Os Estados Unidos decidem nesta terça-feira quem irá morar na Casa Branca a partir de 20 de janeiro. Além de garantir endereço nobre em Washington pelos próximos quatro anos, o presidente eleito vai controlar um orçamento trilhardário e terá que tomar decisões que acabarão afetando o mundo inteiro. Em resumo, será “o” cara – ou “a”, já que o cargo é alvo de uma disputa cabeça a cabeça entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump. A previsão é de que o resultado oficial seja anunciado às 2h de quarta-feira (horário de Brasília).

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A mais acirrada campanha para a presidência americana reúne dois candidatos opostos em quase tudo. Em comum, ambos têm apenas a geração, o fato de serem ricos e a mania de pintar os cabelos. Filha do dono de uma pequena indústria têxtil, Hillary nasceu em Chicago há 69 anos e desde os tempos de menina era metida com o movimento estudantil. Começou a militar na política ainda adolescente, na campanha (derrotada) do republicano Barry Goldwater à presidência em 1964.

A primeira vez que os Estados Unidos ouviram falar dela foi em 1969, quando a então oradora de formatura da turma de ciências políticas do tradicional Wellesley College questionou o discurso do paraninfo, o senador republicano Edward Broke: “Não estamos interessados em reconstrução social, queremos reconstrução humana”, disse ela. Daí para se bandear para o lado democrata da força foi um pulo, motivada pelos protestos contra a guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis.

Um ano mais velho do que a adversária, o nova-iorquino Trump ganhou notoriedade fora do circuito empresarial ao se tornar apresentador do reality show O Aprendiz na TV americana. A ironia é que um sujeito que ficou famoso pelo bordão “você está demitido” agora acene com mais empregos e menos impostos. A magia seria obtida com a expulsão dos 11 milhões de imigrantes ilegais e o aumento das taxas de importação sobre os produtos chineses.

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Herdeiro de um empreiteiro que enriqueceu construindo edifícios populares subsidiados pelo governo, Trump formou-se em finanças após concluir a academia militar. Na trilha do pai, seguiu no ramo imobiliário erguendo prédios de gosto duvidoso como as Trump Towers. A revista Forbes estima que seus bens valham US$ 3,7 bilhões, embora ele divulgue que tenha quase três vezes mais. Como muitos candidatos no Brasil, vende-como “gestor”.

Hillary, ao contrário, traz a política na veia. Virou advogada, casou-se em 1976 com o futuro presidente Bill Clinton e não o abandonou mesmo quando suas relações extraconjugais vieram à tona. Elegeu-se senadora por Nova York em 2000 e em 2006. Perdeu para Obama as prévias do partido para concorrer à presidência em 2008, mas ganhou dele o Departamento de Estado.

Enquanto ela perdoou a infidelidade do marido, Trump acumula acusações de assédio e está em seu terceiro casamento. A titular atual é a eslovena naturalizada americana Melania, 46 anos. Falastrão, o republicano transformou o que poderia ser uma desvantagem em um de seus trunfos: ele seria o macho que anda com belas mulheres, sempre mais jovens, e não está nem aí para o que os outros falam. Para seus detratores, Trump era só uma piada sem graça até ficarem claras suas chances reais de vencer. Do mesmo jeito, os opositores de Hillary a consideram uma loba em pele de cordeiro, que por trás da plataforma social privilegia grupos aliados em negociatas. Um desses dois será a pessoa mais poderosa do planeta.

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