O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu nesta quarta-feira que retirem o bloqueio israelense e egípcio imposto na Faixa de Gaza, local de “uma das crises humanitárias mais dramáticas” que já conheceu.
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“Estou profundamente comovido por estar hoje em Gaza e ser, infelizmente, testemunha de uma das crises humanitárias mais dramáticas que jamais vi em inúmeros anos de trabalho humanitário nas Nações Unidas”, declarou o responsável.
Guterres, que foi alto comissário da ONU para os Refugiados entre 2005 e 2015, fazia sua primeira visita ao território palestino desde que assumiu o cargo, em janeiro passado.
“É importante abrir as barreiras”, conforme a resolução 1860 adotada em 2009 pelo Conselho de Segurança da ONU em pleno confronto armado entre o movimento islamita Hamas, que governa sozinho na Faixa de Gaza desde 2007, e Israel, afirmou Guterres.
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O entorno de Guterres confirmou que ele tinha em mente os bloqueios impostos por Israel e Egito ao enclave, situado entre estes dois países e o Mediterrâneo.
Guterres também pediu à comunidade internacional para reforçar o apoio humanitário à Faixa de Gaza e indicou que ordenou o desbloqueio imediato de quatro milhões de dólares para as atividades da ONU no território.
– ONU, ator fundamental –
Desde 2007 ocorreram três guerras com Israel na Faixa de Gaza. Há 10 anos a região está submetida a um rigoroso bloqueio por este país, que defende que a medida serve para impedir que o Hamas – classificado como um grupo “terrorista” – execute ataques contra o seu território.
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Além disso, o Egito mantém fechada de forma quase permanente a sua fronteira com a Faixa de Gaza desde 2013, após acusar o Hamas de apoiar a rebelião extremista do Sinai.
Os bloqueios asfixiam a economiza de Gaza. A taxa de desemprego alcança 42%, enquanto 80% da população se beneficia de uma ajuda, segundo o Banco Mundial (BM).
A ONU e as organizações internacionais são atores fundamentais na Faixa de Gaza, que sofre com uma escassez permanente de água e eletricidade.
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A Faixa de Gaza poderia voltar a se tornar “inabitável” antes do fim de 2020, advertiu a ONU.
Guterres destacou que, à margem da emergência em curto prazo, “a solução para os problemas dos moradores de Gaza não é humanitária”.
O responsável ressaltou a necessidade de que a Autoridade Palestina e o Hamas aproximem posições, pois suas diferenças apresentam, segundo ele, um obstáculo para a solução do conflito com Israel e a criação de um Estado palestino.
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Em 2007 o Hamas expulsou da Faixa de Gaza a Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente.
A Cisjordânia, onde fica a sede da Autoridade, e a Faixa de Gaza “fazem parte da mesma Palestina”, assegurou.
Guterres, que se reuniu com funcionários da Autoridade Palestina na terça-feira, não tinha previsto se encontrar com representantes do Hamas em virtude de uma política que restringe os contatos políticos com o movimento.
Ainda assim, o Hamas aplaudiu a sua visita “à maior prisão do mundo”, como um “sinal importante” de que estão prestando atenção ao sofrimento do povo em Gaza.
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Desde que chegou a Jerusalém, no domingo, Guterres destacou o seu “sonho” de ver um Estado palestino que coexista com Israel e criticou a colonização israelense, os confrontos e as incitações ao ódio, enquanto defendeu a imparcialidade da ONU.
* AFP