Teori Albino Zavascki foi um ministro de postura exemplar. Em tempos de atritos entre os poderes, a discrição e o senso de repercussão de suas decisões tomadas no Supremo Tribunal Federal (STF) ficam como legado do magistrado que partiu de forma trágica.

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Com a visibilidade decorrente da relatoria da Lava-Jato, mantinha rotina simples, distante dos badalados jantares oferecidos no mundo jurídico da Capital. Enquanto colegas se metiam em discussões pela imprensa, Teori só falava nos autos, como manda a legislação. Se alguns colegas praticavam o pugilismo verbal no plenário da Corte, ele proferia seu voto sem exaltações.

Catarinense que fez a carreira jurídica no RS, o ministro manteve seu estilo sóbrio por quase três décadas de magistratura, uma trajetória iniciada em Porto Alegre em 1989, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e chegou a Brasília em 2003, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em novembro de 2012, tomou posse no STF. Indicado para as cortes por presidentes petistas, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Teori não agradeceu a escolha com a toga. Conseguiu manter a independência que se espera de um titular do Supremo. Autorizou a prisão do então senador Delcídio Amaral (MS) e deu uma carraspana no juiz Sérgio Moro por divulgar os áudios das conversas entre Lula e Dilma.

A morte de Teori é um baque. Deixa todos atônitos pelo acidente e pela decisão que ele estava prestes a tomar. O ministro deveria homologar em fevereiro a delação da Odebrecht, capaz de abalar os alicerces da República. Em breve, haverá um substituto para o catarinense. Que ele tenha no magistrado um espelho. Fará falta ao Supremo o temperamento sério e sóbrio de Teori.

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