José Rui Cabral Soares

Bancário aposentado, morador de Florianópolis

Este texto é uma forma de homenagear meu pai, Rui Ramos Soares, que nos deixou há quatro anos. Seu Rui era originário da coxilha Rica, Lages (SC), berço da família Ramos. Mas desde pequeno tinha outros sonhos: queria crescer e ir para a cidade grande. Foi coroinha na Catedral Diocesana de Lages. Com os conterrâneos como os irmãos Manoel e Hélio Martins, Celso e Newton Ramos entre outros, partiu para Curitiba (PR) a caminho do ginásio. Na sequência vieram o científico, o Exército (tiro de guerra) e a faculdade de Engenharia – apesar de o pai ser dentista. Até aquele momento, o grupo da serra trilhou sempre o mesmo caminho.

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Com a formatura, em 1948, os caminhos mudaram um pouco. Mal tinha começado na profissão de engenheiro e Rui já recebeu um convite para trabalhar no Departamento Estadual de Estradas de Rodagem de Santa Catarina (DER/SC). Convite irrecusável uma vez que estaria voltando para SC, na Capital, e o governador tinha grande apreço por ele.

Mas a inquietude da juventude não o deixava contente. Ele também já andava de namorico com uma nativa. Pediu demissão do DER/SC, montou uma firma de engenharia e começou a trabalhar. Em 1951 casou-se com minha mãe (a tal nativa) e teve cinco filhos, sendo eu o segundo. O tempo foi passando. Deixamos a nossa casa na rua Deodoro e fomos de mala e cuia para Coqueiros – eu recém-nascido.

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As obras da firma iam se multiplicando pela cidade e eram principalmente casas de moradias. Como a nossa de Coqueiros, que existe até hoje construída na primeira rua asfaltada de Florianópolis. Coqueiros era o bairro chique da cidade e quem não morava lá veraneava.

Existem ainda hoje naquele bairro duas obras que bem retratam aquela época e que foram construídas pela empresa do meu pai. O Edifício Normandie, cujo projeto original era um hotel e o trampolim da Praia da Saudade que depois de reformado levou o nome do meu irmão Leo.

Em 1961, meu pai foi novamente convidado para retornar ao governo do Estado, com a volta de mais um governador lageano. Serviu a dois governos como Diretor da Comissão de Desenvolvimento da Capital (Codec) – uma espécie de estatal municipal e estadual para ajudar o desenvolvimento de Florianópolis – que entre outras obras fez a Avenida Rubens de Arruda Ramos (primeiro trecho), Avenida Prefeito Waldemar Vieira, Avenida Governador Ivo Silveira, a toda a retificação asfaltamento da orla de Coqueiros. Foi convidado para ser prefeito da Capital quando este era referendado pela Câmara de Vereadores, mas declinou do convite.

Aposentou-se na Secretaria de Justiça depois de mais de 35 anos de serviços prestados indo para casa para curtir os filhos e os nove netos – embora já tenha perdido três dos cinco filhos.

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