Descanso nunca foi uma palavra muito usada por Heloisa Walter de Oliveira, 62 anos. Professora e diretora de escola por mais de 20 anos, ela não parou nem mesmo com a merecida aposentadoria. À frente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Joinville, Heloisa não pensa em entregar o cargo tão cedo.

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– Coloquei a minha vida à disposição da APAE – diz, emocionada.

Dona Heloisa nasceu em Lages, mas mudou-se para Joinville em 1970. A escolha foi feita em comum acordo com o marido. Recém casada na época, ela buscava uma vida nova em Joinville.

Foi aqui que formou-se em letras e teve três filhos. Cinco anos depois de sua chegada, já assumia a direção da antiga escola Antonia Alpaides Cardoso dos Santos, no Nova Brasília.

– Foi aí que comecei a ajudar as pessoas – recorda.

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A diretora da APAE já perdeu a conta de quantos jovens encaminhou ao mercado de trabalho e hoje tem o prazer de vê-los atuando como advogados, doutores, diretores de banco e empresários.

– Sempre procurei fazer algo pelas famílias de baixa renda. Mesmo durante as férias, eu organizava almoços na escola para quem não tinha o que comer – diz.

O primeiro contato com a APAE aconteceu em 2002, ano em que fazia parte do Conselho da Criança e Adolescente.

– Fui convidada a integrar a diretoria, mas não queria aceitar porque já tinha muitas funções – lembra.

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Mesmo com uma vida atribulada, Heloisa topou o desafio de ser diretora social da associação. A aposentada foi indicada à diretoria geral, assumiu o cargo, mas, por motivos pessoais, ficou afastada da associação entre 2004 e 2008. Animada a retornar para a APAE, Heloisa resolveu dedicar todo o seu tempo às crianças especiais.

– Tenho muito amor por esses alunos-pacientes – afirma.

Parte dessa dedicação ajuda Heloisa a tapar o vazio que a morte da sua filha mais nova, Gisele, deixou. Há três anos, a caçula sofreu um acidente de carro e não resistiu aos ferimentos. A mãe estava junto no momento do acidente, mas conseguiu sair ilesa.

– O trabalho com essas crianças ameniza a minha dor – desabafa.

– Às vezes me pergunto por que não fui eu que morri naquele acidente, talvez Deus me queria viva para ajudar as pessoas.

O trabalho na APAE é um conforto. Rodeada de crianças, Heloisa se sente em casa.

– Eles têm muito amor para dar – diz.

– Enquanto eu tiver forças vou continuar minha missão aqui.

A associação atende diariamente 350 jovens com deficiência mental ou física, além de dar suporte às escolas. Segundo Heloisa, sua maior função é correr atrás de melhorias para a APAE.

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