Patrono da cadeira número 20 da Academia Catarinense de Letras, Henrique Stodieck (1912-1973) completaria nesta segunda-feira, 27, cem anos. Juiz, escritor, filósofo e sociólogo, Stodieck nasceu em Florianópolis, estudou Direito e foi professor da Faculdade de Direito de Santa Catarina.

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Na passagem do centenário de nascimento de Henrique Stodieck, tendo sido seu aluno na antiga e vetusta Faculdade de Direito (1965) da Rua Esteves Júnior nesta Capital, na década de 1950, não me escusei de homenageá-lo, mercê de nossa convivência dentro e fora da Faculdade, tendo sido ele que me incentivou a prestar concurso público de Assistente na Faculdade e me indicou para ser membro da Academia Catarinense de Letras.

Cultíssimo e erudito, filósofo e sociólogo, Stodieck foi o melhor conhecedor das obras de Nietzsche, Bergson, Max Weber e outros destas áreas. Desapegado ao “vil metal”, como dizia, reservava-se, no seu germanismo introspectivo, aos trabalhos no magistério e magistratura na Junta de Conciliação de Florianópolis e depois no Tribunal Regional do Trabalho em Porto Alegre, comparecendo a congressos de Direito do Trabalho, Filosofia e Sociologia, e também cultivando os selecionados amigos professores de direito e filosofia, Joaquim Madeira Neves, Osni Régis,Waldemiro Cascaes, Mário Clímaco da Silva, Eudoro de Souza, Agostinho da Silva (portugueses), o italiano Fioravante Ferro, de História da Arte, e esporadicamente, Abelardo Gomes e José do Patrocínio Galotti, que o acompanhavam nos finais de manhãs e de tardes no Bar do “Lino”, apreciando o malte e o lúpulo da sua preferida Pilsen Extra, então fabricada em Joinville.

Stodieck, no seu desejo de isolamento de contatos docotidiano, enamorado do mar e integração “no imponderável da natureza infinita e restauradora”, como escreveu, refugiava-se no Morro das Pedras, com certo toque poético: “A região não é bem uma praia, mas o próprio morro que se afunda, bruscamente, no mar; este, como de comum, e especialmente nos dias de ressaca, avança em ondas que parecem rolos compressores até perto da estrada, lavando as pedras e tudo dissolvendo que encontra perdido no caminho, mas apenas polindo as rochas de basalto, assim como o raciocínio reduz as poeiras da realidade e sistemas abstratos, sem penetrar o incognoscível de nossa vida, de nosso destino, de nossa situação no mundo”.

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Da sua vasta bibliografia, colho de uma que organizou suas palestras e conferências, a frase de uma em Pelotas, que compareceu a convite do seu grande amigo e colega, Mozart Victor Russomano: “…a justiça está a meio caminho entre a moral e a lógica”, bem como a lapidar: “Não se deve condenar num gênio o que ele não fez”.

Saiba mais:

Henrique Stodieck foi presidente do Instituto dos Advogados de Santa Catarina, membro da Academia Americana de Ciência Política, da Associação Americana de Antropologia, da Associação Americana para o Desenvolvimento da Ciência, do Instituto de Direito Social de São Paulo, da Sociedade Internacional do Direito do Trabalho e Legislação Social (sede em Genebra) e do Instituto Brasileiro de Sociologia.

Fonte: Cesar Luiz Pasold