Antigos companheiros de rádio e televisão, os jornalistas Alejandro Guillier e Beatriz Sánchez são candidatos à presidência do Chile e sonham em disputar o segundo turno contra o favorito Sebastián Piñera.
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Em um cenário de desconfiança a respeito dos políticos tradicionais, figuras reconhecidas como Guillier e Sánchez tentam ocupar um espaço reservado para outras profissões, como advogados, engenheiros ou médicos.
As três décadas de carreira no jornalismo de Alejandro Guillier, que foi repórter, editor chefe e apresentador dos principais telejornais do país – que fizeram dele um dos jornalistas de maior credibilidade do Chile -, prepararam o caminho para que se transformasse, aos 64 anos, no candidato com mais chances dentro da coalizão governista.
Com o governo sem um nome forte para a disputa, o jornalista superou figuras históricas da esquerda chilena, como o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006), preterido pelo Partido Socialista em favor de Guillier, estrela emergente nas pesquisas.
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Diante da intensa energia do principal candidato, o ex-presidente Sebastián Piñera, que afirma dormir apenas cinco horas, Guillier defende o ‘cochilo’, a boa comida e as longas conversas com um tom mais pausado. Muitos o acusam de falta de entusiasmo na campanha.
“As pessoas confundem, estão acostumadas com os hipercinéticos”, disse em uma entrevista recente entrevista, depois de ressaltar que foi o “único candidato que percorreu todo o Chile”.
Apesar de ter o apoio dos partidos tradicionais de esquerda, Guillier defende sua posição de “independente”. Iniciou sua carreira política há quatro anos, quando foi eleito senador pela região de Antofagasta (norte) com 37% dos votos.
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O preço de sua independência foi elevado: a disputa à presidência como candidato sem partido o obrigou a enfrentar a complexa missão de obter, com recursos privados, mais de 30.000 assinaturas reconhecidas em cartório, em um trabalho de ‘formiguinha’ em todo o país.
“Tenho que alcançar um equilíbrio muito difícil entre uma forma mais transparente e horizontal de governo e a tradição política”, disse Guillier – que estudou Sociologia antes do Jornalismo – em um encontro com correspondentes estrangeiros, para defender o que chama de “estilo cidadão”.
Casado com a antropóloga María Cristina Farga, usou durante a campanha o slogan “o presidente das pessoas”, em uma tentativa de enfatizar sua proximidades com a população, que ainda o reconhece mais por seu trabalho na televisão, onde em 2013 dividiu espaço com a agora rival Beatriz Sánchez.
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– A jornalista antissistema –
Depois de uma longa carreira nas principais rádios do país e mais recentemente na televisão – onde chegou para derrubar o padrão de jornalistas com físico de modelo -, Beatriz Sánchez aceitou a indicação como candidata à presidência pela ‘Frente Ampla’, grupo de esquerda radical dissidente da coalizão governista formada pelos antigos líderes dos protestos estudantis.
Com o argumento de que é a “ponte entre os movimentos sociais”, rapidamente chegou ao terceiro lugar nas pesquisas e virou uma personagem importante nas eleições de domingo.
Como jornalista, apresentava sua opinião, de maneira veemente, mas também amável e próxima dos entrevistados. Na campanha, Sánchez é, sem dúvida, a mais sorridente e entusiasmada entre os oito candidatos à presidência do Chile.
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“Sem uma mudança, sem uma reflexão, o país está repleto de raiva e de medo”, advertiu recentemente.
Abertamente feminista, Sánchez, de 46 anos, é favorável à legalização do aborto seguro para todas as mulheres, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, a um papel maior do Estado na educação e saúde, assim como ao fim das administrações privadas de fundos de pensões. Também deseja a presença do Estado na questão das aposentadorias.
De acordo com as pesquisas, um dos jornalistas deve disputar o segundo turno com o favorito, o bilionário de direita Sebastián Piñera, que tem 34,5% das intenções de voto. Guillier aparece com 15,4% e Sánchez com 8,5%.
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* AFP