Há 52 anos, uma cabeleireira de Joinville faz a cabeça de muita gente importante na cidade. Entre os clientes fiéis de Ivone Degracia estão políticos, formadores de opinião, empresários, médicos e muitas damas da alta sociedade joinvilense.
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Autodidata, Ivone conta que nunca fez nenhum curso para aprender o ofício, que ela considera um dom divino, que se manifestou muito cedo. Com apenas 13 anos, Ivone já havia começado a trabalhar como cabelereira. Nascida em uma família de 18 irmãos, ela conta que começou atendendo a família e vizinhos. Logo depois, surgiu a oportunidade de trabalhar em um salão renomado na cidade: o Tião Cabeleireiros.
A parceria foi duradoura, quase 50 anos, mas há seis meses, depois de passar por uma perda na família, ela decidiu voltar às origens e atender a clientela apenas no salão que ela sempre manteve na casa onde mora, na rua das Violetas, 191, no bairro Boa Vista.
– No fim do ano passado, minha irmã, Maria Degracia, recebeu a notícia de que estava no estágio terminal de um câncer de pulmão, e morreu 22 dias depois do diagnóstico -, conta.
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Segundo Ivone, a notícia repentina a fez repensar sua vida.
– Decidi trabalhar em casa, perto da família, fazendo meus próprios horários -, diz.
E a mudança deu certo.
– Lembro como se fosse hoje. Saí do salão no sábado, às 15 horas, e às 18 horas dez clientes já haviam me procurado, em casa, para marcar hora -, diz.
– É claro que nem todos já me encontraram aqui, no novo endereço, mas muitos que há mais de 40 anos só cortam o cabelo comigo continuam sendo meus clientes -, comenta.
Afinal, o vínculo entre o cliente e o cabelereira vai muito além do simples cuidado com o cabelo.
– Sou um pouco psicóloga, médica, conselheira -, brinca.
Mais do que isso, Ivone é uma amiga dos clientes, que a procuram não só pela garantia de um serviço bem feito, mas a certeza de uma boa conversa.
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– Eles sempre dizem que adoram vir aqui, conversar, e sabem que podem confiar. O que é falado aqui, morre aqui.
Ivone, que tem um filho e um neto, também gosta de compartilhar um pouco da própria experiência, e se diz satisfeita por poder participar da vida dos clientes, acompanhar momentos felizes, do namoro e do casamento, ao nascimento dos filhos e netos. Afinal, aos 65 anos, mais de 50 deles dedicados à profissão, ela já está cortando os cabelos da terceira geração de muitas famílias joinvilenses.