Uma curiosa tendência está se consolidando na teledramaturgia global: as novelas das sete estão conquistando o público e batendo recordes de audiência trama após trama. Totalmente demais terminou em maio como o grande sucesso da faixa desde 2012, e deixou a difícil missão de manter o nível para Haja coração. Em seus primeiros 30 dias no ar, no entanto, a nova novela não só segurou a bronca como está aumentando ainda mais os índices de popularidade.

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Estrelada por Mariana Ximenes, a obra está com média de 26,4 pontos no Ibope. Com o bom desempenho, a Globo já estuda estendê-la, assim como fez com Totalmente demais. A ideia em análise é mantê-la no ar até o início de 2017. O problema está na agenda do elenco, que tem compromissos firmados.

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Haja coração é inspirada em Sassaricando, novela de 1987, e tem uma trama leve e despretensiosa, com pitadas de humor, assim como Totalmente demais. A seu favor, a obra de Daniel Ortiz tem o fato de aguçar a curiosidade para rever personagens icônicos como Tancinha (papel que foi de Cláudia Raia e agora cabe a Mariana) e Fedora Abdala (antes interpretada por Cristina Pereira e, na versão atual, por Tatá Werneck). Mas não inova.

A antecessora, sim, trouxe muita novidade. Foi uma narrativa transmídia que expandiu conteúdos para além da TV convencional. Totalmente demais, de Rosane Svartman e Paulo Halm, teve um capítulo zero antes da estreia, e, após seu término, ganhou uma série spin-off – que obteve a impressionante marca de 3,4 milhões de visualizações. Ambos disponibilizados no aplicativo Globo Play, o serviço de vídeo por streaming da emissora. Além disso, ainda promoveu um cross-over com Haja coração incluindo uma cena com a personagem de Tatá em seu último capítulo.

O mais estranho é ver os folhetins das sete, por vezes, ficarem à frente das novelas das nove. Isso vem ocorrendo desde que I love paraisópolis bateu Babilônia e A regra do jogo, em 2015. À época, a Globo avaliou que era um problema com as tramas urbanas e violentas que vinham se repetindo há anos. Com Velho Chico, a emissora apostou em uma superprodução que resgatou as histórias rurais mescladas com estética de cinema. Ainda assim, sucesso mesmo quem faz é Haja coração. Mais do que uma dificuldade enfrentada pela faixa das nove, o fenômeno pode indicar uma mudança nos hábitos e nas preferências dos espectadores.

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Trama bem-humorada com elenco afiado

Sem medo de pastelão, Daniel Ortiz não está fazendo um remake de Sassaricando. Haja coração trouxe de volta o núcleo mais divertido da novela de Silvio de Abreu, mas criou novas histórias. Tanto que a Tancinha de Mariana Ximenes nem lembra aquela que projetou Cláudia Raia na década de 1980. O sotaque italianado da feirante não é realista, mas quem disse que deveria ser? O papel caiu muito bem em Mariana, que vem fazendo um ótimo trabalho, principalmente ao lado de João Baldisserini, que vive Beto.

O grande destaque até aqui é mesmo a família Abdala, em especial a interpretação da atriz gaúcha Grace Gianoukas. A megera Teodora, que deve morrer num acidente em cenas previstas para irem ao ar entre segunda e terça, arranca risos do público. A parceria com Tatá Werneck, que vive Fedora, a filha de Teodora, é um dos pontos altos do folhetim. Tatá, aliás, faz seu melhor trabalho em novelas (antes, ela participou de Amor à vida e I love Paraisópolis). Outros atores que estão muito bem em cena são Alexandre Borges, Marisa Orth e o trio Carolina Ferraz, Malu Mader e Ellen Roche.

Não há novidades em Haja coração, mas há uma trama bem amarrada, com bons ganchos e personagens bem conduzidos.

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