O que você fez com o primeiro salário da sua vida? Balbino Nardes se lembra bem: usou o dinheiro para comprar o acordeom com o qual sonhava na infância. O joinvilense – que nasceu em São João do Itaperiú, mas mudou para Joinville ainda criança – sempre teve a música em sua vida.

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O pai era carpinteiro e tocava acordeom nos finais de semana e nas festas de família. Ele via com os olhos de admiração a gaita dobrar pra cima e pra baixo, fabricando canções de amor, de tristeza e de festa.

A influência do pai foi importante na formação musical de Balbino. A sanfona deu muita alegria à família nos primeiros anos, mas logo virou instrumento de trabalho: quando o pai morreu, Balbino teve que arrumar um jeito de sustentar a mãe e os irmãos. Foi o acordeom que iluminou o caminho do músico, que começou a tocar em shows por Joinville e região para ganhar dinheiro.

– Eu tocava em tudo que era evento, casamento, festa de igreja. Depois, deixou de ser meu ganha-pão, mas continuo tocando nas festas – conta Balbino, que seguiu o caminho do pai na profissão e foi trabalhar com madeira.

Além de tirar músicas da caixinha mágica que é o acordeom – “poucos conseguem tocar porque exige muita coordenação motora”, informa – Balbino tira obras de artesanato da madeira. Balbino casou e foi trabalhar, mas nunca deixou a música de lado.

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E há 15 anos começou a colocar no papel as emoções e as experiências. São histórias que viu e vivenciou que se transformaram em músicas das quais se orgulha. Afinal, desde que começou a divulgá-las, recebeu pedidos de artistas do Brasil inteiro para gravar suas composições.

Há quatro anos, as músicas do joinvilense começaram a ganhar o mundo. Seu nome está não só nos CDs dos cantores sertanejos que cantam suas músicas, mas em rádios da web que tocam as canções e o procuram para saber quem é o compositor. Aposentado, Balbino tem mais tempo para se dedicar às composições e se aperfeiçoar – agora está aprendendo a tocar viola.

E é no escritório atrás de casa que entra em contato com os artistas e negocia as canções, e a inspiração vem de todo lugar. Até um pedaço de papel pode servir para anotar, apertadinho, uma nova moda. Foi assim que escreveu, por exemplo, “A Volta do Menino da Porteira”, homenagem à música de Sérgio Reis.

– É normal fazer estes retornos, mas essa eu vou deixar bem guardada até obter a autorização do cantor para a homenagem – avisa.

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Com suas canções, Balbino sabe que tem contribuído para incentivar um gênero que está desaparecendo. Hoje, as novas correntes da música sertaneja têm feito com que a moda raiz seja deixada de lado. Não se depender de Balbino.

– Para mim, ainda é a mais verdadeira e bonita das músicas – afirma.