O terceiro título consecutivo do havaiano Andy Irons foi confirmado nesta segunda, dia 8, em Imbituba (SC), durante a 10ª e penúltima etapa do World Championship Tour (WCT) 2004 – a primeira divisão do circuito mundial de surfe profissional. A conquista veio com a derrota do australiano Joel Parkinson – único atleta que poderia impedir o tri de Andy Irons – para o brasileiro Tânio Barreto (AL), na 13ª bateria da terceira fase, na Praia da Vila.

Continua depois da publicidade

– Foi muito estranho e difícil para mim ficar torcendo do lado de fora, mas até vibrei com as duas primeiras ondas do Tânio, que foram muito boas e vi que ia ter uma disputa na bateria. Infelizmente, ou felizmente, o Joel não conseguiu achar as melhores ondas para tentar uma reação – disse o tricampeão.

O havaiano já havia passado pela terceira fase – deu o troco no campeão catarinense Raphael Becker, que tinha vencido o duelo na primeira fase do Nova Schin Festival WCT Brasil – e assistiu à eliminação de Joel Parkinson ao lado da namorada Lindye Dupues.

Foi a quarta vez na história do WCT em que o título foi decidido no Brasil. As outras três vezes ocorreram no Rio de Janeiro: o americano Kelly Slater, em 1992, o australiano Mark Occhilupo, em 1999, e o havaiano Sunny Garcia, em 2000.

Em sua primeira apresentação nesta segunda-feira, Andy Irons ganhou a revanche contra Raphael Becker devolvendo a “combination” (quando o adversário fica precisando de mais de 10 pontos) que o catarinense havia aplicado em sua estréia, na Praia da Joaquina.

Continua depois da publicidade

O havaiano mostrou muita tranqüilidade para ganhar a oitava bateria do dia, com placar de 16,43 x 11,73 pontos.

– É sempre bom você poder devolver uma derrota no mesmo evento e foi isso que eu consegui fazer aqui hoje, mas não sinto nenhuma pressão por estar enfrentando algum surfista local. Para mim não vejo nomes ou pessoas quando entro na água, apenas a cor das camisas – disse Andy Irons.

Na disputa seguinte, Kelly Slater, que defende o título da etapa brasileira, deu espetáculo na Praia da Vila, sem deixar qualquer chance para o paulista Adriano “Mineirinho” de Souza.

– Consegui pegar as melhores ondas da bateria, mas o Mineirinho é um ótimo surfista e com certeza tem um grande futuro pela frente. Acredito que daqui uns dois ou três anos ele poderá ser o surfista que vai trazer um título mundial para o Brasil – afirmou o hexacampeão mundial.

Continua depois da publicidade

Na seqüência vieram três vitórias australianas, com Darren O’Rafferty, Taj Burrow e Kieren Perrow. Mas quem deveria vencer mesmo acabou sendo eliminado. O alagoano Tânio Barreto começou bem a bateria, enquanto Joel Parkinson não conseguia pegar as melhores ondas.

Com uma nota 7,83 em sua segunda onda e 6,63 na quinta, o campeão brasileiro de 2001 decidiu o título mundial da temporada ao derrotar o australiano por 14,46 x 10,90 pontos.

– Não comecei bem a bateria, o mar estava muito mexido, e eu não consegui um bom posicionamento no mar. Estou triste por não ter conseguido continuar na disputa do título. Estou decepcionado não só comigo mas também por todo o povo australiano que esperava mais de mim – afirmou Joel Parkinson.

O alagoano Tânio Barreto, que ganhou um convite de última hora para participar da etapa brasileira, também ficou triste e até pediu desculpas para o australiano, ressaltando que só estava fazendo o seu trabalho.

Continua depois da publicidade

– Essa praia só me dá alegria. Eu fui campeão brasileiro (em 2001) aqui, sempre consegui bons resultados nestas ondas e só quero mostrar o meu potencial. No final da bateria, quando vi a vibração pelo título aqui fora eu até fiquei chateado por ser um convidado e acabar tirando a chance do título dele. Mas, somos profissionais e se ele pudesse teria me vencido, só que eu fui melhor e agora vou até pedir uns 10% do prêmio para o Andy Irons ou então pedir uma guarita especial lá no Havaí para ele – disse Tânio, que depois recebeu os cumprimentos do novo tricampeão mundial.

Tânio Barreto seguiu para enfrentar nas oitavas-de-final o catarinense Neco Padaratz, que na disputa seguinte quebrou o recorde da etapa ao totalizar 18,17 pontos de 20 possíveis, em suas duas melhores ondas (notas 9,5 e 8,67) surfadas contra o havaiano Kalani Robb.

E os brasileiros foram um destaque à parte na segunda-feira em Imbituba. O paulistano Renan Rocha, terceiro colocado no ano passado, abriu o dia conquistando a primeira vaga nas oitavas-de-final contra o veterano australiano Luke Egan.

Na terceira bateria, o pernambucano Paulo Moura despachou outro australiano, Trent Munro, com uma nota 9 em sua primeira onda. E na seqüência, o paraibano Fábio Gouveia derrubou o campeão mundial de 2001, o americano C. J. Hobgood, o baiano Armando Daltro derrotou o australiano Michael Lowe e o paranaense Peterson Rosa deu um show para ganhar o confronto verde-amarelo contra o potiguar Marcelo Nunes.

Continua depois da publicidade

Com isso, sete brasileiros se classificaram para as oitavas-de-final. A previsão é de que a penúltima etapa do ASP Foster’s World Championship Tour (WCT) seja encerrada nesta terça, dia 9, e o local do último dia de disputas em Santa Catarina será anunciado após a reunião da comissão técnica às 7h.

São grandes as possibilidades de que o evento seja mesmo encerrado na Praia da Vila, em Imbituba, distante cerca de 100km ao sul da capital catarinense. A briga agora é pelos US$ 30 mil de prêmio pela vitória na etapa.