Em outubro de 2010, quando era secretário da Segurança Pública de Santa Catarina, o delegado André Mendes da Silveira causou polêmica entre as autoridades do Estado ao admitir pela primeira vez em entrevista a existência da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC).

Continua depois da publicidade

Na época, revelou que presos estavam ordenando assaltos de dentro das cadeias. Hoje, o ex-secretário atua como delegado na Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Tubarão, Sul do Estado.

Nesta entrevista, concedida quinta-feira à tarde por telefone, André afirma que há um grande número de pessoas ligadas ao PGC e ações permanentes feitas na região para evitar nova onda de atentados. Confirma os principais trechos:

Diário Catarinense – Por que essa ação da facção no Sul do Estado?

Continua depois da publicidade

André Mendes – Na verdade estamos fazendo o monitoramento permanente para poder desarticular efetivamente todo o PGC.

DC – Há dificuldade em mantê-los presos ou estão migrando para outras regiões?

Mendes – Existe uma dificuldade por causa de rotatividade entre os criminosos. O líder é preso e assume outro disciplina.

DC – Há proliferação de criminosos voltados à facção?

Mendes – Há um grande número de pessoas vinculadas. Um vai para o presídio e eles já vão vendo outro para assumir aquela região. Aí tu começas a agir de novo. Isso gera dificuldade. Muitos presos acabam saindo daqui. Um deles, na condição de disciplina em Tubarão, quando começou uma guerra aqui com outro grupo, ele foi para Palhoça.

Continua depois da publicidade

DC – Conseguiram provar que havia comando de crimes de dentro da cadeia?

Mendes – Apreendemos cartas onde uma pessoa determina quem deve assumir. Há empresas de fachada lícitas para limpar esse dinheiro. A carta era do PGC.

DC – Em 2010 o senhor, quando era secretário, reconheceu a existência da facção no Estado publicamente (em entrevista ao colunista do DC, Rafael Martini). Três anos depois a sensação é que só agora começam a aparecer as grandes prisões relacionadas à quadrilha…

André – Eu discordo. Em 2010 transferimos vários integrantes do PGC, instauramos o primeiro inquérito que culminou na identificação dessas pessoas que foram transferidas. Disseram depois que não existia PGC, que foi ato de exibicionismo meu. Agora, depois dos incidentes, fogo em ônibus e tudo, é que se começou a manter operações permanentes para manter o controle e buscar a extinção dessa organização.

Continua depois da publicidade

DC – Há riscos de atentados no Sul?

André – Não estamos em situação que possa haver atentado. Estamos nos mantendo sempre alerta e investigando bem mais quem poderia estar substituindo, quem foi preso, e isso tem gerado situação de controle e constantes prisões. Aqui foram identificados pela prática de quatro atentados (um deles fogo em carro).