Em entrevista divulgada na quarta à noite pela TV Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou a decisão do Federal Reserve, o banco central norte-americano, que reduziu na terça-feira os juros para 0,25% ao ano e afirmou que “há espaço” para se reduzirem os juros dos financiamentos no Brasil.

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O ministro da Fazenda fez a ressalva de que não falaria sobre aumento ou redução da taxa básica (Selic) de juros, porque está é de responsabilidade do Banco Central, mas lembrou que existem “várias taxas de juros no Brasil” e declarou que é necessária uma redução do custo financeiro no país.

– O Brasil tem um espaço para atuar que os Estados Unidos não têm. ê importante lembrar que existem várias taxas de juros no Brasil: a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), usada nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que está abaixo da inflação, a dos financiamentos agrícolas, que variam de 2% a 6,75% ao ano, a Selic, que responde por 40% do crédito no país, e os juros do spread bancário, aquilo que as instituições financeiras acrescentam em relação ao custo de captação.

Mantega disse que os juros dos financiamentos privados já estão caindo depois da alta registrada em outubro e afirmou que o governo está “fazendo todo o esforço para continuar reduzindo essas taxas.”

Observou que a TJLP, a taxa que financia os investimentos, foi mantida em 6,25% ao ano, “no menor nível desde a sua criação”, o que reforça, segundo o ministro, o compromisso do governo de estimular os investimentos, “que neste ano têm crescido em torno de 20% ao ano no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.”

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O ministro lembrou que já foi reduzido o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito a pessoas físicas para 1,5% ao ano e afirmou que isso “terá implicação sobre os juros.” Comentou que os governistas estão tentando aprovar, na Câmara dos Deputados, o projeto do cadastro positivo, que permitirá a divulgação de listas dos bons pagadores. Afirmou ainda que os bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, “que tinham reajustado as taxas, já estão com juros menores.”

– Este governo está apostando nos investimentos, que cresceram 10% em 2006, 13% em 2007 e devem fechar o ano com alta de 15% – declarou o ministro.

Ao comentar o fato de que os juros nos EUA estão agora oscilando zero e 0,25%, Mantega disse que a redução foi “quase uma medida de desespero”:

– Hoje, os Estados Unidos estão bastantes diferentes do Brasil, com desemprego em alta e crescimento em queda. Eles estão praticamente em recessão e estão reduzindo os juros e usando todas as políticas possíveis para reverter esse quadro. Essa é a medida correta, mas também é quase uma medida de desespero, porque os juros reais ficaram negativos. O momento exige pragmatismo econômico, e a redução dos juros é correta no sentido de que todas as medidas são válidas neste momento para reativar a economia.

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