Acusada de ter mantido uma família americana refém por cinco anos, a rede extremista Haqqani é um grupo aliado dos talibãs no combate às forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão.

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Este grupo insurgente, suposto autor de vários atentados no Afeganistão, é liderado por Sirajudin Haqqani, que, por sua vez, é o adjunto do chefe dos talibãs afegãos.

Há tempos, é suspeita de ter ligações estreitas com os serviços secretos paquistaneses.

Em 2011, o almirante americano Mike Mullen descreveu a rede extremista como um “autêntico braço” dos serviços paquistaneses.

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“Quando as autoridades americanas falam, mesmo em particular, sobre o que mais os preocupa, sempre citam a Haqqani”, diz Michael Kugelman, analista do Wilson Center em Washington.

– Quem são? –

A organização foi fundada por Jalaludin Haqqani, um comandante mujahedin que combateu a invasão soviética no Afeganistão nos anos 1980 com o apoio de Estados Unidos e Paquistão.

Jalaludin Haqqani construiu sua fama por sua organização e coragem, o que chamou a atenção da CIA. O congressista americano Charlie Wilson o visitou pessoalmente.

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Este líder, que fala árabe, estreitou os laços com os jihadistas árabes, como Osama bin Laden, chegado à região durante a guerra. Mais tarde, foi ministro sob o regime talibã.

Os Estados Unidos considera a Haqqani um grupo terrorista, conhecido por recorrer a ataques suicidas.

A rede é acusada de estar por trás da explosão de um caminhão-bomba que matou 150 pessoas em maio no centro de Cabul, apesar de Sirajudin negar o fato em uma mensagem de áudio.

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Também é apontada como responsável pelos assassinatos de autoridades afegãs e de sequestros para obter o pagamento de resgate.

Entre os últimos sequestros que receberam atenção midiática estão o do casal, que foi libertado na semana passada, Joshua Boyle e Caitlan Coleman, e de seus três filhos nascidos em cativeiro, bem como o do militar americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014 e julgado atualmente por deserção.

– Onde estão? –

Após a invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão em 2001, os combatentes do Talibã atravessaram a fronteira paquistanesa, onde se reagruparam antes de lançar uma insurreição contra os americanos.

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A rede Haqqani coordenava ataques contra a Otan, de seu reduto de Miran Shah, capital do Waziristão do Norte, um território tribal paquistanês.

Os Estados Unidos responderam com ataques de drones, enquanto o Exército paquistanês lançou operações.

Sobre as operações paquistanesas, o Afeganistão costuma tratar com ironia, dizendo que, curiosamente, nunca acabam com a Haqqani.

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O Paquistão intensificou suas operações na região em 2014, forçando muitos combatentes a se esconderem, ou se mudarem para o Afeganistão, de acordo com fontes insurgentes questionadas pela AFP.

– Vínculos com o Paquistão? –

O Paquistão considera a Índia, sua vizinha e rival, como uma ameaça existencial. A rede Haqqani é frequentemente acusada de atacar os interesses indianos no Afeganistão, reforçando as suspeitas de que atua em nome das agências de Inteligência paquistanesas.

O Paquistão “vê a Haqqani e, em geral, o Talibã afegão como uma ferramenta útil para combater a presença da Índia no Afeganistão”, afirma Kugelman.

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Políticos e ex-militantes em Islamabad reconhecem a importância para o Paquistão de manter canais abertos com a Haqqani.

Mas, de acordo com Mehmood Shah, ex-brigadeiro que esteve em áreas tribais, “há uma diferença entre ter contato e apoiar, ou fazer parte”.

– O que os Estados Unidos pedem? –

Washington pressiona há tempos o Paquistão para que reprima os grupos insurgentes, sobretudo, os da Haqqani.

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O presidente americano, Donald Trump, aumentou recentemente a pressão, acusando Islamabad de jogo duplo no Afeganistão e de abrigar em seu território “agentes do caos”. O Paquistão nega tais acusações.

* AFP