Há exatos 30 anos, morria o maior músico catarinense de todos os tempos. Luiz Henrique Rosa voltava de mais uma noite de trabalho no Armazém Vieira, em Florianópolis, quando a Variant dirigida por ele foi atingida por uma Kombi que invadiu a pista contrária. Levado ao Hospital Universitário, o artista morreu aos 47 anos. Para marcar a data, seus herdeiros lançam hoje o site oficial – luizhenriquerosa.com -, com a discografia do cantor e compositor disponível para audição e compra, incluindo o inédito Girassol (capa abaixo).
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– São cinco músicas que meu pai tinha gravado em Curitiba em 1979: a faixa com que batizamos o trabalho, Xangô, Feijão com Arroz, Honey Baby e uma versão diferente de Dawn Comes Again – explica o nutricionista Raulino Rosa, 34 anos.
Os planos do filho para que a obra paterna – da qual a maior parte está fora de catálogo ou permanece sem edição nacional – seja mais (re)reconhecida não param por aí. Além de tentar resolver questões relativas a direitos autorais em recente viagem aos Estados Unidos, Raulino pretende sugerir um show com bandas locais cantando Luiz Henrique na reinauguração do Mercado Público da Capital, cujo vão central leva o nome dele.
Todos os direitos reservados
Enquanto com meia dúzia de cliques na internet é possível importar CDs de Luiz Henrique do Japão, no mercado brasileiro não há nenhum título do artista. Nem o primeiro LP, único lançado no país, em 1963, foi reeditado novamente por aqui. Em contato com a filial americana da gravadora Universal (atual detentora da Philips, Fontana e Verve, selos pelos quais o músico passou), Raulino começou a desenrolar essa situação. ?
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– Já mandamos a eles documentos como atestado de óbito e certidões dos herdeiros para termos acesso aos contratos – conta ele. ?
Só a partir daí a família poderá receber direitos autorais sobre a obra de Luiz Henrique, tanto de discos quanto de execução pública ou de licenciamento de canções. Para se ter uma ideia do que isso representa, um comercial da marca de computadores Acer veiculado em 2013 na China usou a interpretação de Luiz Henrique para Mas Que Nada sem pagar nenhum tostão aos herdeiros.
Um artista em quatro tempos
1957-62: Após participações no programa Bar da Noite, apresentado todas as quintas pelo poeta Zininho na rádio Diário da Manhã, Luiz Henrique começa a interpretar sucessos de Elvis Presley e outros astros da música americana na emissora.
1962-64: A convite do produtor Armando Pitigliani, da Philips, muda-se para o Rio. Em solo carioca, enturma-se com o pessoal da bossa nova e estreia com o compacto Garota da Rua da Praia, seguido do LP A Bossa Moderna de Luiz Henrique.
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1964-71: A reboque da invasão da bossa nova aos EUA, embarca para Nova York, onde sua carreira deslancha. Apresenta-se nas maiores cidades do país, excursiona com Stan Getz no Japão, tem músicas gravadas por gente grande como Harry Belafonte e Liza Minelli e lança sete discos.
1971-85: De volta a Florianópolis, o tubaronense de nascimento e manezinho de coração faz de tudo um pouco. Cria sua própria gravadora, a Itagra, pela qual lança o compacto com o Hino do Avaí e o disco Mestiço. Comanda um programa na TV Cultura e escreve no pasquim Galera da Ilha. Traz Liza Minelli para curtir o carnaval na cidade. Compõe a Sinfonia de Santa Catarina com o amigo Hermeto Paschoal.
No balanço do mar
Se um dia for lançada uma coletânea de Luiz Henrique Rosa, não podem faltar as seguintes músicas:
01 Se o Amor é Isso
02 Balanço do Mar
de A Bossa Moderna de Luiz Henrique (1963)
03 Listen to Me
04 If You Want to Be a Lover
05 Alicinha
de Barra Limpa (1967)
06 Blue Island
07 Florianópolis
de Popcorn (1967, gravado em parceria com Walter Wanderley)
08 Never Ever Leave me
de Bobby, Billy & Brazil (1967, gravado em parceria com Bobby Hackett e Billy Butterfield)
09 Dawn Comes Again
10 Barra Limpa
de Finding a New Friend (1968, gravado em parceria com Oscar Brown Jr.)
11 Jandira
12 Sonhar
de Mestiço (1975)