A reincidência da febre aftosa no Paraguai volta a deixar o Rio Grande do Sul em estado de alerta.

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Como medida de defesa, o serviço veterinário gaúcho vai retomar a partir de quarta-feira a fiscalização do trânsito de animais, veículos e produtos que podem transportar o vírus.

Diretor de sanidade animal do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC) e membro do Grupo Interamericano para a Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), o veterinário Sebastião Guedes revela que informações recebidas de pecuaristas paraguaios indicam que o país vizinho não teve apenas um foco de febre aftosa em setembro do ano passado, como sustentavam as autoridades locais.

Zero Hora – Qual é o grau de preocupação com este novo foco?

Sebastião Guedes – É grande. Houve aquele caso de setembro, eles garantiram que a situação estava controlada. Mas as informações que temos são de que existem muitos focos no Paraguai.

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ZH – De quem é a informação?

Guedes – São informações esparsas que os paraguaios nos dão. Lá, em novembro e começo de dezembro, diziam que havia mais focos. Essas informações vêm de produtores.

ZH – Os focos seriam só no departamento de San Pedro ou o vírus teria se alastrado mais?

Guedes – Eles falavam que era nesse departamento. Que havia muitos focos em muitas fazendas e que as autoridades paraguaias conseguiram debelar tudo como se fosse um só foco.

ZH – Mas hoje há outros focos?

Guedes – Em dezembro, fontes oficiosas paraguaias diziam que havia novos focos. E as autoridades paraguaias prometeram averiguar com transparência. E ontem (segunda-feira) eles confirmaram (um novo caso).

ZH – O dono da propriedade onde foi detectado o problema disse na sexta-feira que os animais tinham sintomas havia 26 dias.

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Guedes – Então estas informações batem com aquelas que tínhamos no início de dezembro, em que setores ligados a produtores diziam que havia mais focos no Paraguai.

ZH – O que falta para um trabalho melhor no Paraguai?

Guedes – O problema maior é conscientização do produtor. Não só do Paraguai, também da Bolívia. Se for o caso, o Brasil tem de agir como os EUA nos anos 1950, quando foram responsáveis pelo controle da aftosa no México e no Canadá. Acabaram pagando. Da mesma forma, temos de ajudar Paraguai e Bolívia para acabarmos com essa repetição de focos.

Veja localização aproximada do foco da doença no Paraguai:

Em linha do tempo, relembre a cronologia do combate à febre aftosa: