A solidariedade tem a cor amarela para pessoas como José Joel da Silva Júnior. Nesta quarta-feira, o servidor público de 50 anos dedicou mais de 1h30 do seu dia para doar plaquetas por aférese pela vigésima sétima vez. O procedimento, diferente da coleta de sangue, separa na hora da doação as células responsáveis pela coagulação sanguínea, evitando sangramentos.
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Ao invés do vermelho, a bolsa ganha um colorido amarelo. As plaquetas duram apenas cinco dias fora do corpo e requerem um procedimento que exige uma boa veia. Por isso, o Hemosc de Joinville precisa de mais doadores exclusivos dessas células. Hoje existem apenas 130 cadastrados.
– Um dia a enfermeira olhou a minha veia e gostou. Aí perguntou, “não quer fazer uma doação de plaquetas?” – contou o servidor público, que resolveu doar plaquetas por “solidariedade”.
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Como o aparelho de aférese separa os três componentes do sangue e aproveita apenas as plaquetas, os outros dois – plasma e hemácias – voltam para o doador. Para conseguir passar por esse ciclo em que parte do sangue volta para o doador, é preciso o que a enfermeira do Hemosc Tatiana Krüger chama de “boa capacidade venosa”.
– Se a veia estourar, o procedimento tem que ser interrompido – explicou ela.
Para cada doação é usado um kit estéril, que elimina as chances de contaminação, já que o sangue não entra em contato com o aparelho. Bolsas de coleta e uma agulha de calibre maior são os utensílios básicos e descartáveis da coleta por aférese. O sangue do doador fica dentro da bol que tem o formato de uma bola, onde é centrifugado e separado em três partes. O plasma vai para uma bolsa, o vermelho do sangue que são as hemácias permanecem dentro da bola, enquanto as plaquetas ficam distribuídas em várias bolsas. Apenas uma delas serve para uso. As outras separam os rejeitos da coleta, como possíveis bolhas de ar.
O aposentado Pedro Moreira Pinto, de 58 anos, resolveu doar plaquetas para ajudar. Assim como José, o aposentado também era doador de sangue, mas ficou sabendo durante as idas ao Hemosc que crianças do Hospital Infantil precisavam das células coaguladoras do sangue e resolveu doar.
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– A gente tem filho também, né – justificou ele, pai de uma rapaz de 18 anos.
Quando soube que o Hospital Infantil precisava de plaquetas, Pedro resolveu ser doador
Quem faz aférese já doou sangue
Ter sido doador de sangue antes de doar somente plaquetas é uma característica de quem escolhe passar pelo procedimento de aférese. Por isso, a coordenadora de captação de doadores do Hemosc, Marlene Tiltey, considera tão importante falar sobre a coleta exclusiva de plaquetas. As pessoas, de acordo com ela, não costumam procurar o centro para oferecer esse tipo de células. O número de doadores de sangue é 130 maior que o de plaquetas.
Uma bolsa de plaquetas costuma durar cinco dias, passa por testes parar descartar a presença de doenças – como a de Chagas, a hepatite, o HIV, a sífilis e o Htlv I e II -, e fica armazenada em uma centrífuga. Se parar de mexer, as plaquetas se aglomeram e não podem mais ser usadas. A delicadeza dos procedimentos, aumentam as dificuldades da missão de cumprir a meta. Marlene precisa de seis doadores ou, no mínimo, quatro por dia. Muitas vezes, a coordenadora entra em contato através do cadastro para conseguir que os voluntários compareçam ao Hemosc.
– Chamamos conforme o hospital nos solicita – esclareceu Tiltey, que continuou a explicar – As doações de plaquetas por aférese são agendadas.
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A ajuda de José e Pedro vai para pessoas que passaram por cirurgias cardíacas e que enfrentam doenças como câncer, anemia plástica ou passam por tratamentos como radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea. São todas doenças e tratamentos que exigem do corpo uma cicatrização ou recuperação rápida dos tecidos, nas quais atuam as plaquetas. Os dois doam muito mais essas células do que o sangue completo.
Oito contra uma
Na coleta de sangue comum que dura no máximo 20 minutos é preciso oito bolsas para reunir a quantidade de plaquetas conseguidas em uma única sessão de uma hora e meia de aférese. O procedimento, para a coordenadora, é muito mais eficaz na ajuda a pacientes com câncer, por exemplo. Enquanto uma bolsa vermelha tem até 460 ml, a amarela fica na média de 300 ml. Mensalmente, duas mil pessoas doam sangue e apenas 50 passam pelo procedimento de coleta de plaquetas.
.::Serviço
.::Para doar plaquetas é preciso:
*Estar acima de 60 kg
*Ter bom acesso venoso
*Evitar comer alimentos gordurosos antes de doar
*Não tomar medicamentos como AAS ou anti-inflamatório cinco dias antes
*Agendar previamente a coleta