Um no leito de um hospital, outro em seu próprio ateliê. Poucas horas de diferença marcariam a partida de dois grandes nomes para a arte joinvilense. Luiz Henrique Schwanke e Harry Laus eram próximos na vida, e assim foram até a morte. A partir daquele 27 de maio de 1992, uma série de coincidências cobririam como uma nuvem negra a cena artística da cidade.

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Os primeiros a receberem a notícia do fim da luta do escritor e crítico de arte Harry contra um câncer no pulmão mal poderiam imaginar que na noite do mesmo dia a família de seu amigo Schwanke, com 40 anos e em plena atividade, o encontraria sem vida por uma livre escolha. Joinville ficava, assim, sem um destaque nacional na arte contemporânea e sem o amigo que deu apoio a diversos artistas enquanto diretor do Museu de Arte de Joinville (MAJ).

Mestre na Casa da Cultura, pai de uma menina de dez anos, artista reservado diante o grande público e um exímio desenhista para a crítica, Hamilton Machado cabia em vários papéis. Ausente desde 26 de agosto do fatídico ano, deixou além de uma farta obra a dor para a família e amigos. Acumulado com a despedida de Schwanke e Harry, a morte repentina no artista de pouco mais de 40 anos inflamou a ferida que já se encontrava aberta.

O escultor Mário Avancini, que a tudo acompanhou, sofreu a cada partida, ainda mais por Hamilton, o qual considerava um filho e o tinha como parceiro inseparável pelos corredores da Casa da Cultura. Encontrou o mesmo fim em menos de três meses. No hospital, pediu, cansado da vida, uma partida forçada com o desligamento dos aparelho. Não foi preciso. Veio a óbito também naquele 1992.

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Quatro talentos, cada qual com sua singularidade, deixaram uma lacuna ainda não preenchida. Tão diferentes entre si, impedem qualquer semelhança, além do fato de terem gozado da mesma efervescência artística dos anos 1980.

Impossível não lembrar também que em março do mesmo ano, teve fim a vida de escritora e pesquisadora em artes plásticas Silvia Heinzelmann. Mesmo tão jovem – 37 anos – deixou importante legado. Dias antes de morrer, já debilitada, fez questão de lançar o primeiro livro biográfico do artista alemão Fritz Alt. Chegou ao evento no Museu Casa Fritz Alt de ambulância.

– Mesmo frágil, ela autografou mais de cem livros. Estava tão feliz que parecia ter se renovado – conta Marina Mosimann, que na época era diretora do Museu de Arte de Joinville (MAJ).

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A passagem de tempo de 20 anos não foi suficiente para o esquecimento. Mais vivos do que nunca estão os trabalhos desses quatro artistas dos pincéis, pedras, lápis e palavras, e na mente de conhecidos seus últimos dias ainda estão latentes. “Anexo” lembra das memórias de amigos e parentes daqueles que marcaram a arte joinvilense e deixaram saudades.

Luz e silêncio

Vida em diário

Despedida prematura

Força e simplicidade