Rosemary Fortes exibe um sorriso triste ao falar da irmã Rosângela. Nas mãos, a última foto que tirou da manicure faz os olhos encherem de lágrimas. Em 14 de dezembro de 2014, a moradora de Gaspar perdeu a vida após ser diagnosticada com o vírus da gripe A – doença que, segundo a Vigilância Epidemiológica, matou outras cinco pessoas naquele ano e infectou oito somente entre 28 de fevereiro e terça-feira em Blumenau.

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Rosângela é uma prova de que até as pessoas mais saudáveis podem sucumbir diante da gripe A. Ela é lembrada pelos parentes como uma mulher alegre, ativa e cheia de energia. Aos 50 anos, fazia caminhada todos os dias, mantinha uma alimentação saudável e raramente ficava doente. A gripe A chegou de repente, no dia em que as oito irmãs da família se reuniram na casa dela para uma faxina de Natal. Naquele mesmo dia Rosemary teria perguntado à irmã se já tinha tomado a vacina preventiva. A resposta foi negativa.

– Ela começou a reclamar de falta de ar, a suar muito e em pouco tempo estava com febre. Chegou a medir a pressão, mas estava normal. Isso foi numa sexta. Só na segunda ela foi ao hospital – comenta.

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Por causa dos produtos químicos utilizados na limpeza, a primeira hipótese foi de que Rosângela havia sido intoxicada. Mas o caso era mais grave. No mesmo dia em que procurou ajuda médica ela foi internada na UTI do Hospital Santo Antônio, em Blumenau, e entubada. Logo depois foi diagnosticada com o vírus H1N1. Dali em diante, a situação só piorou. Os rins e o pulmão da manicure pararam de funcionar e em duas semanas ela perdeu a batalha para a doença. Deixou o marido e dois filhos, de 28 e 35 anos.

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– O susto foi tão grande que parecia mentira. A gente só falava que se ela tivesse tomado a vacina ainda estaria aqui. Mas tiramos uma coisa boa disso tudo: agora a família toda se preocupa mais, todo mundo toma a vacina e se cuida. É o que todos deveriam fazer. Não esperem algo assim acontecer para então fazer alguma coisa – diz Rosemary.

“Nasci de novo”, diz mulher que sobreviveu

Quem aprendeu a lição da forma mais difícil e sobreviveu para contar a história foi a dona de casa Elisabeth Marques Montagna, 56 anos. Em setembro passado, após três dias de muita tosse e dores no corpo e na cabeça, ela descobriu que estava infectada com o H1N1. Também não havia tomado a vacina. Elisabeth saiu do bairro Progresso para ir ao médico quando percebeu que os remédios que estava tomando em casa não faziam efeito.

No pronto-socorro, sem nenhum tipo de exame, foi diagnosticada com suspeita de infecção urinária e orientada a tomar antibióticos. Não adiantou. No dia seguinte, de volta ao hospital, o raio-x comprovou o pulmão afetado pela gripe A. Ficou internada no Hospital Santa Isabel por duas semanas.

– Lembro de pouca coisa, porque me colocaram em coma induzido. Mas me contam que o médico pediu para a minha família rezar, porque a coisa estava feia e a medicina tinha feito tudo que podia. Até hoje meu médico diz que foi um milagre – conta.

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Hoje Elisabeth tem receio de sair de casa porque ainda não foi vacinada. A doença afetou a resistência dos joelhos e baixou ainda mais a imunidade do organismo. A dona de casa não deixa de avisar os familiares e amigos para que se previnam contra o vírus:

– Não tem dor igual. Paguei pra ver e foi quase com a vida. Quando sair a vacina vou ser a primeira a tomar. Nasci de novo.

OS SINTOMAS

– Dor no corpo

– Dor de cabeça

– Tosse seca e persistente

– Falta de ar

– Febre alta

Fonte: Ricardo Freitas, infectologista

COMO SE PREVENIR

– Adotar hábitos simples de higiene, como lavar as mãos frequentemente com água e sabão.

– Não compartilhar objetos pessoais se estiver com sintomas de gripe.

– Caso esteja gripado ou resfriado, procurar um médico e não tomar remédios por conta própria.

– Cobrir boca e nariz com lenço descartável ao tossir e espirrar.

– Manter ambientes de grande circulação sempre limpos.

– Manter ambientes úmidos e frios ventilados e iluminados com luz solar.

Fonte: Ivonete dos Santos, gerente da Vigilância Epidemiológica de Blumenau