O islandês Hannes Halldorsson já se tornou uma das personalidades da Copa do Mundo da Rússia. A história de como defendeu um pênalti cobrado pelo argentino Lionel Messi na estreia da Islândia no Mundial merece um filme, que ele mesmo poderia dirigir e protagonizar.

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Isso porque Halldorsson, além de ter se tornado um herói nacional no pequeno país nórdico de pouco mais de 300.000 habitantes, é um diretor de cinema de prestígio.

Aos 34 anos, o islandês é cineasta antes de goleiro, uma profissão que chegou bem mais tarde. Não em vão, ocupava o gol do Knattspyrnufélag Reykjavik (KR) quando o Sandnes, da Noruega, o contratou após uma partida pela seleção contra a Croácia. Ele tinha 27 anos.

Sete anos depois, o goleiro entrou na sala de coletiva de imprensa na Otkrytie Arena de Moscou exibindo um enorme sorriso, após ser eleito melhor jogador da partida contra a Argentina, na estreia de ambas as seleções na Copa do Mundo da Rússia.

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“Enfrentar o melhor jogador do mundo e num pênalti é um grande momento, é um sonho realizado, principalmente porque nos ajudou a conseguir um bom ponto que espero nos ajude a nos classificar”, comemorou.

Sua atuação não foi questão de sorte, mas sim de estudo e análise, de horas revendo vídeos de cobranças de pênaltis do atacante do Barcelona.

“Eu fiz meu dever de casa. Era uma situação que eu sabia que podia acontecer. Eu vi um monte de pênaltis do Messi. Tentei entrar em sua cabeça para adivinhar o que poderia fazer”, explicou.

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Depois da passagem pelo Sandes, Halldorsson se transferiu para o NEC Nimega, da Holanda, onde não conseguiu deslanchar, voltando para o futebol norueguês por empréstimo. Desde 2016, defende o gol do Randres, da Dinamarca. Mas, durante essas indas e vindas, nunca perdeu contato com o cinema.

– Do Eurovision à Coca-Cola –

Em 2012, o goleiro teve a grande oportunidade da ‘segunda carreira’ ao dirigir o clipe de “Never Forget” (Nunca Esqueça), música interpretada pelos cantores islandeses Greta Salomé e Jonsi no festival europeu de música Eurovision, recebendo elogios de público e crítica.

“Passei minha juventude fazendo pequenos filmes. Comecei com 12 anos e, dos 16 aos 20, me dedicava só a isso”, explicou o goleiro, que treinou para a grande oportunidade dirigindo clipes gratuitamente para um grupo de cantoras chamado “Nylon”.

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Pouco depois, dirigiu o documentário “Nossos Jogadores”, no qual aproximava os atletas da seleção islandesa ao público e que contava com Eidur Gudjohnsen, ex-companheiro de Messi no Barcelona e estrela na Islândia, como protagonista.

Pelo carisma e repertório de qualidade, a Coca-Cola encarregou Halldorsson de fazer a propagando da Copa do Mundo, que seria transmitida na Islândia com o título de “Saman” (Juntos).

“Queríamos fazer uma propaganda que emocionasse as pessoas, algo para lembrá-los que estamos juntos nessa viagem. Podemos ser só 11 em campo, mas nunca nos sentimos sozinhos, todos os islandeses estão com a gente”, declarou o goleiro da seleção.

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O ex-jogador de basquete Kobe Bryant ganhou há alguns meses um Oscar de melhor curta de animação por “Dear Basketball”, uma ode ao seu amor pelo esporte, depois de se aposentar das quadras.

Após mostrar que os holofotes não o impressionam, Hannes Halldorsson poderia seguir os passos do americano, contando uma história conhecida pelo mundo todo sobre como defendeu um pênalti de Lionel Messi no maior evento esportivo do planeta.

* AFP