A praça Conde D?Eu, arborizada por frondosas cerejeiras e onde indústrias deixavam pilhas de madeiras para secar durante o dia, foi também o lugar que recebeu por muitos anos os passageiros das embarcações que navegavam pelo rio Cachoeira.

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Conhecido como a praça do Mercado Público de Joinville, o cenário era perfeito para as crianças da década de 1930 protagonizarem as mais diversas brincadeiras. Espaço por onde o pequeno Ozório corria, soltava pipa e brincava de esconde-esconde com os amigos.

A vida de Ozório Cândido Ferreira foi marcada por pequenas histórias como esta que, separada pareceria comum a outros joinvilenses, mas quando reunidas mostram a infância e a caminhada de um homem cuja vida foi repleta de experiências incomuns.

Nascido em 1925 e criado na rua Conselheiro Mafra (atual Abdon Batista), ele era um dos 13 filhos de Leonor e Eleotério. A mãe foi uma mulher serena. O pai, um homem severo, pintor de paredes cujo diferencial era também fazer decorações. Apesar de morarem em uma casa num cortiço onde viviam mais oito famílias, eram vizinhos de nomes importantes na história da cidade.

A amizade do pai com o advogado e político Plácido Olímpio de Oliveira rendeu a Ozório a nomeação como estafeta do Telégrafo Nacional, quando ainda tinha 14 anos. Sua responsabilidade era a de pegar telegramas e os entregar nas casas e indústrias.

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– A maioria era para anunciar a morte de alguém ou eram telegramas comerciais – lembra.

Na época, Joinville tinha aproximadamente 35 mil habitantes e apenas quatro estafetas para levar a informação a todos eles. Foi aí que Ozório começou a conhecer a cidade e a fazer amizade com muitas pessoas, desde desconhecidos a figuras de renome.

Um dia, quando passava pela frente da casa de Procópio Gomes de Oliveira, uma casarão na esquina da rua Dom Pedro 2º (atual Padre Kolb), Ozório foi chamado pelo filho do político, Moacir, para ajudá-lo a tirar seu gato de cima de uma árvore. A tarefa não foi difícil para o estafeta, que não fazia ideia de que aquela situação seria o início de uma mudança em sua vida intelectual.

Moacir tinha aproximadamente 38 anos, era solteiro e gostava de escrever. Perguntou ao menino se ia bem na escola e ao receber a resposta negativa logo ofereceu sua ajuda para melhorar as notas de Ozório.

– Ele me ensinou a ler e a fazer muita coisa. Seu Moacir foi um verdadeiro mestre.

Hábito de leitura passava por vários gêneros

Um novo livro à caminho