A chama olímpica está em solo brasileiro e em dois meses passará por Blumenau. Aqui, o ícone mais emblemático do esporte será carregado, entre outras pessoas, pela melhor jogadora de handebol do mundo, a blumenauense Eduarda Amorim. O foco da Olimpíada é no Rio de Janeiro, mas fala-se em manter um legado esportivo em todo o país – inclusive com investimentos – e Blumenau faz parte desse roteiro, com verba do Ministério do Esporte injetada em projetos e estrutura para criação de futuros talentos olímpicos.
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Mas, o que acontece se esses atletas não conseguirem disputar os principais campeonatos do país por falta de dinheiro? Com a falta de visibilidade para o esporte, atletas deixam os clubes e, consequentemente, as categorias de base perdem a motivação. Blumenau ainda não chegou neste estágio, mas a equipe que formou a olímpica Duda vive essa realidade, que se repete em diversas outras modalidades do esporte local.
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O time feminino de handebol de Blumenau é seis vezes vice-campeão da Liga Nacional, principal campeonato do esporte no país, mas pela primeira vez em 10 anos não conseguiu participar do torneio em 2015, por falta de dinheiro. Um ano se passou, a equipe foi mantida, disputou os Jogos Abertos no fim de 2015 e, novamente, vê a chance de jogar a Liga escapando. A equipe tem até o próximo dia 16 para sinalizar à Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) se irá participar do campeonato, e, por enquanto, a resposta é negativa. Sem dinheiro para custear a participação, a equipe está em busca de apoio financeiro.
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A ação é quase uma vaquinha.O técnico das meninas, Sérgio Graciano, explica que, após a ausência ano passado, para 2016 o time montou um projeto para conseguir os R$ 40 mil necessários para bancar viagens, estadias e alimentação durante a primeira fase da Liga. Foram separadas 13 cotas de R$ 3 mil, que podem ser compradas individualmente em parcelas de até três vezes de R$ 500.
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Desta forma, qualquer pessoa pode apoiar o time da cidade. Duas cotas já foram vendidas e outras três estão em negociação. Para a segunda fase e às finais do torneio, a parte financeira já está acertada com a organização, mas, sem os R$ 40 mil iniciais, Blumenau não conseguirá entrar no páreo.
– Ainda não perdemos muita coisa por ficar fora do ano passado, pois somos um ponto de referência no esporte. Ainda temos o respeito da Confederação e das outras equipes pelo nosso destaque nacional nos anos anteriores. Tanto que fomos convidados novamente este ano para jogar, mas se ficarmos de fora novamente acredito que começaremos a sentir. Ficará difícil segurar as jogadoras, porque elas querem jogar, não dá pra ficar só treinando o ano inteiro, por mais que 80% da equipe seja de Blumenau. É triste pois a cidade tem o handebol enraizado, não há no Brasil um projeto local tão vencedor – avalia Graciano.
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Técnico fez dívidas pessoais para bancar o time em 2014
Sérgio Graciano chegou a fazer até dívidas pessoais para ustear a ida do time de handebol feminino de Blumenau à Liga Nacional em 2014, quando pagou mais de R$ 30 mil em seu cartão de crédito. Dívida que hoje já conseguiu pagar.
A equipe recebe o apoio do município, através da Fundação Municipal de Desportos, em forma do Bolsa-Atleta – que serve como forma de pagamento do salário das jogadoras – e a estrutura para treino. A Furb auxilia com bolsas de estudo para as atletas e o resto fica por conta dos patrocínios e apoiadores, cada vez mais escassos.
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Para conseguir pagar a ida da equipe à Liga do Desporto Universitário no mês passado, torneio em que as meninas foram vice-campeãs, o time fez uma feijoada para arrecadar dinheiro. No próximo dia 17, começa em Maringá (PR) o Campeonato Brasileiro d/e handebol e Blumenau ainda não sabe se irá participar:
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– Passo mais tempo buscando dinheiro do que treinando – diz Graciano.
Prejuízo na formação de atletas na base
Além do impacto imediato no time profissional, a ausência nos principais campeonatos pelo país tem reflexos rápidos na formação de atletas. Para a goleira Josiane Hellmann, a Josinha, que defendeu Blumenau em 10 edições da Liga Nacional e atualmente também treina as categorias de base do time, o interesse das jovens cai ao não ver as profissionais em quadra.
– É muito triste ver essa situação, pois temos uma equipe muito competitiva. E as meninas da base gostariam de ver as adultas jogando. Ao não ir para a Liga, perde-se todo um trabalho de motivação – pondera a atleta.
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Josinha – que havia cogitado a aposentadoria no início do ano e mudou de ideia -, destaca a falta de incentivo de uma forma geral, tanto no investimento por parte de empresas quanto da visibilidade do esporte em si.
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Como ajudar
Se você tiver interesse em comprar uma das cotas, pode entrar em contato pelo telefone 9601-3048 ou pelo facebook.com/abluhand.