Nesta última década, a indústria do hip hop enriqueceu exponencialmente. Com clipes superproduzidos e várias músicas nas paradas, cantores como Jay-Z, Kanye West, Beyoncé e Pharrell são considerados alguns dos artistas mais poderosos do showbiz. Se antes eram ícones da periferia, agora adentram clubes exclusivíssimos. O namoro entre esses dois universos é antigo. Mas, antes, era mais unilateral: os rappers comprando, usando e cantando sobre os artigos de luxo. Agora, são as marcas clássicas que correm atrás deles para formar parcerias elegantíssimas.
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Kanye West foi pioneiro. Além de ser considerado um dos homens mais bem-vestidos do mundo pela clássica Vanity Fair, fez uma linha de charmosos tênis para a Louis Vuitton, com média de preço de US$ 800. Já a toda-poderosa Beyoncé conseguiu convencer Thierry Mugler a deixar a aposentadoria de lado. Convocou-o para criar 10 looks para a sua turnê mundial – que acaba de passar pelo Brasil. Rihanna, por sua vez, marcou presença na última Semana de Moda de Paris, onde garimpou figurinos para sua nova safra de clipes.
Anna Wintour, editora da Vogue americana, também incentivou a ligação entre moda e rappers.
Primeiro, produziu uma capa com Beyoncé. Depois, convidou Mos Def para um editorial sobre as coisas mais legais da noite nova-iorquina. Mas sua principal cartada foi no baile do MET, a festa mais tradicional da moda. Junto com Kate Moss, Marc Jacobs e Justin Timberlake, convidou Kanye West e Rihanna para fazerem o show principal da noite.
Além disso, os astros do rap vêm se revelando talentosos fashionistas. Usam itens clássicos, como óculos de acrílico grossos, cardigãs, ternos bem cortados e blazers com correntes enormes de ouro, tênis coloridos e bonés. É mérito deles a redescoberta da gravata borboleta e o uso de capuzes – que, inclusive, inspiraram a última coleção da Kenzo. De quebra, tiram a seriedade do terno com peças em branco, lapelas com brilhantes ou paetês. As mulheres saem do óbvio e abusam das roupas estruturadas. Grandes ombros, cinturas marcadas com saias armadas. Não deixam de exibir as pernas e os fartos decotes. Rihanna e Beyoncé, principalmente, viraram ícones de estilo. As duas são responsáveis por disseminar os vestidos curtíssimos e as jaquetas militares da Balmain. Além de serem referência de corte de cabelo.
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::: Rihanna
Ela é presença constante na primeira fila dos desfiles de moda, onde garimpa figurinos para seus clipes. Está sempre fugindo do óbvio, com roupas estruturadas e cortes de cabelo inusitados.
::: Beyoncé
Diva-mór dessa safra, adiou a aposentadoria de Thierry Mugler para que ele criasse os 10 figurinos que exibe em sua turnê mundial. A Vogue America rendeu-se a seu estilo e seus encantos.
::: Jay-Z
Namorado há quatro anos de Beyoncé, é ícone de estilo, como ela. Abusa de capuzes e gravatas-borboleta. É ele, aliás, o responsável pela redescoberta deste item do guarda-roupa.
::: Kanye West
Foi o pioneiro em firmar parceria com as grifes de luxo: criou uma linha de tênis para a Louis Vuitton com média de preço de US$ 800
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Das ruas para o universo fashion
::: Nos anos 1980, o hip hop começou a fazer sucesso nas periferias americanas e, aos poucos, conquistou o mainstream mundial. Além de um som com uma batida nova, a música trazia um jeito de dançar diferente do que vinha sendo feito nas boates mais tradicionais. Com a música, surgiu toda uma nova atitude e maneira de agir. MC Hammer, Will Smith e o duo Kid N Play começaram a traçar o estilo dos rappers americanos: roupas largas, com referências ao universo africano, cortes que valorizavam o cabelo afro, muitas joias e cores fortes e fluorescentes.
::: Apesar de no início dos anos 1990 Chanel e Isaac Mizrahi terem feito coleções inspiradas no estilo, as roupas da indústria do hip hop quase sempre ficaram restritas às ruas e aos clipes de rap. Apenas as empresas de artigos esportivos investiram no mercado. As marcas Nike e Adidas viraram itens de desejo da tribo. Outros grandes investidores são os próprios músicos: Diddy tem a Sean John; Jay-Z financia a Racawear; Beyoncé desenha com a mãe para a House of Deréon; e Emimem investe na Shady Limited. Hoje, todas essas marcas são adeptas do estilo blig blig: ouro por toda parte. São correntes lotadas de diamantes, correntes grossas com o nome do artista e anéis. Os mais ousados fazem dentaduras, como as dos lutadores de boxe, de ouro e pedras.