projeto para recuperar a Comcap?
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Primeiro, não temos que discutir a privatização da Comcap. Ela tem na verdade que ampliar suas atividades, iniciando por uma automatização e uma modernização na estrutura. Hoje tem determinados locais que é impossível o funcionário da companhia trabalhar, o que causa até um problema de recolhimento de lixo em muitas regiões de Florianópolis. Para isso, hoje a fonte de ???. O lixo, não apenas o resíduo sólido urbano que é recolhido, mas o resíduo de saúde, resíduo industrial e uma série de outras atividades que a prefeitura não vem realizando, pode ser fonte de receita para viabilizar a própria empresa. Então, nós vamos buscar alternativas de viabilizar a empresa, de garantir o emprego dos funcionários que estão lá e permitir também o melhor resultado. Não existe discussão de privatização do sistema da Comcap. É a nossa proposta, de maneira muito clara, é ter uma melhor gestão da Comcap, ampliando o seu serviço. A Comcap já teve uma atividade muito mais ampla do que tem hoje. Ela já teve atividades em setores de engenharia, que trabalhavam e auxiliaram. Como tem muita necessidade na prefeitura para ser realizada, então a gente tem uma decisão tomada de viabilizar a todo custo. A Comcap não é uma secretaria, é uma sociedade de economia mista que tem que buscar outras fontes de receita também, mas até hoje a gestão dela dependeu apenas do recurso que vem da secretaria da Fazenda do município.
Alguma ideia de onde mais a Comcap pode atuar? Alguma tentativa da UFSC, mas que acabou morrendo na casca também…
Já se tem estudos muito claros, como eu falei, além dos resíduos sólidos urbanos, nós temos outras características de resíduos que, muito do valor do lixo, são ativos muito mais potentes que o resíduo sólido urbano, que a Comcap poderia estar atuando, muitas vezes, ecologicamente, muito mais corretos, até como fonte de financiamento. Agora, tem questões jurídicas, que a dívida da Comcap pode ser rediscutida e recalculada, isso são iniciativas que não envolve privatização. Tem estudos feitos que, por exemplo, se ela for transformada em uma sociedade de economia mista para uma autarquia municipal, que na verdade tem as mesmas características, pode se rediscutir juridicamente uma série de dívidas. Tem que buscar uma alternativa, ela tem que ter criatividade. Ficar todo mês só esperando repasse e não ter um novo modelo. Daí sim, quem não faz nada está estimulando a privatização como única solução. Nós vamos ter que ver atividades para não deixar isso acontecer.
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Outra coisa que a cidade tem discutido muito, e o verão deixou isso muito claro, é a relação do município com a Casan. No verão, especialmente em Canasvieiras, a Casan tem deixado a desejar como prestadora de serviços ao município. Há quem defende rompimento, municipalização, à exemplo do que fizeram municípios como Joinville. Qual a sua posição com relação ao processo com a Casan? O senhor defende o contrato? Defende a saída dela do município?
Primeiro defendo que o contrato seja executado na sua plenitude e que o poder público cobre com muito vigor a execução desse contrato. Temos um plano municipal de saneamento municipal que tem metas definidas e pode ser realizado em Florianópolis. Essa execução dentro do contrato com a Casan vem de encontro com o que está previsto no plano municipal de saneamento. O que tem que ter é a mão forte da prefeitura cobrando essa execução. Nós temos experiências de municipalização, eventualmente deram certo, outras deram errado. Eu não posso arriscar a prefeitura na área de saneamento. A gente acredita que o contrato possa e deve ser mantido, desde que cumprido na sua plenitude. Essa cobrança é muito forte por parte do prefeito municipal.
Até por ter ido para o 2º turno, o senhor encarnou a oposição do governo Cesar, como um líder de oposição, inclusive atuando sem mandato, depois com mandato de deputado, sempre liderando uma oposição ao prefeito. O senhor se preparou para ser o anti-Cesar e não tem Cesar. Como o senhor avalia esse cenário?
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Primeiro eu não fui um líder de oposição. Eu deixei muito claro quando acabou a eleição que eu estava disposto a ajudar a minha cidade. Eu fui contra um modelo de governar que a atual administração fez. E, politicamente, a minha primeira posição pública foi quando aumentou o IPTU, quando eu fiz na condição de presidente do partido, defendendo a não aprovação do aumento do IPTU. Então, eu não estou aqui para trabalhar contra a cidade, estou a favor. Eu não sou o anti-Cesar, eu sou, como diz o nosso slogan, um novo olhar para a cidade. Eu sou aquele que deixou claro que a minha proposta de governo é diferente da atual gestão, eu não estou aqui para ser contra ninguém.
Dois pontos no seu plano de governo, o senhor falou que o Centro não comporta mais veículos competindo com pedestres, isso significa uma ideia de restrição de tráfego no Centro?
Nós temos exemplos positivos como a Vida Ramos, que a gente define um espaço melhor para a utilização dos veículos em velocidades menores, não se proíbe a passagem dos veículos, mas se permite um maior conforto para o pedestres. Esse novo modelo de urbanismo que são, na verdade, estruturas comerciais a céu aberto, permite uma convivência da sociedade, não proibindo totalmente a passagem do veículo, por que muitas vezes é o único meio de ligação entre vias, é um modelo de sucesso no mundo inteiro. E o modelo da Vidal Ramos pode ser implementado na Bocaiuva. Nós pretendemos fazer, onde ali se busca uma revitalização completa de vias que possam continuar passando carros, mas dando maior conforto e valorização do comércio local, novas características urbanísticas para aquela comunidade, deixando a cidade, obviamente, com um aspecto muito mais bonito, uma convivência maior, onde o próprio comerciante busca ter uma qualidade diferenciada na sua atividade. Então, é aquele jogo de onde tudo começa a ficar mais bonito, eu tenho que me arrumar um pouquinho melhor. Essa característica está marcada no nosso plano de governo e a gente pretende implementar numa quantidade muito maior em diversas vias públicas.
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O seu plano também fala em retomar os estudos para construir a sede própria da prefeitura. Num momento de economia ruim e baixa arrecadação, é o momento de pensar nisso?
Hoje o que você gasta em aluguel é muito maior do que algumas modalidades de construção onde a prefeitura paga em formato de financiamento que sai mais barato que o valor dos aluguéis. Então, hoje essa formatação jurídica onde nós recebemos uma construção própria, que é paga em aproximadamente em 20 anos, sendo que o custo de manutenção é muito menor, já que o imóvel é novo, e a diminuição dos valores dos alugueis. É uma economia para o município ter uma sede própria. É possível hoje.
O senhor imagina o local? O prefeito Dário sofreu muito com essa história do local…
Na verdade hoje nós temos situações distintas, inovações na legislação federal que permitem inclusive que áreas da União possam fazer parte de edificações que comportem espaços públicos de interesse da sociedade. Então, não temos um estudo definido da onde fazer, mas o que nós queremos é uma referência. Hoje se nós perguntarmos ao cidadão onde é a prefeitura ele não sabe, ele aponta vários lugares, mas nunca tem certeza. Ele não sabe porque está sempre trocando.
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A prefeitura atual está gesticulando pela administração daquela área de aterro. O que o senhor espera para aquela área? O que acha que deve ser feito?
Gean: Ali é um dos principais ativos da cidade e na verdade se tinha um projeto antigo que acabou sendo descaracterizado. A partir de agora tem que ter uma definição urbanística do que realizar. E, lógico, que a partir do momento em que a gente assumir, a gente vai pensar na definição desse projeto, que pode ser realizado através de um concurso público, definido com aquilo que a prefeitura deseja, com um traço mais moderno, para que tenha uma referencia urbanística e arquitetônica para a cidade de Florianópolis.
Florianópolis virou a cidade da maquete. Como fazer isso deixar de ser uma realidade?
Primeiramente, tendo vontade política e decisão tomada. A partir do momento que você tem disposição de acordar cedo, trabalhar bastante, vontade de decidir, você começa a executar e a vida das pessoas começa a mudar.
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Nuvem de palavras do candidato: