Os casos de Hepatite A em Santa Catarina aumentaram 38,8% em mulheres no ano passado. Os dados do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde apontam que em 2017 o valor era de 18 casos e em 2018 passou para 25. Já entre os homens, apesar dos valores serem mais elevados os dados não tiveram alteração, com 48 ocorrências em ambos os anos. A Hepatite A pode ser prevenida via vacinação disponível no SUS.
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Em comparação com os outros dois estados da região sul, SC é o segundo colocado em quantidade de ocorrências atrás apenas do Rio Grande do Sul em ambos os sexos. As gaúchas somam 55 registros no último ano e uma elevação de 129% em comparação com 2017, por sua vez, os gaúchos contabilizam 103 casos em 2018, com uma elevação de 119%.
Histórico dos últimos 10 anos em SC:

Aumento em Florianópolis chega a 100%
Entre as capitais da região Sul, Florianópolis está empatada com Curitiba no número de casos no sexo feminino com três registros. Entretanto, o Paraná se manteve estável, enquanto na capital catarinense houve o incremento de um registro, o que representa um crescimento de 50%, passando de dois para três entre 2017 e 2018. Já no sexo masculino Florianópolis tem um aumento percentual de 100%, indo de 12 para 24 casos nesse período. O valor está atrás apenas de Porto Alegre, com um acréscimo de 190%, indo de 12 para 35 registros.
Os dados do MS são corroborados por outra pesquisa realizada localmente por um laboratório de análises clínicas com atuação na Grande Florianópolis.
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O levantamento da empresa avaliou 11.217 pessoas que realizaram exames diagnósticos nas 30 unidades na região entre 2015 e 2018. Observou-se que os resultados positivos para a doença triplicaram em 2017 e quadruplicaram em 2018, quando comparados a 2015. A maioria homens entre 20 e 39 anos.
A médica patologista e diretora do laboratório Annelise Wengerkievicz Lopes, explica que essa ampliação é percebida não apenas localmente, mas também a nível nacional e até mesmo internacional. Segundo ela, não pode se precisar o porquê, porém fatores relacionados indicam que é a forma de transmissão que pode ocorrer de maneira fecal-oral por sexo sem proteção o principal fator para esse incremento.
— Como profissional da área da saúde a gente observa que o mundo todo está olhando com cuidado para isso. Observou-se um crescimento em outras doenças sexualmente transmissíveis como sífilis e HIV. Um exemplo é o ‘surto’ de Hepatite A que ocorreu em 2017 em São Paulo, onde a secretaria municipal de saúde passou a oferecer a imunização para homens que fazem sexo com homens, travestis e transexuais — afirma Lopes
Entretanto, a médica ressalta que o cuidados de higiene são fundamentais para evitar a propagação da doença que não é transmitida apenas por via sexual, mas também por alimentos e até mesmo água contaminada, já que é semelhante a parasitoses.
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— Nos Estados Unidos houve inclusive um surto da doença em um creche por causa de morangos contaminados com o vírus. Há uma vigilância internacional em relação a isso, por exemplo, americanos que vêm para cá tem indicação obrigatória da imunização contra a doença — diz Annelise
Hepatite A
A Hepatite A é uma infecção aguda no fígado causada pelo vírus (HAV) e o tratamento se baseia em dieta e repouso. Geralmente melhora em algumas semanas e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá a doença novamente.
Os sintomas do vírus costumam aparecer de 2 a 4 semanas após a infecção, são eles: fadiga, febre baixa, dor muscular, náusea, vômitos e urina escura. Geralmente dura menos de dois meses. Há ainda a forma grave de manifestação da doença, conhecida como fulminante, que pode levar a morte. A recomendação é que quem estiver com estes sintomas procure um médico. Na maioria das vezes, não tem sintomas em crianças, mas em adultos costuma ser mais severa.
— Para identificar a hepatite é necessária a realização da sorologia que busca a presença de anticorpos contra o vírus. O teste fica pronto em 48 horas e pode ser coletado em qualquer uma de nossas unidades — explica Wengerkievicz
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Prevenção
A vacina contra a doença está disponível no SUS, para crianças de um ano e três meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias), e também para individuos de qualquer idade que tenham: qualquer tipo de hepatite crônica, distúrbios da coagulação do sangue, HIV, doenças imunossupressoras e de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias e pessoas que sejam candidatos a transplante de órgãos e doadores.

Para quem não se aplica nestes grupos e têm entre cinco e 59 anos, a Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim) recomenda a vacinação disponível na rede privada. São necessárias duas doses, com custo médio de R$ 150,00 cada. Ela só é contraindicada a mulheres grávidas.
— A imunização é a melhor forma de prevenção com eficácia comprovada de 94% a 100% dos casos — ressalta a patologista
Além da vacina cuidados simples devem ser adotados para evitar a propagação da doença, são eles: lavar e cozinhar bem os alimentos, manter uma boa higiene corporal e usar camisinha.