Após um intervalo de dois meses e meio e dois adiamentos seguidos, o trabalho de coleta externa de sangue em Itajaí, que há um ano é feito pelo Hemosc de Blumenau, será retomado na segunda-feira. Geralmente, as atividades nas cidades que não possuem hemocentro são tradicionalmente suspensas entre dezembro e janeiro – quando cai o número de doadores – e são retomadas no começo de fevereiro. Mas, neste ano, a infestação de focos do Aedes aegypti, mosquito que transmite dengue, chikungunya e zika vírus, atrasou ainda mais o retorno das coletas.
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Diretor do Hemocentro de Blumenau, o médico Delson Morilo Langaro, explica que em novembro, quando doações foram interrompidas em Itajaí, a cidade tinha muitos casos suspeitos de dengue. Como muitos não se confirmaram e não se considera que a cidade passe por uma epidemia – Itajaí já registrou 16 casos da doença neste ano; em 2015 chegou a 3.158 – as coletas poderão ser feitas normalmente.
– Tínhamos a preocupação com a dengue, zika e chikungunya. A capacidade de penetração dessas doenças na população é grande. Mas agora está tudo certo: os dados da vigilância mostram que não temos mais risco de início
de surto – avalia.
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Langaro revela que, apesar da distribuição de 60 senhas por dia, é comum o número ficar abaixo do oferecido. Segundo o diretor do Hemosc Blumenau, a quantidade se torna significativa quando é somada com a coleta externa feita no restante do Estado.
– Tomamos o cuidado para coletar apenas o necessário, já que o sangue também é perecível. Nunca aceitamos mais do que precisamos. Caso tenha algum episódio paralelo, como alguma unidade precisar de mais sangue que o normal, nos adaptamos – explica.
O médico ressalta que, com uma média de 600 bolsas por mês enviadas somente pela unidade de Blumenau – sem contabilizar o sangue repassado pelo hemocentro de Florianópolis -, hoje o Marieta Konder Bornhausen é um dos hospitais que mais consome sangue em Santa Catarina. Para comparar, a média de consumo mensal do Hospital Santo Antônio, de Blumenau, fica em torno de 450 bolsas.
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Apesar do atraso no retorno das atividades externas em Itajaí, o local e o atendimento permanecem os mesmos: as coletas ocorrem todas as segundas-feiras (exceto feriados) na Unidade de Saúde Familiar e Comunitária do campus da Univali, no térreo do bloco F7. O expediente é das 9h às 12h e das 13h30min às 16h. O doador será atendido por meio de senhas – 30 de manhã e 30 à tarde.
Sede do Hemosc é demanda antiga
O médico responsável pelo Hemosc de Blumenau, Delson Morilo Langaro, avalia que, apesar de ser uma demanda antiga da comunidade e da regularidade das doações de sangue, Itajaí não tem condições de manter um hemocentro próprio. Com número de coletas que varia entre 45 a 60 por semana, a cidade que sedia um dos hospitais que mais consome sangue no Estado, mas não tem um volume considerável de doadores. Para se ter uma ideia, em Blumenau, segundo Langaro, são registradas entre 60 e 80 doações por dia, uma média de 2 mil por mês.
– É caro manter a estrutura de um posto próprio. Atualmente existem seis hemocentros no interior de Santa Catarina mais um na Capital. É mais barato deslocar uma equipe para as cidades menores e fazer a coleta lá, do que tirar força de trabalho das grandes cidades. É mais barato fazer boas coletas num dia específico do que ficar o tempo todo disponível e receber pequenas doações – compara ao explicar que são deslocados 10 profissionais para Itajaí nos dias de coleta externa.
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Segundo o secretário de Saúde de Itajaí, Osvaldo Gern, apesar da mobilização de lideranças, não há perspectiva de instalação de uma unidade do Hemosc no município. Segundo ele, este é uma reivindicação que precisa de contrapartida financeira do Estado.
– Sem recursos ficamos impossibilitados de fazer algo. O poder público até pode ajudar com a gestão, mas é uma situação complexa – comenta.