Entre as 14 modalidades incluídas nos Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc), que encerraram em São Miguel do Oeste no último domingo, uma das mais importantes é a bocha paralímpica. O motivo é especial, já que os 44 participantes cadeirantes possuem elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências severas.
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Os atletas são classificados como CP1 (deficiência mais severa) ou CP2 e divididos em quatro classes. A BC1 inclui atletas com paralisia cerebral que podem competir com auxílio de ajudantes, a BC2 conta com atletas com paralisia cerebral que não podem receber assistência, na BC3 os atletas têm deficiências muito severas que usam algum instrumento auxiliar e ainda podem ser ajudados por outra pessoa, e a BC4, na qual os atletas com outras deficiências severas não recebem assistência.
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Mesmo com algumas limitações é nítida a felicidade dos participantes. O garoto joinvillense, Daniel Pereira, 15 anos, pertence a classe BC3 e participa do Parajasc com a ajuda da mãe, Ursula Heusy. Ele convive com uma lesão cerebral de nascença e conheceu a bocha paralímpica há dois anos, no Projeto Educacional Movimento Paralímpico Escolar, inserido dentro da Escola de Educação Básica Antônia Alpaídes, que ele frequenta.
Daniel é o atual bicampeão brasileiro das Paralimpíadas Escolares, já acumula 10 medalhas de ouro. A mãe acredita que o esporte mudou a vida do filho:
-Ele é meu filho único. Percebo que agora tem uma postura melhor na cadeira de rodas e teve avanços na coordenação motora, isso devo ao esporte – agradece Ursula.
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Esporte que salva vidas
Quem também agradece ao esporte pela melhora na qualidade de vida da filha Naiara Lídia Gaulke, 15 anos, de Blumenau, é Maike Gaulke, mãe e auxiliar da filha na classe BC3. Por conta da lesão cerebral de nascença, Naira não fala e tem o lado direito do corpo paralisado.
-Desde que minha filha começou a praticar a modalidade, há três anos, a vida dela deu um salto de qualidade. Antes de praticar esporte o pescoço dela caía para o lado, agora está ereto e tem uma melhor coordenação motora – comemora a mãe, que vê a filha se comunicar com ela e com o treinador Rodrigo José Philippi, pelo olhar e através de um caderninho que estampa códigos de jogadas que ela pode executar em uma partida.
Se o esporte transforma a vida de um atleta comum, imagine o impacto que causa na vida desses praticantes especiais. Daniel Veras Silvestre, 19 anos, é de Florianópolis e já viajou por diversas partes do país para jogar bocha paralímpica. Uma das mais importantes foi para São Paulo, em 2014, quando conquistou o título de campeão brasileiro BC3 nas Paralimpíadas Escolares.
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A 12ª edição do Parajasc reuniu mais de 1,6 mil atletas, de 46 municípios catarinenses, com deficiência auditiva, física, visual e intelectual. O evento é uma promoção do Governo de Santa Catarina, por meio da Fesporte, em parceria com a prefeitura e Agência de Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste.