Histórias inspiradoras marcam o Parajasc em Lages e transformam vidas pelo esporte

Um acidente de caminhão mudou para sempre a vida de Nivaldo Fernandes, de 61 anos, e José Dorivaldo Castilho, de 45. Amigos e companheiros de trabalho, os dois vivenciaram um trauma físico e emocional que deixou sequelas. Nivaldo passou por cirurgias no joelho, limitando sua mobilidade, enquanto José Dorivaldo perdeu a patela e parte do movimento da perna.

Eles poderiam ter desistido, mas encontraram no esporte uma forma de ressignificar suas vidas. Primeiro José Dorivaldo, que ingressou no atletismo adaptado, e logo depois Nivaldo, que se juntou ao amigo. 

— O esporte representa muita coisa na minha vida hoje. Através dele conheci muitas pessoas. O Parajasc é o melhor que tem, porque conseguimos nos reunir com os amigos. Como fez muito bem para mim, resolvi chamar eles para praticar junto comigo — relatou José.

Natural de Curitibanos e morador de Jaraguá do Sul, Nivaldo participou pela primeira vez do Parajasc nas provas de lançamento de disco, dardo e peso. 

— É muito bom sair de casa, estar com os amigos, conhecer cidades diferentes. Muita gente fica só deitado, e nós temos a oportunidade de competir e viajar. Já não vejo a hora de chegar o ano que vem para participar novamente.

Atletismo que abre portas

Entre os destaques do Parajasc 2025 estão Esteice Aparecida Ribeiro, de Camboriú, e Deryck da Silva Galinari, de Balneário Camboriú. Para ambos, o esporte vai além da competição, é espaço de inclusão e amizade.

Aos 30 anos, Esteice nasceu prematura, com paralisia cerebral, e iniciou no esporte em 2019, na bocha. Neste ano, estreou no atletismo, competindo no lançamento de disco. 

— Eu só ficava em casa, deitada na cama, sem ânimo. Hoje tenho vontade de sair, de treinar e de estar junto das pessoas. O esporte é tudo na minha vida, abriu portas para amizades e para novas experiências.

Fã da banda Rebelde, ela celebra o carinho dos colegas. 

— Os colegas me apelidaram de ‘menina da cadeira do Rebelde’ e eu acho muito divertido. Gosto desse carinho, me sinto acolhida.

Morando com os tios após a perda da mãe, Esteice revela: — Foi difícil enfrentar a ausência da minha mãe, mas estar no esporte me ajudou a encontrar força. Cada treino é uma vitória para mim.

Paixão que começou com curiosidade

Deryck, de 18 anos, descobriu o atletismo aos 16, motivado pela curiosidade. Com hemiparesia direita, que afeta parte do corpo, ele participa do Parajasc pela primeira vez, nas provas de arremesso de peso e lançamentos de disco e dardo.

— Eu entrei no esporte por curiosidade e acabei me apaixonando. Desde o primeiro contato que tive com o peso, senti que era aquilo que eu queria para a minha vida. O atletismo me faz sentir bem, me dá energia e confiança.

A mãe, Juliana Barbosa, acompanha o filho e destaca a importância da prática:

— Ver o Deryck no atletismo é emocionante. Ele acorda animado, treina com dedicação e encontrou um espaço onde pode ser ele mesmo. Sabemos das dificuldades do dia a dia, mas o esporte trouxe uma alegria diferente para a vida dele. Estou muito orgulhosa e agradecida por ver meu filho participando do Parajasc. Para nós é uma conquista estar aqui.

Talento jovem em casa

Outro destaque da competição em Lages é Arthur, de 15 anos, que participou pela primeira vez de uma edição do Parajasc. Adolescente discreto, inteligente e estrategista, ele se destacou no tênis de mesa, conquistando ouro logo na estreia. 

— Foi a minha primeira edição. Lutei para que fosse a primeira de muitas. Eu esperei uma competição incrível, justa e de alto nível, e ainda Deus permitiu o título. Ganhar o ouro na minha cidade amada tem um sabor especial. Uma das melhores sensações da vida é vencer em casa.

No primeiro dia de disputas, Arthur venceu todas as partidas por 3 a 0. A mãe, Lindiane Costa, descreve a emoção.

— Eu nem acredito que estamos vivendo momentos assim. Fico agradecida de coração por ter esta oportunidade.

Parajasc: inclusão, amizade e conquistas

O Parajasc 2025, edição inédita em Lages, reuniu milhares de atletas de Santa Catarina de 16 a 21 de setembro, promovendo inclusão e amizade. 

Mais do que medalhas, o que vale é a experiência de estar junto, compartilhar conquistas e transformar desafios em oportunidades.