A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (23) em endereços de oito empresários que compartilharam mensagens em um grupo de WhatsApp supostamente apoiando um golpe de Estado, caso Jair Bolsonaro não seja reeleito nas eleições deste ano. As informações são do G1 e do jornal Folha de São Paulo.

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A ação atende a ordens do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes. Entre os alvos da operação estão os empresários catarinenses Luciano Hang, da Havan, e Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii.

Os mandados estão sendo cumpridos em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará. Segundo a PF, 35 policiais participam da ação em todos os Estados.

A reportagem da NSC busca contato com a defesa dos empresários envolvidos. São alvos da operação:

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  • Afrânio Barreira Filho;
  • Ivan Wrobel;
  • José Isaac Peres;
  • José Koury;
  • Luciano Hang;
  • Luiz André Tissot;
  • Marco Aurélio Raymundo;
  • Meyer Joseph Nigri

Além das buscas, Alexandre de Moraes determinou bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio das contas nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário.

O jornal Metrópoles divulgou com exclusividade na última semana as mensagens compartilhadas entre os empresários em um grupo de WhatsApp chamado de Empresários & Política, criado no ano passado.

> Operação que mira Hang e Morongo foi tratada como sigilo absoluto na PF

A discussão começa quando o proprietário do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, José Koury, afirma que preferia uma ruptura à volta do PT e que voltar a ser uma ditadura não impediria o país de receber investimentos externos. 

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“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu. 

O médico Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo e dono das lojas Mormaii, concordou com o empresário.

“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro (…) Golpe foi soltar um presidiário”, escreveu.

Contrapontos

O que dizem os envolvidos na ação da PF nesta manhã:

Hang

A assessoria de Luciano Hang emitiu uma nota em resposta à operação. Confira na íntegra:

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“O empresário Luciano Hang foi surpreendido na manhã de hoje com um mandado de busca e apreensão expedido pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes. Luciano estava trabalhando em sua empresa, às 6h da manhã, quando a Polícia Federal o abordou e recolheu seu telefone celular.

‘Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros.

Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF. Eu fui vítima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente está em parte das redações pelo Brasil'”.

Barreira

O advogado do empresário Afrânio Barreira também manifestou o caso em nota. Daniel Maia afirmou que o cliente está colaborando com a verdade e que a operação “é fruto de uma perseguição política e denúncias falsas, as quais não têm nenhum fundamento”. 

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“Afrânio está absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará no arquivamento da investigação”.

Wrobel

A defesa de Ivan Wrobel informou que o cliente tem “histórico de vida ligado à liberdade”. 

“Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos”.

Raymundo

Marco Aurélio Raymundo disse, através da defesa, que “ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos”. A defesa afirmou que Morongo entregou o celular à PF.

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Tissot

A assessoria de Luiz André Tissot não irá se manifestar sobre o tema.

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