E o Nordeste continua destilando aquele veneno cujos vagalhões sonoros se espalharam a ponto de a região ser considerada um celeiro da música extrema. Oriundo de Mossoró, no distante Rio Grande do Norte, o Heavenless soube como captar e explorar as mais variadas características pela qual o gênero se desenvolveu ao longo das últimas três décadas, marcando sua estreia com um impacto e tanto.

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Whocantbenamed é o nome bem sacado do disco, cujo maior trunfo é a diversidade do repertório. Cada um dos músicos sabe como enriquecer as composições – o inspirado baterista Vicente tem as manhas em fugir do lugar comum. O trio trabalhou com o thrash, o death, o hardcore e o doom, e como consequência desta linha de ação, o repertório passeia pela velocidade, muita cadência e momentos mais arrastados.

Se a combinação de tantos elementos pode resultar na ausência de identidade, o Heavenless exibe toda a preocupação em manter a coerência do produto, o que fica ainda mais reforçado pela aura obscura que cobre cada canção. Entre a sequência de destruição que é a audição, dá para destacar Soothsayer, The Reclaim e Odium, exemplos de como o grupo dilui e une tantas características com a devida propriedade.

Ponto positivo para a belíssima arte de Hugo Silva que ilustra a capa de Whocantbenamed, que reflete todo o conceito obscuro das letras, de tom combativo, antirreligioso e existencialista. O Heavenlesspassou 2017 excursionando por vários Estados do Brasil e anunciou que seu próximo EP, que sai nos próximos meses, terá uma veia mais hardcore. Vamos ver o que vem por aí… ImI

Formação:
Kalyl Lamarck: voz e baixo
Vinicius Martins: guitarras
Vicente Mad Butcher Andrade: bateria  

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Foto: Heavenless / Divulgação

Heavenless: Whocantbenamed
2017 / Rising Records – nacional
01. Enter Hades
02. Hopeless
03. The Reclaim
04. Hatred
05. Soothsayer
06. Odium
07. Uncorrupted
08. Deceiver
09. Point-blank


*Ben Ami Scopinho está há mais tempo em Floripa do que passou em sua terra natal, São Paulo. Ilustrador e designer no DC, tem como hobby colecionar vinis e CDs de hard rock e heavy metal. E vez ou outra também escreve sobre o assunto.