Vinte e sete de junho de 1998. Um dia que o ex-jogador César Sampaio jamais vai apagar da memória. Não é sempre que um volante – daqueles do tipo “leão de chácara”- faz dois gols em uma partida. Menos ainda em uma Copa do Mundo. Ele fez. E quis o destino que fosse justamente contra o Chile, mesmo adversário que a Seleção Brasileira vai encarar na mesma fase de oitavas de final deste Mundial.
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Os lances ainda estão frescos na lembrança. Fora do último jogo da primeira fase, ele retornava de suspensão com um peso extra em seus ombros. A derrota por 2 a 1 para a Noruega foi, em parte, atribuída à sua ausência em campo.
– Voltei com uma responsabilidade maior: a de fazer com que a Seleção voltasse a apresentar um bom futebol – recorda Sampaio.
O começo foi nervoso, com os chilenos dominando as ações. Mas só foram necessários 11 minutos para a bola encontrar a cabeça de César Sampaio como elemento surpresa na área, para o time de Zagallo retomar a calma. O que poucos sabem é que o gol foi fruto de uma jogada ensaiada à exaustão nos dias anteriores.
– Zagallo sempre me colocava atrás do Júnior Baiano. Normalmente, os adversários marcam os mais altos. Eu, que tinha 1,78m, ficava contra quem não era um exímio cabeceador. E se a bola passasse pelo Baiano, eu era o homem para achar a bola – conta.
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O pé direito de Sampaio foi o protagonista do lance seguinte, aos 27 minutos. Depois da bomba em cobrança de falta de Roberto Carlos, a bola sobrou à feição para o volante bater no contrapé do goleiro Tapia e fazer 2 a 0.
– Foi o único jogo em toda a minha carreira em que consegui fazer dois gols. Não há dúvida de que foi uma das partidas que mais marcaram a minha trajetória como jogador – comenta.
Ronaldo marcou os outros dois gols da partida que terminou em vitória por 4 a 1.
O Brasil vai voltar a enfrentar o Chile 16 anos e um dia depois da tarde em que César Sampaio foi herói. O mesmo Chile que foi a vítima brasileira nas oitavas de final da Copa de 2010, na África do Sul. Mas o retrospecto não engana o ex-volante, que faz o alerta: é justamente aí que mora o perigo.
– Isso servirá de motivação para a equipe chilena, que tem a oportunidade de fazer história pelo futebol de seu país – avisa.
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Que sirva de conselho para o time de Felipão abrir os olhos.
Entrevista
“Eles tinham a melhor dupla”
AN – Quais são as suas recordações daquele jogo em que o Brasil eliminou o Chile em 1998?
César Sampaio – É uma ótima lembrança. Foi o único jogo em toda a minha carreira em que consegui fazer dois gols. Não há dúvida de que foi uma das partidas que mais marcaram a minha trajetória como jogador. Como eu tinha ficado fora do jogo contra a Noruega, que acabamos perdendo, voltei com uma responsabilidade maior: a de fazer com que a Seleção voltasse a apresentar um bom futebol.
AN – Assim como nesta Copa, o Chile tinha um grande ataque em 1998. Como foi encarar aquele time?
César Sampaio – Eles tinham a que era considerada a melhor dupla ofensiva da Copa: Salas e Zamorano. Nós jogávamos com Aldair e Júnior Baiano e eu também era responsável por esta marcação. Começamos mal no jogo, mas, depois do gol, nosso time assentou.
AN – Existe algum César Sampaio nesta Seleção de 2014?
César Sampaio – O Luís Gustavo é um jogador destruidor, se bem que teve uma participação ofensiva importante contra Camarões. O Paulinho tem uma fluência ofensiva maior. Talvez o Fernandinho. Ele joga mais ou menos no setor de campo que eu atuava. A diferença é que meu forte sempre foi o cabeceio, e ele tem o chute forte.
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AN – Esse retrospecto de vitórias sobre o Chile conta de alguma forma?
César Sampaio – Acredito que o Sampaoli vai usar isso para motivar o Chile. Eles vão ter a oportunidade de fazer história pelo futebol de seu país.