Hemerson Maria ligou o modo “Sincerão” na entrevista coletiva em projeção para o jogo deste sábado contra o Sport. Seja pela sequência de sete partidas sem vitória ou por reflexo do momento de ebulição no extra-campo do clube, o treinador demonstra desconforto. Entre as frases “eu não imaginava que o bicho era tão feio”, “hoje não temos grupo para conseguir o acesso”, “o Figueirense não concorre com as principais forças da Série B” e “não aceito ingerências no meu trabalho, pego o boné e vou embora”, o profissional falou sobre a conjuntura do Alvinegro.

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— Está sendo bastante difícil, eu não imaginava que o bicho era tão feio. Mas as pessoas, na figura do presidente, do Fernando Kleimmann, do Fernandes, do mais humilde funcionário até o presidente estão arregaçando as mangas e trabalhando. Por isso sempre peço apoio do torcedor e paciência — pontua o técnico do Figueirense.

A impossibilidade de escalar o zagueiro e lateral Brunetti por um veto da diretoria foi uma das situações que irritou Hemerson Maria. O imbróglio envolvendo o agente do jogador foi resolvido nesta semana e ele viajou com a delegação para Recife, ficando à disposição no sábado contra o Sport. O treinador se posicionou de maneira contrária às interferências no trabalho da comissão técnica.

— Quero ratificar, não tenho contrato nenhum com empresário, quem resolve minhas coisas sou eu, não aceito ingerências no meu trabalho e a partir do momento que tiver e eu não concordar, pego meu boné e vou embora. Foi pago o salário ontem, está em dia, algo que não acontecia há muito tempo, fruto de ativos de atletas vendidos para colocar jogadores em dia. Foi resolvida a situação e torcer para que o Brunetti dê sequência na carreira, que é um grande jogador — comenta Maria.

Com dois empates em duas partidas, o Figueirense ocupa a 11ª posição da tabela da Série B. A pressão das arquibancadas é por acesso, com o torcedor alvinegro pela primeira vez vendo a equipe fora da elite do futebol nacional por três anos consecutivos durante o Século XXI. Campeão da segundona em 2014 pelo Joinville, o treinador pede pés no chão ao falar da disputa pelo G4.

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— Com toda humildade, quem está falando, modéstia à parte, é um treinador que sempre disputou a Série B para chegar. Título (com o Joinville), Avaí chegamos próximos, duas vezes na trave com o Vila Nova. Hoje, temos um grupo que não está preparado para conseguir o acesso. No decorrer da competição podemos, sim, formar um grupo forte, com comprometimento, luta, entrega, disciplina tática, surpreender e conseguir o objetivo. Mas hoje não é a realidade — afirma o comandante alvinegro, que vê o time sem condições financeiras de disputar no bloco da frente.

— Sendo transparente, o Figueirense não concorre com as principais forças da Série B. Ano passado, o Figueirense pagava 200 mil reais em laterais. Esse dinheiro é quase metade da nossa folha. Estamos indo atrás de jogadores de 6 mil reais, de 10 mil, de 12 . E fazer com que virem realidade aqui. Estamos ensinando algumas coisas para jogadores. Cabe a mim e à comissão técnica passar tranquilidade. Vai ser um ano difícil, temos que ter um comprometimento de todos para que o Figueirense seja recolocado na primeira divisão — conclui.

O técnico vai para a 24ª partida no comando da equipe. São nove vitórias, dez empates e quatro derrotas no ano, com as eliminações na semifinal do Campeonato Catarinense e segunda fase da Copa do Brasil. O time vive o pior momento da temporada, em uma sequência de sete partidas sem vencer, e tenta o primeiro triunfo da Série B às 16h30 de sábado contra o Sport na Ilha do Retiro.