Nem todos sabem, mas o primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú foi também o primeiro catarinense a morrer nos porões da ditadura militar de 1964. Eleito em 1965, derrotando a velha UDN, Higino sofreu uma ação dos vereadores de oposição tentando incriminá-lo por corrupção. Absolvido em plenário, os opositores recorreram a várias instâncias e, finalmente, ao famigerado Serviço Nacional de Informações – SNI, objetivando cassar seu mandato com base no AI-5.

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Em fevereiro de 1969, Higino Pio foi retirado truculentamente da Prefeitura por agentes federais, juntamente com assessores, e conduzido à Escola de Aprendizes Marinheiros, em Florianópolis. Depois dos interrogatórios iniciais, os assessores foram liberados, enquanto Pio foi encarcerado, incomunicável, sem que os familiares pudessem fazer algo em sua defesa.

No dia 3 de março, a família foi informada de sua morte, sem saber que seu corpo dera entrada como indigente na Universidade Federal de Santa Catarina. Encaminhado para ser dissecado por alunos do curso de Medicina, como objeto de estudo.

No dia 4 de março, o jornal O Estado, afinado com o regime, noticiava o suicídio de Higino João Pio no banheiro privativo do apartamento onde se encontrava e anexava nota oficial do 5º Distrito Naval. Requisitado o corpo pela família, o caixão foi entregue lacrado pelas autoridades militares.

Com a criação de uma comissão especial, o Estado brasileiro reconheceria a responsabilidade por sua morte e a família seria indenizada, com Higino João Pio considerado isento de culpa nas acusações que lhe foram imputadas. Um dos dez mártires catarinenses da ditadura militar de 1964.

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