Na data de 17 de maio de 2013, Biguaçu festeja 180 anos da sua trajetória histórica que iniciou em 1.833 quando foi criado o município de São Miguel, deixando de ser um distrito de Desterro (atual Florianópolis).

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A caminhada histórica iniciou no séc. XVIII quando foi criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina pelo provisão Régia de 11 de agosto de 1.738.

O primeiro governador da Capitania, José da Silva Paes, engenheiro e brigadeiro de infantaria, começou suas atividades em março de 1.739, passando a cumprir as determinações vindas de Portugal.

Silva Paes solicitou ao rei de Portugal, Dom João V, que enviasse povoadores para garantir a posse das terras.

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Provavelmente o governador Silva Paes tenha percorrido as terras próximas da Fortaleza de Santa Cruz, na parte Continental, fazendo inspeções com o objetivo de futuro povoamento, face o espaço geográfico ser acolhedor, com água potável de qualidade, muita madeira e de fácil acesso pelo mar.

Como os habitantes do Arquipélago dos Açores estavam passando por dificuldades, foram publicados editais para inserções de famílias que desejassem uma nova vida nas terras brasileiras.

No período de 1.748 até 1.756 muitos casais açorianos e também madeirenses aportaram à Ilha de Santa Catarina recebendo terras que foram entregues pelo governador, formando assim novas freguesias.

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O segundo governador, Manuel Escudeiro, que governou no período de 2 de fevereiro de 1.749 até 25 de outubro de 1.753 foi quem assentou os povoadores açorianos por volta de 1.750 em São Miguel, face a inauguração da Igreja em 23 de janeiro de 1.751.

Um fato revelado pelo renomado historiador Walter Fernando Piazza relacionado com São Miguel foi que Manuel Escudeiro solicitou a transferência da sede da Capitania (Desterro) para São Miguel. No entanto, a resposta do reio Dom José | foi negativa.

Afirma Piazza que também o terceiro governador, Dom José de Melo Manuel, insistiu pela mudança para São Miguel e, mais uma vez, a pretensão foi negada.

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Como Portugal e Espanha lutavam por questão de fronteiras no Sul do Brasil, os espanhóis mandaram uma grande esquerda que tomou posse da Ilha de Santa Catarina em 23 de fevereiro de 1777 e aqui permaneceram até 2 de agosto de 1.778.

Os sonhos do segundo e terceiro governadores da Capitania tornaram-se realidade pois “São Miguel da Terra Firme” foi capital provisória de 10 de outubro de 1.777 até 2 de agosto de 1.778.

Com o trabalho escravo na produção agrícola, na pecuária, na fabricação de açúcar, farinha de mandioca, entre outros produtos, São Miguel não aparentava sinais de crise. Foi através de uma Resolução do Conselho Provincial datada de 1 de março de 1.833 que a Freguesia de São Miguel foi desmembrada de Desterro, tornando-se município e sede de comarca.

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Exatamente na data de 17 de maio de 1.833 foi instalada a primeira Câmara de Vereadores que administraram a Vila de São Miguel, pois não existia o cargo de prefeito.

Na segunda metade do século XIX, São Miguel dava sinais de gradativa decadência econômica, surtas epidemias, falta de recursos, carência de pontes e estradas, causando preocupações aos vereadores, principalmente representantes da Barra do Rio Biguaçu.

Os políticos liderados por João Nicolau Born queriam trazer a sede municipal de São Miguel para Biguaçu que apresentava bom movimento econômico.

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Por influências políticas conseguiram a aprovação da transferência da sede municipal pela Assembleia Provincial e, que mais tarde, a lei foi revogada pelos Deputados Provinciais.

Somente em 22 de abril de 1894 João Nicolau Born conseguiu junto ao governador do Estado, Coronel Antônio Moreira César, a transferência definitiva da sede municipal para Biguaçu.

O município ficou com o nome de “Biguaçu”, inclusive a comarca, sendo que João Nicolau Born foi eleito o primeiro superintendente de Biguaçu.

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Durante o século XX, Biguaçu foi crescendo com o trabalho da população, recebendo energia elétrica, água encanada, ruas calçadas, novas indústrias, escolas, postos de saúde e etc.

Acreditamos que Biguaçu já ultrapasse 60.000 habitantes, haja vista o surgimento de novas comunidades e dezenas de novas indústrias, ocasionando assim um intenso movimento comercial.

Biguaçu aos 180 anos (1.833-2.013) deixou o título de “cidade dormitório” para ocupar, merecidamente, um lugar de destaque na Grande Florianópolis.

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Texto enviado por Joaquim Gonçalves dos Santos, historiador e membro da Academia de Letras de Biguaçu