L?Union Fait La Force. A inscrição em francês de “A União Faz a Força” faz parte do brasão de armas do Haiti. Pois neste domingo cerca de 350 haitianos se reuniram na Praça Coronel Bertaso, em Chapecó, para lembras das vítimas do terremoto que em 12 de janeiro de 2010 deixou mais de 100 mil mortos e milhares de flagelados.
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Houve discursos em francês e português, agradecimentos, música e vinculação entre os haitianos e também com os brasileiros que representam entidades de apoio aos imigrantes.
Após a execução do hino brasileiro, foi executado o hino do Haiti. Uns tiraram o boné em respeito. Celulares e tablets foram posicionados para captar um momento que lembrou a música Haiti, de Caetano Veloso: “O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui”. Longe de suas casas, os haitianos se reuniram como uma comunidade.
-Vamos mandar um vídeo para o Haiti mostrando que mesmo estando fora, não esquecemos do nosso país e de nossos familiares e amigos- disse o presidente da Associação dos Haitianos de Chapecó, Jean Innocent Monfiston, um dos coordenadores do ato. Os presentes receberam uma camiseta da Associação.
Depois da tragédia milhares de haitianos deixaram o país natal para tentar uma vida melhor em outros países. O Brasil virou um dos principais destinos. A maioria dos haitianos pegou avião até o Equador e depois foram de ônibus ou carro até a fronteira do Peru com o Acre, onde se instalaram em Brasileia, como foi o caso de Claudy Alexis, que está há um ano e meio no Brasil.
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-No começo era tudo muito diferente, muito difícil, mas agora está melhor- disse Alexis.
Os primeiros 23 haitianos chegaram no Oeste em 2011, contratados para a fábrica de piscinas e caixas d?água Fibratec.
Atualmente, somente na região de Chapecó, a estimativa é entre 2,5 mil e três mil haitianos, segundo o presidente da Associação dos Haitianos de Chapecó, Jean Innocent Monfiston.
Eles ainda têm dificuldades de comunicação, muitos moram em alojamentos. Mas também estão otimistas com uma vida melhor, como o auxiliar de produção Nahum Saint Julien, que conseguiu uma vaga no curso de letras, dentro de um processo seletivo voltado para os haitianos promovido pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
-Quero agradecer ao Brasil que abriu as portas para nós e nos deu várias oportunidades, entre elas a de estudar- afirmou. O que ele mais sente saudades é da esposa, Sandra, e da filha Sephora, de três anos, com quem se comunica pela internet e telefone. Em 2015 ele espera conseguir que elas venham para o Brasil.
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Stanley César, que trabalha numa agroindústria em Nova Erechim, levou para a praça a bandeira do Haiti, que trouxe na mala. Em um ano e três meses no Brasil, já tem uma namorada brasileira e espera abrir o curso de Medicina na UFFS, para dar continuidade aos estudos que começou no Haiti.
-Quero fazer Medicina e continuar trabalhando aqui no Brasil- disse. Eles não esquecem a sua terra, mas já começam a se sentir um pouco brasileiros.