O glamour das rendas e bordados feitos pela Hoepcke motivam brilho nos olhos de quem gosta de moda. É por isso que a fábrica, fundada pelo empreendedor alemão Carl Hoepcke em outubro de 1913, em Florianópolis, chegou aos 100 anos de atividades e, agora, se reinventa para as próximas décadas.
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Com máquinas de ponta importadas da Suíça, ela avança em soluções para confecções sofisticadas, tanto para as passarelas quanto a produtos de cama, mesa e banho. A companhia entrou no grupo das centenárias têxteis catarinenses composto pela Hering, Döhler, Karsten, Lepper, Buettner e Schlösser.
O avanço da cidade fez com a Hoepcke, décadas atrás, transferisse sua fábrica do Centro de Florianópolis para o Bairro Roçado, em São José, às margens da BR-101. Quem está à frente da empresa é a bisneta do fundador, Silvia Hoepcke da Silva, que imprime uma gestão em que mistura o estilo alemão focado em qualidade com a habilidade política herdada do pai, o ex-governador Aderbal Ramos da Silva.
A chegada ao centenário coincide com um momento de virada para a Hoepcke. Diante da ampla concorrência asiática e da necessidade das grandes marcas têxteis brasileiras de oferecer produtos com design e acabamentos cada vez mais aprimorados, a empresa reduziu a fabricação de rendas de algodão e está focando em serviços para grifes que inclui bordados sobre jeans, couro, malha, seda, algodão, felpudos, criação de drapeados, matelassês e a produção da renda guipure, este uma febre em vestidos de festa.
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Para dar essa guinada, a empresária conta com a colaboração dos dois filhos. Luciana assumiu a área de design de moda e contato com as grifes. Fábio toca a gestão financeira, comercial e os investimentos.
Silvia mantém sob sigilo o nome dos clientes atuais, em cuja lista está boa parte das grifes mais fortes do Estado, tanto de moda feminina e masculina quanto de cama, mesa e banho. Anos atrás, a Hoepcke participou da criação de tecidos glamourosos para coleções de estilistas como André Lima, Glória Coelho, Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer.
Apesar dos produtos diferenciados, a empresa sente o peso da concorrência externa. Conforme a empresária, nos últimos anos o faturamento tem se mantido inalterado, Nos tempos áureos, quando tinha produção no Centro e em São José, a Hoepcke chegou a empregar mais de 800 pessoas. Hoje, tem menos de 100 colaboradores.
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A mudança tecnológica começou há três anos com a compra de uma máquina gigante que é a única das Américas. Exigiu um investimento de 500 mil francos suíços só para o equipamento, sem contar frete e instalação. Pesa 15 toneladas, tem 538 agulhas e funciona só em sala com ar condicionado.
Agora, a Hoepcke seguirá comprando máquinas suíças que fazem quase o mesmo, mas que custam menos, cerca de 270 mil francos suíços. O plano, até 2020, é de uma máquina por ano, não só para a produção, mas também para acabamento e embalagem.
– Nós tivemos que mudar. Suspendemos a tecelagem e concentramos nos bordados Agora, com essa tecnologia, temos que dar muito mais atenção aos clientes – disse Silvia.
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Quando questionada sobre as razões que permitiram à Hoepcke a chegar aos 100 anos, a empresária afirma que a principal é muito trabalho. Cita também a equipe competente e experiente, mercados fiéis em todo o Brasil e o gosto pela moda.
Silvia e a irmã Anita são herdeiras do Grupo Hoepcke que teve rede de varejo no Estado, companhia de navegação, estaleiro e outras empresas além da fábrica de rendas. Atualmente, ela também é sócia da Rádio Guarujá, que completou 70 anos. Tanto a Hoepcke quanto a Guarujá receberam diversas homenagens este ano, incluindo sessões especiais da Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores de Florianópolis pelos aniversários. O centenário da indústria será comemorado até outubro do ano que vem.