Com a ameaça de ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer coloca um ex-ministro da Corte no Ministério da Justiça. A uma semana do julgamento da chapa Dilma-Temer, Torquato Jardim, especialista em Direito Eleitoral, substitui Osmar Serraglio (PMDB-PR), que durou três meses no cargo e deve assumir a Transparência, antigo posto de Torquato.

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Além do TSE, a mudança mira a Lava-Jato. Advogado e professor, com formação sólida e boas relações no meio jurídico, Torquato oferta o trânsito nos tribunais superiores e na Procuradoria-Geral da República (PGR) que faltava a Serraglio, deputado de baixo clero levado à Esplanada pela bancada do PMDB. Ele também tem estofo para questionar ações da PGR e retomar a influência sobre a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça.

Nome de confiança de Temer, chamado para a Transparência quando Fabiano Silveira apareceu em grampo auxiliando Renan Calheiros (PMDB-AL) a driblar a Lava-Jato, Torquato ganha nova tarefa. Precisa ser o ministro forte que Serraglio não foi. Temer quer barrar surpresas nas investigações e ampliar o diálogo no TSE e STF. Escala um especialista em matéria eleitoral para defender a separação da chapa com Dilma e para ajudar a costurar a estratégia que visa, no mínimo, postergar a decisão do TSE. O presidente fortalece mais um interlocutor para apelar à “consciência política” do tribunal, destacada na conversa gravada com Joesley Batista no Jaburu. A conferir se tal consciência existe ou se foi bravata de Temer no diálogo com o “falastrão” da JBS.

Torquato Jardim é o sexto ministro da Justiça desde fevereiro de 2016. Sinal dos tempos de crise política.

Aceno

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O Planalto monitora a eventual delação do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Por isso, o convite para Serraglio assumir o Ministério da Transparência, o que garante foro privilegiado ao ex-assessor de Temer, que aceitou R$ 500 mil da JBS. Parlamentares afirmam que Loures não tem “vocação para Zé Dirceu”.

Parla

Em palestras, Torquato já criticou a duração de prisões provisórias da Lava-Jato. Ao Correio Braziliense, na sexta-feira, apostou em pedido de vista no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

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