Quando passou pela cidade de Cabo Frio (RJ), em 2005, o coreógrafo da Companhia do Conservatório do Rio de Janeiro Jorge Texeira deparou com um pequeno bailarino que dançava balé com muita seriedade. O menino loiro tinha nove anos e demonstrava impressionante noção de inteligência corporal. Gustavo Mendonça dançava com graça e, quando errava algum movimento ou passo, não baixava a cabeça. Insistia na perfeição da técnica. Instantaneamente, Jorge reconheceu ali um bailarino que poderia ser destaque mundial. Gustavo e sua mãe foram convidados a morar no Rio de Janeiro.
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Hoje, três anos depois, o menino ainda conserva traços de infância no rosto, mas tem pensamentos de adulto.
– Gustavo trabalha de segunda a sábado porque já sabe qual é a sua profissão – garante o coreógrafo.
A história de Gustavo é meio parecida com a de “Billy Elliot”, o menino do filme inglês de mesmo nome que descobre o balé quando o pai o inscreve em aulas de boxe. Na história de Billy Elliot, ele troca o boxe pelas sapatilhas. Já a história de Gustavo foi com as aulas de teclado. No dia da aula, Gustavo começou a observar um grupo fazendo balé. Curioso, começou a dançar, de longe, acompanhando a aula. A professora obviamente o notou e acabou o convidando. Nem precisa ver o filme para saber o resto da história. Depois de um mês, já apresentou seu primeiro espetáculo.
– Desde pequeno eu queria ser bailarino, mais ou menos aos quatro anos – conta.
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Mas nessa idade, mesmo com tanta vontade, a cidade onde morava, Volta Redonda, não tinha balé. A mãe bem que tentou fazer o menino mudar de idéia. Ginástica olímpica, judô, natação… Nenhuma dessas atividades distraía o menino que, em todas as vezes que subiu ao palco do Centreventos, causou frisson entre a platéia.
– Eu acho legal – resume o menino de 12 anos.
Mas ele diz que isso ocorre mais em apresentações em que o Conservatório é convidado.
Já pela terceira vez no festival – nas duas anteriores, esteve no meia-ponta – um dos episódios mais significativos de sua carreira foi a apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no último dia 14.
– Havia muita gente lá. Orquestra, alguns grupos convidados. Uma apresentação dessa conta muito no currículo – avalia o jovem futuro.