Janga, como é conhecido João Joaquim Teixeira, de 76 anos, cresceu junto do mar, em Barra Velha, mas foi em Joinville que decidiu iniciar seu próprio negócio, há 50 anos.

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Com conhecimento no ramo de pescados, além da experiência como pescador, achou que seria um bom investimento ter uma peixaria na cidade, com cenário promissor e localização estratégica.

No dia 5 de outubro de 1962, abria as portas daquela que seria a matriz das 13 unidades da Peixaria da Barra – incluindo as de Barra do Sul e Enseada – no número 74 da rua Santa Catarina, no bairro Floresta. O segredo, conta Janga, foi muito trabalho e amor pelo que faz e isso ele tinha de sobra.

– Não foi um mar de rosas, não tinha experiência comercial, então o começo foi difícil.

Apesar da falta de conhecimento em administração, ele sabia como ninguém escolher o pescado e sempre se preocupou com a qualidade dos peixes e frutos do mar vendidos em seu balcão. Assim, acabou atraindo uma clientela fiel e consolidou a fama.

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– Nunca fui dormir antes da meia-noite e acordava todo dia às 4 da manhã – relembra.

A intensa rotina de trabalho incluía viajar diariamente para as praias da região, como Barra do Sul, Barra Velha, São Francisco do Sul, Piçarras e Armação, entre outras, para trazer o pescado fresco para Joinville.

– Às vezes, trazia 20 carros de variedade de peixes (o equivalente a cerca de 30 toneladas), sem contar o que a gente recebia – acrescenta.

Parte da carga também era despachada de trem para São Bento do Sul. A peixaria sempre foi e continua sendo uma empresa familiar. Enquanto seu João saía para comprar o pescado na época em que inaugurou o estabelecimento, a mulher, Maria Matheus Teixeira, cuidava do atendimento.

Por isso, os cinco filhos do casal, Gilmar, Gilberto, Gibaldo, Tania e Josicleide, cresceram junto com a peixaria fundada pelo pai e desde cedo ajudaram a construir e ampliar o negócio. Naturalmente, assumiram as unidades da Peixaria da Barra espalhadas pelos bairros joinvilenses e, agora, a terceira geração da família também começa a administrá-las.

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Todo esse tempo à frente da peixaria rendeu a Janga uma coleção de boas histórias. Uma delas é a do peixe gigante que caiu numa rede de pesca no litoral catarinense e foi trazido por ele para Joinville.

– O peixe não era nacional, se perdeu no mar e veio parar aqui. Ele pesava 1,3 mil quilos – conta.

Segundo Janga e o filho Gilmar, quando chegaram na peixaria precisaram chamar uma retroescavadeira para içar o peixão e bater uma foto para registrar o momento.

– Teve gente do interior do Paraná que veio até aqui pra ver o peixe – comenta Gilmar.

– Fecharam o trânsito aqui na rua porque todo mundo queria ver, até chamaram a polícia porque ninguém conseguia passar com tantos carros – acrescenta Janga.

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Outra atração que literalmente parava o trânsito da rua Santa Catarina eram as promoções de tainha. Ele e o filho contam que, certa vez, o gerente de uma agência bancária localizada ao lado foi à peixaria pedir que mudassem o sentido da fila que, de tão extensa, bloqueava a entrada do banco.

Agora, Janga tem mais tempo para compartilhar todas essas lembranças, reunidas ao longo de meio século comandando o negócio. Desde o início deste ano, ele desfruta da vida de aposentado ao lado de dona Maria, em Balneário Barra do Sul. Depois de muitos e árduos anos de trabalho, os dois voltaram para perto do mar.