O Halloween, tradição nos EUA, foi importada para o Brasil através do sincretismo das superstições e lendas de cada região do país com o conceito americano, em que as pessoas vestem fantasias aterrorizantes e as crianças batem nas portas pedindo doces.
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Em Florianópolis – conhecida como a Ilha da Magia – a tradição do Halloween foi incorporada ao Dia das Bruxas. Segundo as lendas da cidade, esses seres místicos foram os primeiros habitantes da Ilha. As bruxas ganharam ainda mais relação com a Ilha da Magia ao serem retratadas na obra do pesquisador, folclorista e artista Franklin Cascaes.
Entrelaçada com os contos de Cascaes, que vivo estaria completando 112 anos, acontecem algumas celebrações pela cidade, que este ano, devido a pandemia e o avanço no número de infectados pelo covid-19, sofreram adaptações. Como exemplo, o Passeio Bruxólico, em sua quarta edição, que traz o mundo sobrenatural de Cascaes como enredo para uma volta pela Capital em lugares que foram retratados pelo artista.
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O passeio passa pela Avenida Beira Mar Norte, Centro Histórico, Parque da Luz, Ponte Hercílio Luz e Beira Mar de Coqueiros – com parada em Itaguaçu, para lembrar as lendárias bruxas de Itaguaçu. O tour sai do Shopping Iguatemi e é organizado pela Floripa By Bus e este ano acontece entre os dias 30 e 31 de outubro e dia 1º de novembro, com redução de 50% da capacidade para garantir o distanciamento necessário entre os participantes.
Escolas de inglês espalham cultura do Halloween
Também responsáveis por alimentar a cultura americana e as tradições de Halloween, as escolas de língua inglesa estão preparando adequações aos costumes sem abandonar a festividade. As unidades da Wizard em Florianópolis preparam uma programação em drive thru e concurso de fantasia virtual.
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– Realizamos um grande evento com doces e salgados, todos caracterizados de acordo, concurso de fantasia, trick or treat (doces ou travessuras), brincadeiras de “terror” e mais o que nossa criatividade permitir. Para este ano, preparamos um “drive thru” com entrega de doces para nossos alunos kids e teens, já que não podemos receber a todos na escola – conta Felipe Souza, Gestor de Marketing e Comercial da Wizard.
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Halloween invade condomínios de Florianópolis
O empresário americano Joshua Stevens, que chegou ao Brasil em 2004, trouxe para Florianópolis as tradições em sua essência, ao lado da esposa Luciana Melo e dos filhos Sofia, de 15 anos, e Samuel, de 10 anos, organizam anualmente uma grande festa nos moldes americanos.
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Moradores de um condomínio no Porto da Lagoa, na Lagoa da Conceição, receberam a informação do cancelamento de eventos dessa natureza. A medida está sendo tomada em diversos condomínios e loteamentos – onde é mais comum ver a movimentação dos pequenos em busca de doces ou travessuras – como medida de contenção ao avanço do contágio de covid-19.
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– No nosso condomínio até foi levantando o assunto de fazer o “doces ou travessuras”, mas com a segunda onda de coronavírus foi decidido que não seria seguro fazer e todos concordaram – conta Joshua, que lamenta:
– 2020 foi um ano que precisamos fazer muito sacrifícios. Lamentavelmente o Halloween também não poder ser celebrado igual outros anos, mas acho que vamos valorizar mais essas festa e encontros com nossos amigos e familiares no futuro e aproveitar essas reuniões – comenta o americano, que diz que embora o grande evento anual não possa ser feito, as tradições serão mantidas em família.
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– Sim! O “espírito” vive ainda! As decorações e diversão com as crianças continua! Um pouco menos intenso, mas com o espírito igual. Nos inspiramos na Páscoa e iremos esconder doces pelo quintal assim poderemos fazer uma caça aos doces – conta empresário.
Norte-americanos no Brasil reforçam tradição dos EUA
Com o mesmo espírito, a americana Sarah Borenstein, Cônsul para Imprensa, Educação e Cultura do Consulado dos EUA em Porto Alegre espera pela data. Ainda em agosto, os filhos Isaac, de 9 anos, David, de 6, e Eve, de 2, já começaram a planejar as fantasias, logística, peças, e maquiagem necessárias para o evento em família.

– No ano passado, meus filhos se vestiram de Harry Potter, esqueleto e abóbora. Neste ano, eles estão focados no Pokémon, e os três vão com este tema – conta.
São desses momentos em família que Sarah se recordar, ao lembrar das festividades quando ainda era criança.
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– A minha mãe era costureira e figurinista, então claro que ela tinha muito talento para fazer qualquer tipo de fantasia – e eu tive muita sorte. Passei a minha infância numa cidade no norte do estado de Illinois, onde faz bastante frio no outono e inverno, então as minha memórias são de fazer Trick-or-Treating muitas vezes debaixo de uma chuva fria, com a fantasia coberta por um casaco! Mas sabe, os doces sempre tem um bom sabor, independentemente do frio e da chuva.
Sarah, que esteve no Brasil pela primeira vez há quase 16 anos, conta que não lembra de ver, naquela época, uma relação tão forte dos brasileiros com a tradição americana, mas em 2016 quando retornou a aproximação da culturas já era outra.
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– Quando voltei ao Brasil em 2016, parecia que o conhecimento sobre Halloween tinha se espalhado muito mais, e que tinha sido adotado e adaptado ao estilo brasileiro – como um pequeno Carnaval. Adorei ver isso. Recentemente, ouvi algumas pessoas se referindo ao Halloween como a “Dia do Saci” e gostei dessa interpretação, tecendo juntos o folclore dos Estados Unidos e do Brasil em uma tradição completamente nova – comenta a cônsul, referindo-se a data criada pelo Projeto de Lei Federal nº 2.479, de 2013, que institui o 31 de outubro como sendo o Dia do Saci, em forma de uma resistência pacífica as tradições dos EUA.