Novos episódios de violência foram registrados neste sábado em Hebron, após o funeral de cinco jovens, cujos corpos foram enfim entregues às famílias pelas autoridades israelenses, enquanto Israel se prepara para recordar o 20º aniversário do assassinato de Yitzhak Rabin na presença do ex-presidente americano Bill Clinton.

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O aniversário ocorre num momento em que palestinos e israelenses estão envolvidos em uma nova espiral de violência que fez uma nova morte neste sábado. Um palestino de 17 anos foi morto a tiros pelas forças israelenses em um posto de controle no norte da Cisjordânia ocupada.

De acordo com a polícia israelense, ele estava com uma faca, mas foi morto antes de atacar alguém.

Desde o início do mês, a violência – ataques isolados cometidos por palestinos ou confrontos entre jovens palestinos e soldado – fizeram 67 mortes entre os palestinos, incluindo um árabe israelense, e nove entre os israelenses.

A violência começou na Cidade Velha de Jerusalém, onde está localizada a Esplanada das Mesquitas, mas se concentra agora em torno de Hebron, no sul da Cisjordânia.

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Esta cidade tem sido há tempos cenário de um conflito que opõe, de um lado, 500 colonos israelenses vivendo entrincheirado sob a alta proteção do exército israelense, e de outro, mais de 200.000 palestinos.

No centro da cidade dividida, um local sagrado para judeus e muçulmanos concentra todas as tensões: o Túmulo dos Patriarcas, a Mesquita de Ibrahimi para os muçulmanos, fisicamente dividida.

Em seus arredores, vários palestinos foram mortos, apresentados como agressores pela polícia e exército israelenses, e como vítimas de soldados e colonos pelos palestinos.

Multidão

Milhares de palestinos que gritavam “Nós vamos morrer, mas a Palestina viverá” enterraram cinco adolescentes, incluindo duas jovens, no início da tarde em Hebron: Bashar e Hossam al-Jaabari, de 15 e 18 anis, Tareq Natcheh, de 17 anos, e Bayan al-Assileh e Dania Irshaid, duas palestinas de 16 a 17 anos.

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Todos eles foram baleados pelas forças israelenses que os acusaram de tentar atacar soldados.

Um outro palestino foi enterrado em um bairro de Jerusalém Oriental ocupada e um sétimo em Jenin.

O pai de Tareq Natcheh expressou à AFP o alívio “por poder enterrar com dignidade” seu filho, mas disse que “viver em um país onde há apenas guerra, todos esperam conhecer a morte, ferimentos ou perder um filho”.

Vinte outros pais de palestinos cujos corpos não foram devolvidos pelas autoridades israelenses, denunciam uma “punição coletiva”, que se soma ao arsenal de medidas de retaliação adotado pelo governo contra as famílias de suspeitos de ataques, incluindo a destruição de suas casas.

A tensão voltou a aumentar em Hebron depois do cortejo fúnebre com um novo confronto entre jovens palestinos atiradores de pedras e soldados.

Outro motivo de preocupação é o fechamento do bairro de Tel Rumeida, no centro de Hebron, onde apenas os palestinos que vivem na área têm o direito de entrar.

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A respeito deste bairro e de outros onde colonos israelenses se instalam há várias décadas, que a Anistia Internacional fez um alerta, pedindo que o exército israelense “adote medidas para proteger os civis palestinos dos ataques de colonos israelenses”.

Homenagem a Rabin

Durante a noite, em Tel Aviv, deve ser realizada uma grande manifestação para marcar o 20º aniversário do assassinato de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro morto com três tiros nas costas por Yigal Amir, um extremista judeu.

Este ano, o evento é especialmente significativo dada a presença de Bill Clinton. O ex-presidente dos Estados Unidos conduziu pessoalmente na Casa Branca a cerimônia de assinatura dos “Acordos de Oslo”, os primeiros entre Israel, representado por Yitzhak Rabin e seu chanceler Shimon Peres, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada na época por Yasser Arafat assistido por Mahmoud Abbas, o atual presidente da Autoridade Palestina.

O assassino de Yitzhak Rabin explicou claramente que queria eliminar qualquer possibilidade de acordo com os palestinos.

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Nos 20 anos que se seguiram, as negociações que continuaram de maneira periódia não deram resultados concretos.

* AFP