Natural de São José, Lourival Medeiros, 53 anos, tem uma relação estreita com a história da cidade. Filho e neto de josefenses, o artista plástico luta para manter viva uma das principais manifestações culturais do município, a olaria. Apesar de ter crescido em meio à atividade – o pai trabalhava com venda de cerâmica e o tio tinha uma olaria – foi só aos 40 anos que ele resolveu fazer um curso para aprender mais sobre a técnica. Val, como é conhecido, chegou a passar três meses nos Açores, em Portugal, berço da olaria, para pesquisar mais sobre as peças feitas de barro.

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– São José foi uma cidade colonizada por açorianos. Uma das coisas mais importantes da nossa história e cultura foram as olarias, que tiveram grande importância para desenvolvimento da cidade, além de ser fonte de emprego, renda e turismo e uma tradição milenar – afirma.

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Atualmente o artista plástico tem um atelier no Centro Histórico da cidade onde produz e expõe as tradicionais peças de barro com um toque contemporâneo. Além disso, é diretor da escola de oleiros de São José, a mesma onde aprendeu a técnica. Ele ressalta que a escola é a única deste formato na América Latina. Com 130 alunos, a instituição oferece curso profissionalizante. Porém Lourival quer ir além. Sonha em montar uma olaria incubadora para ensinar aos alunos como funciona a atividade na prática.

Para ele, São José é um berço de artistas e ainda guarda um jeito muito peculiar de viver, com qualidade de vida e inúmeras tradições, o que torna a cidade única no Estado. Ele levou a equipe do Viver SC a quatro locais que para ele representam bem o município. Confira:

Escola de tradição

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Escola de tradição São José já foi chamada da capital da louça de barro. O ofício da olaria, trazido à cidade pelos colonizadores açorianos há dois séculos e meio, faz parte da vida de Lourival desde que ele era criança. O pai vendia cerâmica e o tio tinha uma olaria, mas o artista plástico só foi aprender a técnica de lidar com o barro aos 40 anos, na Escola de Oleiros Joaquim Antônio de Medeiros, da qual atualmente é diretor. Única desse tipo na América Latina, a escola aberta em 1992 é uma maneira de tentar manter a tradição milenar, que corre o risco de desaparecer. No auge das atividades, na década de 1960, eram cerca de 20 olarias na cidade. Hoje são apenas cinco.

– A olaria é a mais importante manifestação cultural da cidade, é um tesouro muito grande que a gente guarda. Podemos voltar a ser polo cerâmico, o que alavancaria turismo, emprego e renda da região – planeja Val.

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Ele sonha em criar uma olaria incubadora no município, com suporte maior aos alunos na prática da profissão. A escola, que atende cerca de 130 alunos, fica no bairro Ponta de Baixo e permite o contato com peças e utensílios de barro que remetem ao século 18, quando os açorianos trouxeram o ofício à região.

História a céu aberto

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O centro histórico de São José é pequeno e aconchegante, proporcionando um passeio a céu aberto pela história da região. Dá para apreciar um conjunto de seis casarios construídos no século 19 e início do 20, e é só o início. Ao lado da Praça Hercílio Luz fica o Theatro Adolpho Mello. Erguido em 1854, é a casa de espetáculos mais antiga de Santa Catarina e uma das mais primeiras do Brasil. Entre as décadas de 1920 e 1980 transformou-se em cinema, atraindo pessoas de toda a região, mas está interditado desde 2013 à espera de restauração. Ali perto também está a Igreja Matriz e ainda o Beco da Carioca.

A fonte de água construída em 1840 disponibilizava aos moradores água potável e torneiras em um espaço que funcionava como lavadouro público. Ao todo 14 pedras que serviam para bater a sujeira mais insistente das roupas, trabalho realizado durante muito tempo pelas lavadeiras. Lourival lembra quando a mãe ia ao local para lavar as peças de roupas. Já o Centro Histórico, na época da juventude do artista plástico, era o ponto de encontro do grupo de amigos:

– Quando São José ainda era uma cidade pequena, tudo acontecia neste Centro. Hoje tem olarias e tradições. Em um domingo por mês, por exemplo, acontece a Feira da Freguesia, com rodas de samba e manifestações culturais.

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Área de lazer

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Espaço de lazer para toda a família. É assim que Lourival define o Parque de Coqueiros, em Florianópolis. Pertinho de São José, tem parque infantil, duas quadras de futebol de areia, uma de vôlei de praia e um campo de futebol suíço, além da quadra de basquete. Outra opção para quem quer se exercitar é a academia ao ar livre com diversos aparelhos e uma pista de caminhada de 850 metros, que percorre toda a área do parque e, de quebra, proporciona vistas privilegiadas da Ilha de Santa Catarina. Nos finais de semana e feriados, famílias lotam o parque, inclusive com animais de estimação. O local é democrático e abriga eventos diversos. Para Lourival, o destaque fica com as rodas de capoeira, concursos de pipa e prática de slackline.

Balneário de recordações

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Para o artista plástico, visitar o Balneário de Guararema é trazer à tona recordações da infância em São José. Era ali, na década de 1960, que pessoas de diversos bairros tomavam banho e se divertiam. Val aproveitava a praia para pescar e pegar siri. Corridas de canoa, tradicionais na época, faziam parte das atrações. Hoje, o balneário não recebe mais banhistas, porém ainda oferece opções de gastronomia e uma vista incrível da Ilha de Santa Catarina. As águas tranquilas são usadas por pescadores, que ancoram as embarcações por ali, e por maricultores. Localizado no bairro Ponta de Baixo, com pouco mais de 2 mil habitantes, o balneário atualmente é sinônimo de calmaria e boa comida, principalmente frutos do mar.