O handebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas nas escolas brasileiras. Em Blumenau, terra natal da melhor jogadora do mundo, Eduarda Amorim, o caminho é inverso. A cidade, que sempre teve ao menos um representante da modalidade defendendo o país nos Jogos Olímpicos desde 1996, com Fausto Steinwandter, vive um momento atípico.
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Mesmo com o título mundial das meninas da Seleção Brasileira em 2013, na Sérvia, a modalidade perdeu espaço nas atividades escolares. Não há professores na rede pública que fomentem o handebol e a equipe adulta feminina, seis vezes vice-campeã da Liga Nacional, não vai disputar a competição pela primeira vez em 10 anos por falta de apoio financeiro. Berço de atletas campeãs mundiais e centro de treinamento da Seleção Brasileira, Blumenau se vê a cada dia mais distante de encontrar novas estrelas do esporte.
Sexta-feira esgotou o prazo para as equipes manifestarem a intenção de disputar a Liga, prevista para começar em agosto. Sem dinheiro para bancar viagens, custos de manutenção da equipe, alimentação e taxas da liga, Sérgio Graciano, técnico e dirigente da equipe, não se manifestou. Explica que a equipe ainda tem dívidas da edição passada (em torno de R$ 40 mil), em que ficou entre as quatro melhores:
– Nunca é uma peça culpada, é sempre um contexto que faz chegar a esse ponto. Nosso principal parceiro é a Fundação Municipal de Desportos (FMD), que é responsável por pagar o Bolsa Atleta e nos dar a estrutura para os treinos. E a FMD sempre faz a parte dela, mas os custos de jogar uma liga nacional são altos, por isso precisamos de ajuda da iniciativa privada ou do governo do Estado, em programas como o Fundo Estadual de Incentivo ao Esporte (Fundesporte). Em dez anos conseguimos o benefício do Fundesporte apenas duas vezes.
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Técnico lamenta ter que abandonar a competição
O treinador blumenauense acredita ainda que com a economia em crise, fica difícil para que uma empresa invista R$ 10 mil por mês em um time. Segundo ele, a equipe precisaria de pelo menos R$ 70 mil para conseguir disputar _ de maneira bem econômica _ a competição, sem cobrir as dívidas do ano passado. Com a equipe formada desde fevereiro e treinando para disputar a competição, Graciano lamenta ter que abandonar a princi- pal vitrine:
– Nossas campanhas sempre são fortes. A equipe é montada pensando nos grandes torneios. Se a gente fica fora, a visibilidade diminui e as meninas tendem a ir embora. Elas querem jogar, é triste treinar o ano inteiro para no fim disputar apenas os Jogos Abertos de Santa Catarina. Em dez anos jogando a Liga, nove vezes ficamos entre os quatro melhores.
Ao desistir da vaga desse ano, Graciano acredita que a decisão atrapalhe a equipe no ano que vem, ao perder a prioridade da vaga para outra equipe.
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