Casos de hepatite B em gestantes devem ser obrigatoriamente notificados ao Ministério da Saúde, segundo uma nova definição de uma portaria da pasta, que também define a obrigatoriedade das notificações em casos de crianças expostas à doença. Estes eventos serão incluídos na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública.
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O ministério destacou, em nota, que a notificação de hepatite B em gestantes não é feita a cada gestação, mas uma única vez, no momento do diagnóstico da doença. Por isso, os casos notificados no país se referem a gestantes que obtiveram o diagnóstico durante a gestação. Em 2023, foram 732 casos de hepatite B em gestantes no Brasil, levando a uma taxa de detecção de 0,3 caso por mil nascidos vivos.
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Já em relação à transmissão vertical da hepatite B, ou seja, de mãe para filho durante a gestação ou no parto, o ministério informou que existe um declínio da taxa de detecção em crianças menores de cinco anos ao longo dos últimos anos.
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Em 2022, foram registrados 0,6 caso. Já em 2023, 0,4 por 100 mil crianças menores de cinco anos. Ao todo, 65 crianças foram diagnosticadas com hepatite B em 2023 no Brasil.
Eliminação da transmissão vertical
Ainda conforme o ministério, a hepatite B também foi incluída na certificação de eliminação da transmissão vertical de infecções e doenças no Brasil. Até então, essa certificação incluía somente HIV, sífilis e doença de Chagas. A decisão foi tomada com base em critérios definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), “com adaptações para o contexto nacional”, informou a pasta, em nota.
“A certificação poderá ocorrer para uma dessas doenças ou, concomitantemente, para mais de uma delas, a depender dos indicadores locais”, disse a pasta.
Neste ano, os estados também podem pedir certificação para eliminar a transmissão vertical das doenças. Ao todo, 85 municípios enviaram relatórios com solicitação de certificação única, dupla ou tripla, sendo 68 para HIV, 33 para sífilis e 26 para hepatite B. “A visita aos municípios solicitantes deve ocorrer até agosto e a solenidade de certificação ou entrega de selos está prevista para o início de dezembro”, informou o ministério.
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Hepatite B
A B é um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil. Entre 2000 e 2023, 36,8% dos casos confirmados de hepatites virais são da B. Esta é a segunda maior causa de morte entre as hepatites virais: 21,7% dos óbitos relacionados a esse tipo de doença entre 2000 e 2022.
De acordo com o ministério, a maioria dos casos de hepatite não apresenta sintomas, e muitas vezes a doença só é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado, como cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados.
A principal forma de prevenção é com a vacinação. A vacina para hepatite B, atualmente, é indicada para todas as pessoas que ainda não tenham sido imunizadas, independentemente da idade.
Todas as gestantes a partir do primeiro trimestre ou na primeira consulta do pré-natal já são testadas para hepatite B, com exames laboratoriais ou testes rápidos. Aquelas que têm o resultado não reagente e que não têm histórico de vacinação, podem receber o imunizante em três doses.
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Já aquelas que recebem o resultado do teste rápido reagente devem completar a avaliação com um exame específico e carga viral de hepatite B. Caso o resultado seja confirmado, a gestante passa por tratamento com medicação a partir do terceiro trimestre.
Já para crianças expostas à hepatite B durante a gestação, é recomendada a vacina e imunoglobulina para hepatite B, preferencialmente nas primeiras 24 horas após o parto. “Essas medidas, realizadas em conjunto, previnem a transmissão perinatal da hepatite B em mais de 90% dos recém-nascidos”, destacou o ministério.
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