Há pouco mais de três meses Mário Hildebrandt (PSB) passou de um vice-prefeito atuante a prefeito de fato. O novo desafio do agora chefe do Executivo de Blumenau, que fortaleceu ainda mais o seu visível protagonismo nos últimos anos na política local, ocorreu depois que o aliado Napoleão Bernardes (PSDB) renunciou para disputar as eleições deste ano. Hildebrandt completou 100 dias de gestão como prefeito no sábado e participou de uma sabatina com a reportagem da NSC Comunicação para avaliar as ações desse período à frente da administração.

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Em meia hora de conversa, ele falou sobre a pressão para cumprir o prazo nas obras de mobilidade do pacote do BID em andamento na cidade, elencado por ele como prioridade quando assumiu a cadeira de prefeito. Além disso, falou sobre projetos como Centro de Convenções e recuperação da Margem Esquerda, capacidade financeira da prefeitura e o desafio de diminuir a fila por vagas em creches na cidade – segundo ele, zerar essa espera é algo utópico.

O prefeito também antecipou investimentos futuros do município, como um pacote com obras do turismo que seria financiado com recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) e também o desejo de lançar no segundo semestre uma escola municipal bilíngue em alemão e outra em inglês, com aulas nos dois idiomas. Uma parceria com o governo do Estado também busca uma segunda unidade do colégio militar para a cidade.

Sobre a greve de servidores que ocorre desde a semana passada, o prefeito informou que o presidente do sindicato pode entrar em contato a qualquer hora para discutir uma proposta, mas que segundo ele “seja condizente e dê condições de atender”. Conforme o prefeito, as 24 propostas apresentadas até agora causariam um impacto de R$ 100 milhões nas contas da prefeitura.

– A prefeitura precisa ouvir o que o sindicato tem a propor, para tentar discutir. Nós temos aí talvez alguma possibilidade, mas eu quero que o sindicato traga essas possibilidades. Não antecipar a questão do aumento da inflação, nós não temos essa condição. INPC, impossível, não tem dinheiro – afirmou.

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Confira a seguir a íntegra da entrevista:

Marina Dalcastagne – Prefeito, de forma clara e objetiva, qual o balanço desses 100 primeiros dias?

Temos vários desafios implementados nesses 100 primeiros dias, mas posso considerar que comecei o governo no início já com o prefeito Napoleão em, janeiro de 2017, quando logo na sequência assumi a Secretaria de Mobilidade Sustentável, na qual articulei e trabalhei para implementar e iniciar as grandes obras, em especial o convênio firmado com o BID que nós tínhamos. Desde lá trabalhei ponto a ponto a organização, a licitação, a assinatura das ordens de serviço desses mais de R$ 100 milhões de obras só pelo BID. Acompanhamos o desenvolvimento das obras. São hoje em andamento mais de 50 obras em Blumenau, R$ 193 milhões em investimento, que trazem de fato perspectivas de alteração da mobilidade urbana na cidade. Obras aqui próximo, na República Argentina, que vão mudar o fluxo de veículos, dando duas mãos em cada sentido com o prolongamento da Rua Chile, gerando um binário. A duplicação da Rua Humberto de Campos na frente da Vila Germânica, mudando a perspectiva no trânsito. Com o prolongamento da Humberto de Campos, com as alterações da General Osório interligando esse complexo todo com a Ponte do Badenfurt, vamos ter um novo canal, uma nova entrada da cidade para quem vem da região Oeste do Estado, do Alto Vale do Itajaí para o Centro da cidade e para a região da Vila Germânica. Fora as ações de fortalecimento da saúde, educação, assistência social que nós estamos acompanhando cada passo desde o início do governo Napoleão e agora nesses 100 dias.

Jean Laurindo – Quando assumiu a prefeitura, o senhor afirmou que as principais marcas do governo Hildebrandt seriam a captação de recursos e a continuidade justamente dessas obras de mobilidade do BID. Vai ser possível concluir no prazo essas obras e evitar a elevação dos valores, conforme prevê o contrato?

Estamos acompanhando essas obras, eu principalmente, quem acompanha minhas redes sociais e as ações da prefeitura, vê que praticamente semanalmente em todas as obras é acompanhado e discutido com a equipe o andamento delas. Tivemos alguns desafios, com toda a transparência, em relação às desapropriações, mas que já foram superados. Ontem (dia 10) inclusive assinei um documento que é a desapropriação de um terreno que faltava para o Terminal Oeste, isso é extremamente importante, nos dá condições de abrir todo o canteiro de trabalho, em uma negociação importante feita com os moradores que deu um resultado prático, mas o cronograma está sendo acompanhado pari passu. O prazo é 22 de agosto de 2019. Desde o primeiro dia de governo esse prazo não me sai da mente. Tenho trabalhado muito com toda a equipe. Agora com o secretário Alexandro (Fernandes), que assumiu a (Secretaria de) Infraestrutura (Urbana), o foco tem sido esse. A equipe técnica está muito bem estabilizada e o Alexandro entra com uma perspectiva de gestão, cronograma, prazos, respeitando isso para que a gente consiga não ter impacto financeiro nas obras, fazer com os mesmos valores, e ao mesmo tempo entregue à comunidade dentro do prazo, que é o grande desafio das obras públicas. Isso a gente tem buscado cumprir.

Moacir Pereira – Na ótica de Florianópolis, a grande aspiração de Blumenau e do Vale do Itajaí continua sendo a BR-470, a duplicação da rodovia federal. Por que até hoje, há mais de 20 anos, isso não aconteceu? Falta representação política? Eles não têm consciência da gravidade da situação? O que está acontecendo?

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Penso que a representação política não é a principal responsável por isso. Talvez faltou engajamento, mas hoje o Fórum Parlamentar está muito organizado trabalhando em relação a isso. Mas à região Sul e Sudeste falta representatividade. Não desmerecendo a perspectiva dos outros estados, mas se a gente analisar, três estados como os nossos têm nove senadores e o Nordeste tem praticamente 30 senadores, então o poder de persuasão e o poder político do voto acaba contando para o governo federal e gerando um impacto muito forte. Isso de fato é uma das perspectivas. O desafio nosso, o governo Pinho Moreira tem trabalhado com o secretário Paulo França, da Infraestrutura, que é de Blumenau, conseguiu se incluir na perspectiva da concessão. Esse é um desafio superado. Hoje é o principal entrave do crescimento de Blumenau, do fortalecimento das ações do turismo, para que possamos trazer novas empresas, mesmo em uma área que somos referência que é a tecnologia da informação. É a principal bandeira. A segunda é nós enquanto cidade nos estruturarmos para ampliar nosso modelo econômico. Tínhamos um modelo forte no têxtil, hoje estamos trabalhando na tecnologia da informação e serviços. Precisamos, no meu entender, ampliar as ações em relação ao turismo. Tanto que a bandeira número um discutida com o governo do Estado é o Centro de Convenções, que a priori, há um sinal positivo do governo para que a gente possa ter esse sonho realizado para atrair eventos de pequeno e médio porte, que é o nosso know-how, a nossa perspectiva. Blumenau é uma marca, uma grife muito forte e precisamos fortalecê-la para oferecer para o turista, além da Oktoberfest, da Sommerfest, do Magia de Natal. A possibilidade de vir aqui acompanhar essa nossa perspectiva forte do turismo, por exemplo ir para a Vila Itoupava, conhecer nossa Rota Enxaimel, interligar com Pomerode, oferecer ações para que ele fique dois, três dias aqui na região, é o principal desafio.

Marina – O senhor falou do Centro de Convenções. Quanto tempo mais para ele virar realidade?

A priori toda nossa tratativa está confirmada com o governo do Estado. Implementamos esta semana os documentos complementares e, segundo o governo do Estado, havendo a validação do financiamento com o BNDES, o recurso virá para nós na ordem de R$ 18 milhões para que a gente possa executar a obra. Se não acontecer por lá, quero propor nessa discussão incluir no pacote de financiamento do Prodetur, junto ao Ministério do Turismo, uma negociação que já estive no Rio de Janeiro e que estamos trabalhando com a intenção de investir mais de R$ 80 milhões. Quanto ao prazo é difícil dizer. Cabe mais ao calendário da liberação do Estado. Estamos aguardando a avaliação final do Estado para que a gente possa inclusive lançar a licitação antes da entrada do dinheiro. Entrando o dinheiro, pode começar a obra. Mas é preciso do parecer final ao projeto na totalidade para que a gente possa fazer.

Jean – O senhor falou do pacote do Prodetur. Nesses 100 dias o senhor recebeu a visita do Ministro do Turismo, que anunciou R$ 5 milhões para a recuperação da Prainha. O dinheiro para o restante da recuperação da Margem Esquerda viria desse financiamento?

Apresentamos um pacote que inclui a Margem Esquerda, com orçamento total de R$ 20 milhões, e dentro desse valor, R$ 5 milhões seria para a Prainha. O ministro Vinícius Lummertz nos prometeu R$ 5 milhões a fundo perdido. Duas semanas atrás estive em Brasília e ele validou e confirmou esse recurso. Agora estamos trabalhando para encaminhar a licitação. O dinheiro restante vamos captar junto ao Prodetur, assim como os R$ 10 milhões para a revitalização da Rua Alberto Stein, que fica na frente da Vila Germânica, transformando o local de fato em um complexo turístico, para que os desfiles de Natal e outras ações possam ocorrer naquela rua. Revitalizar a Curt Hering, que também é extremamente importante. Estamos buscando o asfaltamento da rua que sobe para o Frohsin, no Morro do Aipim. Vamos trabalhar em breve o lançamento da concessão do Frohsin, dando uma nova cara a um espaço turístico importante para a cidade, além de várias obras na Vila Itoupava que podem nos dar condição de atrair turistas para mais dias por aqui.

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Jean – Esses R$ 86 milhões do Prodetur, R$ 59 milhões para o corredor Sul e a Ponte do Centro, mais as obras do BID que também são via financiamento. O município tem capacidade financeira para assumir todos esses financiamentos?

Nossa capacidade de endividamento é bem ampla. A capacidade financeira está restrita a algumas análises. Estamos negociando junto ao ministério. Hoje ainda temos capacidade financeira, mas o valor total não nos foi passado ainda. São R$ 110 milhões de obras do BID, R$ 60 milhões para o Corredor Sul via financiamento, mas ao mesmo tempo tem R$ 17 milhões a fundo perdido, agora esses R$ 5 milhões da Prainha a fundo perdido, fora outras obras que temos a fundo perdido. Nesse momento não há comprometimento da situação financeira por financiamento. Apesar de que o grande desafio dos municípios acaba sendo a perspectiva de investimento vir ou a fundo perdido ou por financiamento, porque nosso recurso próprio está tomado em outras coisas: no custeio da máquina, a folha de pagamento dos servidores, que a nossa está em torno de 47% (do orçamento), e nas mais diversas ações. Por exemplo, em Blumenau a obrigação de investimento na saúde seria 15%, nós investimentos 28% no ano passado, a média tem sido 28%, 27%. Na educação, investimentos 28% no ano passado e 25%. Se somarmos desde 2013 o valor adicional que investimentos em educação e saúde, dá o pacote do BID e ainda sobra dinheiro. Estamos investindo no que é prioritário, que é saúde, educação. Mas isso acaba engessando a condição do município fazer investimento, a não ser via financiamento.

Moacir – As prefeituras estão quebradas, o Estado está quebrado, ou em uma situação delicada também. Outros já quebraram, a União está quebrada. O que o senhor vê como solução para o problema nacional? Nós vamos quebrar mesmo, chegar à situação da Grécia, ou há alguma alternativa antes disso?

Se nós não trabalharmos reformas urgentes, vamos chegar à situação da Grécia. Uma delas é a Reforma da Previdência, que vai trabalhar uma previdência única na perspectiva de que privado e público tenham essa condição. Claro que pode ter os institutos independentes, mas com teto de aposentadoria, contribuição, idade efetiva, essa discussão tem que ser feita dia a dia e passo a passo. Fora que é preciso discutir dentro dessa reforma que os recursos têm que ficar nos municípios. Hoje 68% vai para o governo federal. Mas a vida acontece aqui. Se o cidadão não é atendido no postinho, vai cobrar do prefeito. Se não é atendido na assistência social, cobra da prefeitura. Se falta vaga em creche, o Judiciário manda para nós a obrigação de abrir vaga com multa pessoal. Se eu fosse considerar as multas pessoais que a gente recebe se eventualmente não cumprir, o subsídio do prefeito eu fico devendo. Essa é a realidade que a gente vive. Não desmerecendo o Judiciário, está cumprindo seu papel, mas nosso papel aqui tem que sido cada vez mais administrar a dívida e não a solução.

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Marina – Blumenau tem sete novas creches previstas, seis em construção há mais de um ano, mas em cinco a obra não está nem pela metade. Uma já está quase terminando. O que a gente pode esperar para este ano?

Bom, uma nós estamos aí na fase de entrega, com ampliação efetiva de vaga. Nas demais, contamos em especial com repasse do governo federal. As obras atrasaram por dificuldade do governo federal, porque são verbas de lá. Nós complementamos porque o governo federal enviou recurso para uma creche, mas sem pensar no muro ao redor. Nós temos que pagar. Parece que as crianças não precisam estar protegidas. São algumas ações que acabam gerando ônus ainda maior para o município. Claro, o nosso desafio é atender. Fora isso, temos em Blumenau a fila única, que é referência e que recebeu uma equipe técnica do Ministério do Educação para avaliar e implantar isso no Brasil inteiro, demonstrando que já criamos alternativa que estamos aperfeiçoando. O foco disso tem sido melhorar a inclusão desse pessoal dentro da creche para as famílias de baixa renda. A fila de espera (atualmente de 4,5 mil crianças) é natural porque temos 400 nascimentos por mês em Blumenau, então vai continuar tendo. No início do ano ela diminui e durante o ano ela naturalmente vai sendo restabelecida. Já tivemos aqui em Blumenau quase 8 mil crianças em fila, e hoje estamos aí com 4 mil.

Marina – Mesmo com as sete creches prontas, serão criadas 1,3 mil vagas. Como fazer, existe um plano B?

O plano B é continuar ampliando as vagas e fazer com que a gente tenha o melhor atendimento. Mas nós não vamos conseguir zerar as (esperas por) vagas. Isso é utopia falar. Isso não acontece em Blumenau, não acontece em São Paulo, em Florianópolis, no Rio de Janeiro. Temos que ser absolutamente transparentes em relação a isso. O foco é ampliar, mas zerar as (esperas por) vagas é impossível de fazer.

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Jean – Também desses primeiros 100 dias o senhor conseguiu a esperada licença ambiental para a nova Ponte do Centro. É um assunto que o blumenauense ouve há pelo menos seis anos e que causa uma dificuldade diária para quem circula pela cidade. Quantas barreiras ainda existem e quando a ponte efetivamente poderá ser construída?

É importante dizer que conseguimos a segunda licença ambiental, que corremos atrás para mostrar que estávamos certos no que estávamos fazendo. Houve uma discussão em relação à competência da Fatma para fazer isso, mas não vamos muito longe: a Ponte de Gaspar foi licenciada por uma diretoria, nem por uma fundação municipal do meio ambiente como temos aqui. Temos uma fundação, que é a segunda mais antiga do Brasil, tem história e fez essa licença com técnicos de carreira, que agora foi validada inclusive pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente). Houve uma série de discussões, moradores que vão ser afetados, é uma área de certo ponto mais nobre da cidade e que não quer servir de passagem para a ponte, então isso acaba gerando um atrito, mas conseguimos a licença ambiental, já temos a declaração do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que não tem interesse no tombamento daquele local, e agora entregamos essa documentação ao Judiciário e esperamos que o Judiciário nos dê a condição de executar a obra. Esse é outro desafio que a gente tem: temos dinheiro em caixa, projeto com licença ambiental, e não conseguimos executar. Há uma interferência de alguns órgãos que acabam engessando a máquina na questão de levar serviços e ações para a população.

Moacir – O PSB foi o primeiro a aderir à aliança do deputado estadual Gelson Merísio (PSD), pré-candidato ao governo do Estado. Já convocou convenção para 21 de julho. Gelson Merísio é seu candidato?

Tenho uma relação muito próxima com o deputado Gelson Merísio, mas meu candidato é o Napoleão (Bernardes). A partir do momento que o Napoleão tiver uma definição de qual espaço ele for, posso ter a definição de qual será meu candidato ao governo do Estado. Mas nesse momento, isso deixei absolutamente transparente com o deputado Gelson Merísio, tenho carinho e respeito por ele. Se o prefeito Napoleão for candidato a governador, serei o seu cabo eleitoral número um. Não sendo, irei discutir isso no partido. Estou incorporado ao projeto do Napoleão. Preciso da definição do projeto do Napoleão.

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Moacir – Para a presidência, o seu partido não tem pré-candidato. Qual deve ser o seu candidato, entre os nomes que estão colocados?

O pensamento do Geraldo Alckmin (PSDB) combina mais com o meu.

Moacir – Tem chance o Geraldo Alckmin? Porque até agora não decolou…

Hoje não decolou, esse é o grande desafio em relação à política do PSDB. O grande desafio do Brasil é apresentar propostas com pessoas que levem essas propostas com opções novas. O Geraldo tem uma história, foi um grande gestor, prova disso é o estado que São Paulo está, acho que não dá nem para discutir. Só que não está conseguindo levar essa informação para a comunidade. Talvez nós, na condição de comentarista e de político, consigamos enxergar isso, mas a população não. A população está procurando algo diferente, algo novo. Se é o Geraldo, nesse momento é difícil de dizer. Já li cenários de analistas que dizem que a tendência dele é decolar nesse processo. Se isso vai efetivamente acontecer, não tenho essa informação.

Marina – A Blumob completou um ano de operação durante esses 100 dias. A prefeitura tem o desafio de incentivar o transporte coletivo, até por conta da mobilidade. Como fazer isso diante das dificuldades como ônibus sem ar-condicionado e redução de horários? Como convencer as pessoas a usarem ônibus?

Primeiro o prefeito Napoleão foi absolutamente corajoso quando rompeu o contrato, implementou o contrato emergencial e, através disso, implantou ações que hoje nos propiciam ter uma das frotas mais novas do Estado e, a partir do ano que vem, a mais nova do Brasil. O ar-condicionado é um dos cenários. Nós não temos calor todos os dias. Ele é importante, mas a qualidade, a velocidade com corredores dando condição, melhoria nos pontos de ônibus, implantação, como vamos fazer mês que vem, lançando o GPS com localizador do ônibus para o usuário. Ele vai saber onde seu ônibus está e em quanto tempo precisa estar no ponto de ônibus para poder pegar o ônibus e ir para casa. Além disso, vamos ampliar a transparência em relação ao preço tarifário. Vai estar lá no ônibus quanto cada um dos itens custa: motorista, cobrador, manutenção. Vai estar absolutamente transparente. Por isso inclusive criei a Secretaria de Controladoria e Transparência, que em vez de ter criado uma pasta política criei uma pasta técnica, para que a gente pudesse ter um amparo maior sobre isso e ampliar o acesso à comunidade. “Ah, o preço está caro”. Por que está caro? Vamos olhar na tabelinha qual é o item que custa mais caro, e com isso poder reduzir junto com a comunidade o preço da passagem e incentivar ela a participar.

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Jean – O Parque Ramiro Ruediger é um sucesso e, por muito tempo, os moradores da região Norte viveram a expectativa de ter um espaço semelhante perto de casa, com o novo Parque das Itoupavas. A obra está praticamente pronta, teve vários prazos de inauguração anunciados, mas agora está sem previsão de inauguração por causa das obras de duplicação da BR-470. Faltou diálogo, planejamento? A cidade não perde quando tem um investimento ali pronto, mas sem poder ser usado?

A cidade com certeza perde. Se você analisar, as obras da BR-470 são picotadas e cheias de confusão. Sabíamos que elas iam passar por ali, mas que as obras dessa parte dos viadutos e acessos iriam iniciar agora nós não tínhamos a informação. Tínhamos o recurso em conta, a fundo perdido, e tínhamos que aplicá-lo. Se não o aplicássemos, iríamos perder. O governo optou por iniciar a obra frente a essa perspectiva de que a BR-470 iria atrasar mais, como tem atrasado em outros pontos. Iniciou-se e praticamente está concluída. Agora, decidimos não abrir o parque por total questão de segurança. Os caminhões estão passando ali o tempo todo e não quero ser responsável pela perda da vida de uma criança que foi lá brincar. Quando essa parte das obras terminar, me parece que é para o final do ano, vamos preparar, dar uma revitalizada no parque para que ele seja utilizado pela comunidade. Sobre a alça de acesso que pode afetar uma parte do estacionamento, o motivo foi uma alteração que aconteceu no projeto porque foi feita uma rótula no acesso à Rua 1º de Janeiro que não estava prevista, acabou gerando essa alça. Inclusive agora foi feita mais uma pista, terá outra alça que vai dar acesso à Itoupavazinha e que vai gerar inclusive um muro. Mas tudo isso com a perspectiva já de que não vai invadir o parque.

Moacir – O Brasil vive uma gravíssima crise econômica, está tentando reverter, não está conseguindo. Há uma grave crise política, agora atingindo até o Judiciário. Mas segundo alguns analistas, o pior de tudo é uma grave inversão de valores e princípios. O senhor acha que é possível reverter essa questão dos valores e da crise?

Ela começa dentro de casa. Dependa da educação e dos princípios que nós passamos aos nossos filhos. Esse é o principal desafio que nós temos em relação à sociedade. Os políticos, ou o Judiciário, seja quem for, são frutos da sociedade e a sociedade tem uma oportunidade efetiva de nesse ano eleitoral começar a fazer esse desenho. Sempre digo e disse nas minhas campanhas, entre na internet, digite meu nome, veja o que eu fiz, conheçam a minha vida e também o que estou devendo, porque lá também aparece. Se tenho pendência judicial, e se alguém tem alguma dúvida pode perguntar o porquê, porque um político dificilmente não terá. Mas a transparência é total. Cabe ao cidadão e eleitor avaliar e escolher bem o candidato. É muito difícil (acreditar em renovação). No prazo de 45 dias é quase impossível que o eleitor venha a conhecer, se identificar. Por isso a consciência do cidadão pode ajudar. A partir do momento em que ele decidir avaliar o candidato, seja quem está no poder ou quem está entrando, vai ter a condição de fazer a mudança. O tempo é curto, mas a decisão cabe ao eleitor, é o principal desafio.

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Marina – O que vem pela frente?

Um dos nossos desafios é fortalecer a tecnologia da informação como uma das ferramentas de emprego e renda, através do Entra21. Em primeira mão: no segundo semestre devemos lançar uma escola bilíngue em alemão e outra em inglês – não é aula de alemão, é aula emalemão. Vamos fazer o lançamento disso agora em agosto, já está sendo discutido no Conselho Municipal da Educação. Fizemos uma proposta também ao governo do Estado na questão da escola militar: se eles dessem os militares, nós daremos os professores e a estrutura para implantar uma segunda escola militar na cidade. Até pela demanda que de fato tem de famílias querendo que seus filhos estudem em uma escola militar. Isso também é uma perspectiva, se o governo do Estado aceitar, Blumenau quer ser parceira para poder atender a essa demanda. Fora isso é continuar cuidando do dia a dia, zelando das contas para que a gente possa pagar o salário dos servidores, garantir o 13º no final do ano, porque se não conseguirmos pagar os servidores, não vamos conseguir oferecer serviço público de qualidade, porque são eles que dão essa base de sustentação enquanto cidade. E buscar alternativas através de fundo perdido ou financiamento para implementar as mais diversas ações. Tenho um sonho: precisamos criar uma nova perspectiva de ampliar aqui que Blumenau já tem. Blumenau é uma grife, uma marca muito bem falada e lembrada no Brasil inteiro. Onde entro em qualquer lugar em um táxi e falo que sou de Blumenau todos lembram ou da Oktoberfest ou até do Magia de Natal, já. Temos que aproveitar isso para fortalecer o turismo, trazer o turista para a cidade, para que possa ser uma cidade cada vez mais forte, até como uma alternativa forte e eficaz de geração de emprego e renda para nosso cidadão. No mais, quero agradecer e pedir que Deus nos dê sabedoria e discernimento para fazer o melhor por nossa cidade. Que Deus abençoe a todos!