Eles têm histórias parecidas com o futebol catarinense e com os times que fazem a final do estadual deste ano. Hélio dos Anjos e Dorival Jr foram jogadores do Joinville e treinadores do Figueirense. Por detalhes, Hélio não foi treinador de Dorival no tricolor. Os dois conhecem bem o futebol do Estado e avaliam que JEC e Figueira são as equipes que mais cresceram ao longo do campeonato, e também apresentam projetos mais sólidos. Favoritos? Nenhum deles arriscou, mas os dois têm certeza de que será um grande jogo.
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Hélio do Anjos tem a voz serena, se expressa com calma, como se fosse um professor que explica a um aluno do quarto ano como resolver a sua primeira equação. Hélio encerrou a carreira como jogador do Joinville e virou treinador das categorias de base do clube. No fim da década de 1980 assumiu o time profissional e iniciou a carreira de técnico que o levaria a trabalhar no Figueirense em 2012, em uma das fase mais complicadas do Alvinegro, que seria rebaixado para a Série B naquele ano.
O treinador disse que dedica 6h em média por dia ao futebol – assiste jogos, assiste reprises do jogos, estuda e faz contatos. Em pouco mais de meia hora de conversa, Hélio citou diversos jogadores de clubes menores de todo o país que poderiam ser ótimas contratações e também avalia que o futebol catarinense está muito forte em comparação aos demais estaduais.
– A identidade dos clubes com a cidade e rivalidade entre eles ajudou no crescimento do campeonato e os times estão melhor estruturados, mais equilibrados e com projeto mais sólidos. E o Joinville e Figueirense são os que mais se destacam nesse processo, por isso também que chegam à final.
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Diário Catarinense -Como você avalia os Figueirense e Joinville?
Hélio dos Anjos – Figueirense se estabilizou depois do clássico do ano passado, quando embalou e o clube, apesar de alguns altos e baixo, tem um projeto maior há mais tempo. O Joinville há muito tempo busca essa estabilidade, se no Figueirense ocorreu rápido, no Jec foi mais cadenciado, mas o clube está muito equilibrado e os jogadores compromissados com o time.
DC – Qual o ponto mais forte do Figueirense?
Hélio – Acho que Eutrópio conseguiu dar muita consistência ao ataque do Figueirense. Éverton Santos, Dudu, Ricardo Bueno formam um trio muito perigoso e de grande qualidade. Mas fazer esse sistema funcionar não é simples. Outro destaque é o garoto Giovani, que joga muita bola e dá equilíbrio ao meio-campo junto com Marcos Assunção. O time parece sólido e com muita força ofensiva.
DC – E Joinville? Considerando a primeira partida como deve ser no jogo de volta?
Hélio – O Jec pode parecer um time mais defensivo, mas não é. A primeira linha de quatro é bem posta da defesa, mas demais são organizados para avançar, o melhor exemplo é o Wellington Saci que foi extremamente agudo domingo passado. O volante Marcelo Costa também tem muita qualidade na saída de bola e esse esquema dá trabalho ao adversário. Agora precisamos saber como ele vai resolver a ausência do Jael, que é muito importante para fazer com Edgar Júnio também jogue bem.
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Dorival Jr. está tranquilo. Chegou para a entrevista de bermuda, camiseta e chinelo havaianas e levava consigo apenas o óculos, a carteira e o celular – e não o pegou nenhuma vez em 40 minutos. No Joinville, ainda como jogador, Dorival foi campeão catarinense em 1987. No Figueirense, iniciou a carreira de treinador e também foi campeão estadual em 2003.
Sem clube desde que deixou o Fluminense em 2013, Dorival está em Florianópolis e mantém contato com os colegas – fala com o Luiz ( como ele se refere ao Felipão, da Seleção) e também conversou com Vinícius Eutrópio recentemente. Enquanto não cuida da mudança de casa, Dorival acompanha os jogos de diversos campeonatos, mas ainda é reticente quando a ideologia que vê em prática no mercado brasileiro. Mas ele acredita no sucesso de Joinville e Figueirense independente de quem for o campeão neste domingo.
– Os dois clubes estão equilibrados. O Jec manteve uma boa base do ano passado e o Hemerson Maria conseguiu dar solidez ao grupo. E o Vinícius soube lidar com os momentos mais complicados e usar bem os atletas que tem no time. O Ricardo Bueno é o melhor exemplo.
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Diário Catarinense – É possível traçar comparações entre os times que você foi campeão com os dois que estão na final neste ano?
Dorival Jr – Não tem como medir se uma equipe do passado é melhor ou pior. Não tem como comparar porque são épocas muito diferentes. O que permanece é a torcida que sempre apoia o time, mas comparações técnicas são muito difíceis. Mas na década de 80 o Joinville tinha um projeto que foi mantido, agora se encaminha para isso novamente.
DC – Como você avalia o Joinville e Figueirense ao longo do campeonato?
Dorival Jr – Acompanhei diversos jogos do campeonato e senti a equipe do Figueirense em uma crescente depois de um início mais conturbado. A estrutura foi mantida do ano passado, mas as dificuldades são grandes para encaixar as peças. A experiência do Marcos Assunção também ajudou nisso. O Joinville já estava mais organizado e isso foi mantido. O Hemerson conseguiu dar mais segurança defensivamente e agora mostra opções boas de ataque. O Joinville deve ter um ano muito bom se seguir nesse caminho.
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DC – O que chama mais atenção nas duas equipes?
Dorival Jr – Os treinadores talvez sejam os grandes responsáveis pelo sucesso dos dois times. São profissionais que começam a se destacar agora, mas com trabalhos que dão confiança. O Hemerson Maria vai para a sua segunda final em três anos. O Vinícius Eutrópio é um cara muito interessado e estudioso e está provando isso. Fato é que os dois times cresceram muito na mão deles.
DC – Algum palpite?
Dorival Jr – Para cravar o campeão? Não. O Joinville tem uma vantagem considerável, mas o Figueirense joga em casa. Qualquer erro pode ser fatal e o jogo exige muita concentração. Não adiante, são detalhes que vão definir o campeão. Mas será uma boa partida, inclusive no aspecto técnico e tático.