O presidente da Casan, Dalírio Beber, conversou com o Diário Catarinense na segunda-feira. Ele afirmou que a venda de ações da companhia está em stand by e será retomada quando a empresa estiver fortalecida financeiramente. Quando perguntado sobre um projeto para diminuição de diretorias da companhia, Beber comentou que há um estudo em andamento sobre mudanças na estrutura da Casan.
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Confira a entrevista:
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Diário Catarinense – Como está o projeto de vender parte das ações da Casan para um parceiro privado?
Dalírio Beber – Por enquanto está em stand by em função da necessidade de fazer alguns ajustes para tornar essa operação mais favorável à empresa. Com relação ao valor que seria levado ao mercado.
DC – A empresa chegou a fazer a valoração das ações e esse valor foi insatisfatório?
Beber – Tínhamos algumas questões a serem resolvidas, que estão sendo equacionadas. Aí, sim, faremos uma valoração definitiva. Exatamente para não correr o risco de colocarmos a venda parte da empresa a qualquer preço. Permanece a intenção de buscar recursos e também expertise em nível de gestão. A proposta continua como foi encaminhada à Assembleia. No entanto, nós estamos preocupados e atentos para que o governo só busque essa oportunidade no mercado quando puder tirar maior proveito dessa operação.
DC – Foi feita a análise do valor da companhia hoje no mercado?
Beber – A gente tem indicativos que não recomendam essa operação neste momento.
DC – Seria um valor de mercado de cerca de R$ 240 milhões?
Beber – Nunca vi esse número.
DC – É mais?
Beber – Não vamos divulgar isso. No momento em que formos divulgar essa operação no mercado, com certeza os números serão apresentados, uma vez que será feito através da Bolsa de Valores. Não tem como ser diferente. Será a operação mais transparente possível. Hoje, especular valores não contribui em nada para levar a operação a bom termo. Muito mais do que isso. Não vale para a própria operação da Casan, que hoje tem a responsabilidade de responder pelo serviço de água em mais de 200 cidades de Santa Catarina. Não seria bom nem para a empresa, nem para o Governo do Estado e nem para a população nós ficarmos especulando sobre o valor. No momento certo, nós vamos contratar uma ou duas empresas para fazer a avaliação. Sobre esse valor x, o governo como controlador pode dizer ‘queremos x+y”.
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DC – Mas existe a percepção de que a empresa precisa se fortalecer antes da venda de ações?
Beber – Exatamente. Uns ajustes para que o negócio traga os recursos que a Casan precisa.
DC – Qual o plano de ação da companhia para esse fortalecimento?
Beber – Temos hoje contratos de financiamento com a Caixa, com a agência japonesa, para cujos recursos temos a contrapartida. Não dependemos deste recurso (da venda de ações) para que este plano de investimento aconteça. Mas se pensarmos na universalização do serviço de água e do tratamento sanitário vamos chegar a algo em torno de R$ 7,5 bilhões. Portanto, temos R$ 1,5 bilhão, mas precisamos de R$ 6 bilhões.
DC – Nesse contexto entra a injeção de R$ 200 milhões que o governo está realizando…
Beber – Exatamente.
DC – Essa operação de venda de ações da Casan não acontece, então, ainda este ano, no mandato do governador Raimundo Colombo?
Beber – É bem provável que não. Estamos fazendo os ajustes. A qualquer tempo ela pode acontecer, porque temos a autorização. A oportunidade, o governo que vai analisar.
DC – Os projetos que permitem a operação foram aprovados na Assembleia Legislativa em regime de urgência ainda em 2011. Parecia uma necessidade imediata. Foram os financiamentos que tornaram a necessidade menos urgente?
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Beber – Não, absolutamente. Se nós pudéssemos vislumbrar a possibilidade de realizar um bom negócio para o Estado, com certeza o governo teria levado a cabo. No entanto, as primeiras análises mais aprofundadas sobre o valuation recomendaram que algumas providências fossem antes executadas para permitir que lá na frente o Estado alcance um resultado melhor. Vencidas essas etapas, pode até ser que o governo dispense isso (a venda das ações).
DC – Existe uma crítica à partidarização da gestão da Casan. É uma crítica pertinente?
Beber – Gostaria que vocês fizesse essa pergunta aos funcionários concursados que estão no dia-a-dia dividindo conosco a responsabilidade de levar a bom termo a questão do saneamento no Estado. Eu sou suspeito.
DC – Existe algum projeto de diminuição no número de diretorias?
Beber – Nós fizemos uma mexida no primeiro ano, quando baixou o número de diretorias. Estamos agora com um estudo em andamento que visa mais uma mexida na estrutura com o objetivo de adequar a uma nova realidade que nós imaginamos ser necessária para a empresa daqui para frente.