Quando o garotinho interpretado por Kaic Crescente pergunta para Bibiana Terra o que ela estava relembrando em seu solitário quarto, ela é assertiva: Uma história de amor. Com um pouco de guerra. Essa é uma bela definição para o segundo filme de Jayme Monjardim.
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Confira a entrevista com a equipe do filme
Acostumado com estruturas novelescas, o próprio diretor assume que ainda é um iniciante e precisa de um pouco mais de paciência para suas obras cinematográficas. Disse que aprendeu muito com o diretor de fotografia, Affonso Beato, que fez um belo trabalho seus enquadramentos sempre procuram destacar o uso de contraluz nas cavalgadas e indicar o lugar em que os personagens estão.
A reconstituição cenográfica de Santa Fé, aliás, é admirável e ressalta o afastamento de outras comunidades. É, afinal, um lugar de recomeço, onde famílias tentam uma segunda chance e novos relacionamentos surgem. O Capitão Rodrigo Cambará não é diferente de nenhum outro que chegou na pequena localidade: procura construir uma família, apesar de sentir uma falta constante da guerra, e se apaixona pela jovem Bibiana Terra.
Os planos fechados de Monjardim não escondem o desejo de intimidade com aquelas pessoas. O diretor também busca retratar os orvalhos das manhãs, o regionalismo gaúcho (rodas de danças, duelos, churrasco de chão…) e ensaia uma crítica às sociedades patriarcais, mas abdica de mostrar imagens mais cruas como a sequência de um estupro ou as próprias cenas de batalha, que sofrem com a edição.
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A visão novelesca abafa a memorável história de amor de Bibiana e Rodrigo, mas certamente é uma tentativa de se distanciar das comédias brasileiras que ainda imperam nas bilheterias nacionais.
*Jornalista e crítico de cinema
Assista ao trailer de O Tempo e o Vento