Por onde passa em Florianópolis, Claudio Ibraim Vaz Leal, o Branco, cativa as pessoas. O ídolo de uma geração de torcedores dos anos 1980 e 1990, quando reconhecido nas ruas, é sempre assediado. Na quinta-feira, ao chegar a um dos cartões-postais de Florianópolis a Praia do Meio, em Coqueiros para conceder entrevista ao Diário Catarinense, ele foi rapidamente identificado por um torcedor:
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– E aí, Branco! Vamos ganhar domingo (da Chapecoense)? A gente acredita em você.
Anônimos que, muitas vezes, torcem por outros times, mas sabem idolatrar quem já fez história. Quando desembarcou em Floripa, há cerca de três meses, Branco não imaginava alcançar tanto sucesso.
? Assista ao vídeo com a entrevista com o técnico Branco
A cidade, que hoje ele compara à italiana Gênova, onde viveu por três anos, trouxe energias positivas e o acolheu de braços abertos. Prova disso é o carinho demonstrado pelos fãs, especialmente os alvinegros, que não cansam de elogiá-lo.
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– Eu já viajei o mundo inteiro, conheço muitas cidades, mas Floripa é hours concours. Todo lugar é lindo, e as pessoas, muito educadas – diz, sem esconder a sua nova paixão.
Sem residência fixa ainda – está à procura de um apartamento para morar com o filho Stephano, de 17 anos -, Branco curte a cidade do seu jeito. Nos momentos de folga, vai até a casa da irmã, Maria Gorete, que mora em Jurerê. Casado há 26 anos com a advogada carioca Stella, Branco não terá a companhia da mulher e da filha, Chiara, 15, que continuarão no Rio. Mas o sacrifício vale a pena.
Pelo menos, os parentes de Bagé (RS) – três irmãos e o pai, Ibraim, de 83 anos – vêm visitá-lo. Seu Ibraim foi um dos últimos a conhecer o clube treinado pelo filho, há cerca de duas semanas. Quando sobra um tempinho, Branco viaja para o Sul e se diverte com os 11 cães vira-latas que mantém na casa do pai.
É dessa forma simples que o técnico espera crescer e repetir a receita de sucesso de profissionais como Muricy Ramalho, Dorival Júnior e Jorginho, que ganharam projeção no Figueirense e em Florianópolis.
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Branco tem um estilo próprio. Dificilmente sai do sério e procura tratar os jogadores de forma igual, sem broncas exageradas. O futebol ensinou Branco a ser tolerante e ter jogo de cintura. Postura de quem conhece os atalhos e planeja ficar para sempre na história da torcida alvinegra.
Bate-papo
Sentado em uma mesa com um tabuleiro de xadrez pintado em preto e branco, na Praia do Meio, em Coqueiros, o técnico Branco conversou, na última quinta-feira, com o Diário Catarinense.
Usava calça jeans e camisa social nos tons do Figueirense. Cuidadoso, o treinador falou sobre a carreira, o time e os planos.
DC – Treinador estreante, você imaginava sucesso tão rápido?
Branco – Se eu falar que sim, estarei mentindo. Esperava um processo um pouco mais trabalhoso. Não é fácil assumir um clube como o Figueirense, que fez uma campanha tão boa no Brasileiro com o Jorginho, revelando jogadores. As coisas estão acontecendo. Tenho um staff muito bom, que me dá suporte.
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DC – Você esperou mais de 10 anos para iniciar a carreira como técnico. O que houve? Não se sentia pronto?
Branco – Muitos amigos diziam que eu deveria ter tomado essa decisão (de treinar um clube) antes. Acho que não. Tudo na vida tem o seu momento. Antes de assumir qualquer coisa, você precisa ter uma base, um alicerce. Foi o que eu fiz. Fiquei dois anos me preparando, fazendo cursos na Fifa, viajando muito. Tenho as minhas ideias, o meu conceito.
DC – Você já conhecia Florianópolis. A receptividade o surpreendeu?
Branco – Aqui é uma cidade onde o cara bebe água e fica. Vários jogadores vieram de fora e compraram casa e apartamento em Floripa. Onde você vai é belo. E tem o diferencial do povo, com uma cultura europeia. São pessoas muito educadas. Quem não gosta de Floripa é porque não tem bom gosto. O Brasil inteiro adotou a cidade como point.